Um dos principais gargalos logísticos do Espírito Santo, a infraestrutura portuária deve melhorar substancialmente em três anos, com a consolidação de investimentos em três portos que possibilitarão ao Estado dar um salto econômico. É essa a expectativa do governador Renato Casagrande, que, nesta quinta-feira (3), realizou uma palestra no lançamento do Anuário Espírito Santo 2020, dentro do Vitória Summit, evento realizado pela Rede Gazeta.
Em sua fala, Casagrande destacou que um dos desafios atuais é conseguir angariar recursos federais para obras importantes para o Estado, como o Corredor Centro-Leste, trecho ferroviário que interliga Espírito Santo, Minas Gerais e Goiás. Os governadores dos três Estados articulam para que o projeto seja amarrado à renovação da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), administrada pela VLI.
Não conseguimos antes porque não tínhamos portos. Agora temos, ou teremos, em três anos, três portos. Precisamos consolidar esse corredor e a hora é agora, declarou.
No evento, um dos representantes do Centro do Comércio de Café de Vitória (CCCV) apontou que o gargalo portuário é responsável por reduzir consideravelmente as exportações de café pelo Espírito Santo nas últimas décadas, muito embora as safras tenham melhorado.
O governador respondeu: O furo mais baixo no nosso tonel é a fragilidade portuária. Nossa riqueza está vazando por falta de portos. Tivemos recentemente a dragagem [do Porto de Vitória]. Mas nossa perspectiva agora é desses três portos em três anos: o Porto da Imetame, o Porto Central e a desestatização da Codesa, que deve trazer investimentos para [o porto da] Barra do Riacho.
Em relação ao Porto de Vitória, o governador destacou que é difícil avançar muito em relação ao que é hoje, devido à largura do canal. Mas disse esperar uma melhoria geral, caso seja aprovado o marco da cabotagem, que tramita no Congresso Nacional.
Também participou do painel de lançamento do Anuário o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal. Tanto ele como Casagrande também ponderaram, para além da pauta logística, a importância das reformas avançarem em Brasília para a retomada da economia do país. Eles destacam as reformas administrativa e tributária.
Casagrande cobrou que o governo federal se articule com o Congresso Nacional para que elas sejam aprovadas e implementadas. Já o secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, comenta que a pauta está muito clara e que o governo já a colocou em algumas reuniões com governadores, mas que precisa de apoio.
O governador explicou que o Congresso Nacional é uma instituição que tem muita dificuldade de ser protagonista em projetos que são estruturantes. "Pela quantidade de partidos e líderes que tem, não consegue uma coesão por si só. Sempre há necessidade de uma força externa que ajude a catalisar e gerar forças. Geralmente é o Poder Executivo".
O governador capixaba ainda analisou que, no primeiro ano do governo, o presidente Jair Bolsonaro "menosprezou a política". "A Previdência foi votada, porém, mais pelo movimento Congresso. No segundo ano, o governo viu a necessidade de articulação, e se aproximou do centrão. Depois veio a pandemia, vieram as eleições que, historicamente, esvaziam o Congresso. As coisas só voltarão a normalizar a partir de fevereiro. Algumas coisas vão ser votadas pontualmente esse ano, mas só faltam seis sessões", avaliou.
Já Funchal aponta que a boa notícia é que a pauta das reformas está muito clara. "Já colocamos em algumas reuniões com governadores que precisamos de apoio deles. Esse projetos, tanto as reformas, quanto outros itens, não são importantes apenas para o Executivo federal. A pauta de juros baixo, por exemplo, toda a população se beneficia. As pautas estão no Congresso e é preciso que avancem", comentou.
O secretário do Tesouro Nacional lembrou que, apesar da pandemia, houve avanços em pautas importantes para o setor produtivo, como o Marco do Saneamento e a nova Lei de Falências, além de projetos que estão em vias de serem votados, como a nova Lei do Gás e o programa de incentivo à cabotagem "BR do Mar".
Funchal destacou ainda que todos os indicadores econômicos atuais apontam para uma retomada em "V" e que, diante disso, a missão do governo, do Congresso e da sociedade é fazer com que isso não se perca e que o crescimento continue acelerado, o que também seria através das reformas.
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