Nem tudo são flores no campo dos ambientes de inovação. A falta de espaços, e de mão de obra são os principais gargalos enfrentados por quem pretende transformar ideias em projetos que possam ser comercializados.
Para Denis Ferrari, da Azys Inovação, que ajuda os empreendedores a desenvolver suas ideias, a manutenção de mão-de-obra qualificada no Estado é um dos problemas para o desenvolvimento da área. Segundo ele, muitos profissionais deixam o Estado para ir trabalhar em outros centros.
A gente tem qualidade de vida melhor do que em outros centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, mas nós ainda perdemos muitos profissionais para esses locais e hoje em dia é muito complicado contratar programadores e desenvolvedores, avalia.
O empreendedor Victor Farias, criador do LiftBank, uma startup voltada para ajudar outras startups, concorda que esse seja o calcanhar de Aquiles.
O ponto mais crítico é a formação de profissionais. As instituições ainda não estão tão preparadas para formar os profissionais. Muitas vezes temos que formar o profissional dentro da própria companhia, comenta.
Outros representantes do setor também reclamam de que falta uma organização maior e uma colaboração entre os organismos que compõem o ecossistema. Segundo eles não é incomum diferentes incubadoras, por exemplo, disputarem uma mesma empresa quando o mais indicado seria as duas trabalharem com o mesmo empreendedor, mas em momentos de diferente maturação da empresa.
Uma das coisas que precisamos é amadurecer a integração desses ecossistemas. Quando fiz meu mestrado, quase não havia essa integração. Já melhorou um pouco, mas é preciso fortalecer ainda mais. Assim teremos uma trajetória de sucesso, avalia o diretor de Extensão Tecnológica do Ifes, Rodolpho da Cruz Rangel.
Já o criador da Superticket, startup voltada para a gestão de vendas em eventos, Plínio Escopelle, defende diferentes frentes de atuação para melhorar o setor. É preciso maior investimento do governo em tecnologia, maior network e sinergia entre startups e projetos locais e maior valorização dos produtos e serviços locais por meio dos contratantes, avalia.
Montar uma empresa, trabalhar muito e ganhar rios de dinheiro. Esta lógica empresarial está ficando defasada para os novos empreendedores. Além de ser mais colaborativa entre si, a nova geração empresarial busca resolver o problema de uma causa com a qual se identifica, deixando a questão financeira um pouco abaixo.
Não é que o dinheiro não tenha importância. Tem sim. O empreendedor quer ganhar dinheiro, mas quer ganhar através de uma causa que ele julga importante. É como se o crescimento financeiro fosse a consequência de uma causa maior, comenta Denis Ferrari, da Azys Inovação, que trabalha diariamente com novas ideias.
Eu não consigo passar um perfil médio do empreendedor. Hoje temos cerca de 30 projetos. Sete acelerados e mais de 20 em pré-aceleração. Temos homens, mulheres, gente da periferia, de áreas privilegiadas, as mais diferentes formações. O que vejo de comum a todos é o brilho no olhar, acrescentou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta