Fim de ano chegando e o bolso de quem tem filho em idade escolar já começa a pesar só de imaginar os reajustes que chegarão com o próximo período letivo. As escolas particulares da Grande Vitória já estão adequando o valor das suas mensalidades para o calendário de 2020. Em alguns casos, o valor das parcelas mensais pode ser até 6,5% maior do que o do ano anterior.
O reajuste na educação particular está bem acima da previsão de inflação projetada pelo Banco Central para 2019 (3,44%). Na comparação com os dados estaduais, a diferença entre os números é ainda maior. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, a inflação na Grande Vitória foi de 1,72%.
A Gazeta procurou algumas unidades de ensino da Grande Vitória para saber se haveria reajuste e de quanto seria. Segundo as instituições, o aumento das mensalidades acompanhou o crescimento das suas despesas. Algumas escolas ainda não comunicaram aos pais sobre os valores para o ano letivo de 2020. Outras não terão mudança na mensalidade, porém vão retirar descontos concedidos. Já nas que resolveram aplicar o aumento, o percentual deve girar entre 3,5% e 6,5%.
Dados do IBGE mostram que o custo médio da educação subiu 2,93% no acumulado até setembro deste ano, na Grande Vitória. Para o doutor em economia e professor de macroeconomia da Fucape, Newton Paulo Bueno, a inflação no geral está muito baixa em todo o país. Porém a educação e saúde se descolam do panorama geral. Esses dois itens foram os que tiveram o maior aumento percentual ao longo de 2019: saúde com 4,33% e educação com 4,43%.
A hipótese principal para isso é que as pessoas quando estão com menor poder econômico tendem a retirar seus filhos das escolas privadas e a cancelar seus planos de saúde, buscando os serviços públicos. Com isso, o rateio dos custos precisará ser feito por um número menor de alunos. Então, há uma sobrecarrega dos que permanecem na rede privada, culminando nos reajustes. Mas ainda tem que considerar os aumentos de custos com as instituições de ensino, explica.
De acordo com o Sindicato das Empresas Particulares de Ensino (Sinepe), as escolas particulares do Espírito Santo não trabalham com um percentual fixo definido, tendo em vista que cada escola tem seus custos diferenciados.O que o sindicato faz é orientar as instituições quanto à recomposição dos custos para que o valor final fique justo tanto para a escola, quanto para o cliente que paga a mensalidade, afirmou, em nota.
O diretor financeiro do Centro Educacional Primeiro Mundo, Eduardo Regis Cardoso, explica que o centro de custos da escola de Vitória aumentou e, por isso, foi preciso repassar as despesas aos pais. A mensalidade aumentou 6,5%. A conta de energia mais do que dobrou e a de água subiu, e também teve o reajuste salarial dos professores. Caso os pais optem pelo pagamento à vista, damos um desconto de 7% do valor do ano, conta
Conforme dados da convenção coletiva dos professores, houve um incremento de 4% nos salários para as modalidades de ensino de educação Infantil, fundamental, médio e técnico.
Alair Bento dos Santos, diretor do Marista de Vila Velha, explica que as mensalidades da instituição tiveram reajuste de 6% devido a investimentos feitos. Esse aumento foi, de certo modo, muito bem acolhido pelas famílias. Neste ano superamos os números de matrícula do ano passado para o período, comenta.
Outras instituições também disseram que terão aumento como Salesiano (4,75%) e Crescer PHD (6,3%), ambos de Vitória, e UP (5,7% ), que tem unidades em toda a Grande Vitória.
Walter dos Reis Saffier, proprietário do COC Lusíadas, de Cariacica, resolveu adotar uma estratégia diferente. Ao invés de reajustar o valor da mensalidade, cortou descontos que os alunos recebiam quando eram transferidos de outras escolas ou por indicarem um amigo para estudar na instituição.
Chegou um momento em que não poderíamos mais aplicar esses descontos. Todos os pais passarão a pagar a mesmo valor por segmento. Os responsáveis pelos alunos reconheceram e entenderam essa elevação no preço da mensalidade. Começamos o processo de matrícula em agosto e 70% dos nossos alunos decidiram ficar na nossa escola, explica.
Já no Ceic, de Vila Velha, a mensalidade vai aumentar 3,5% em 2020. O percentual foi o menor do levantamento feito por A Gazeta. Segundo a instituição de ensino, o reajuste projetado levou em consideração a situação do país, que ainda não se recuperou totalmente da crise econômica. A escola também decidiu reduzir a lista de materiais escolares pedidos aos pais.
O economista e presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon), Ricardo Paixão, lembra que negociar com a escola pode ajudar a pagar menos na mensalidade. Cabe aos pais fazer uma barganha dos preços. Qualquer despesa que esteja comprometendo o orçamento das famílias deve ser revista, comenta.
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