Com a inflação galopante, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por uma alta de 1 ponto porcentual na Selic (a taxa básica de juros) nesta quarta-feira (16). A taxa subiu de 10,75% para 11,75% ao ano, conforme previa o mercado financeiro. Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude.
Foi o novo movimento consecutivo dos juros, após o BC cortar a taxa básica à mínima histórica (2%) em meio à pandemia de Covid-19. Nas sete reuniões anteriores, o BC havia subido a taxa em 0,75 ponto porcentual em três ocasiões, em 1 ponto nos encontros de agosto e setembro, e em 1,5 ponto em outubro, dezembro, fevereiro.
A taxa está, portanto, no maior nível do governo Jair Bolsonaro. Quando o presidente chegou ao poder, a taxa Selic estava em 6,50%.
A Selic é a taxa de juros básica do Brasil, ou seja, é a referência usada para o pagamento da dívida pública pelo governo. Ela também influencia as demais taxas de juros dos bancos e altera a rentabilidade de algumas aplicações financeiras como a poupança e outros investimentos mais conservadores.
A taxa é usada pelo Banco Central como ferramenta para controlar a inflação, já que a alta ou a queda dos juros influencia o consumo das famílias e a tomada de crédito no país. E essa missão não é fácil: o comitê luta para trazer uma inflação de 10,54% ao ano para a meta de 3,5% em 2022.
Em linhas gerais, quando a inflação está alta, aumentam-se os juros para reduzir o consumo e forçar uma queda nos preços. Quando a inflação está muito baixa, o Banco Central reduz a Selic para estimular o consumo.
O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.
O Copom destacou que, no cenário externo, o ambiente se deteriorou substancialmente. "O conflito entre Rússia e Ucrânia levou a um aperto significativo das condições financeiras e aumento da incerteza em torno do cenário econômico mundial", diz a ata.
Já em relação à atividade econômica brasileira, a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2021 apontou ritmo de atividade acima do esperado. Porém, a inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente.
O Comitê ressaltou ainda que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções.
"Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo dos seus cenários. Por outro lado, políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país."
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