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Evite golpes: saiba como proteger chave Pix do vazamento de dados

Evite golpes: saiba como proteger chave Pix do vazamento de dados

Vazamento de informações pessoais ligadas ao sistema aumentou 44% este ano em relação a 2023; confira dicas de especialista para os usuários se protegerem de golpes

Publicado em 15 de outubro de 2024 às 18:40

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Confira dicas para proteger seus dados no Pix
De janeiro a setembro, houve quase 126 mil vazamentos de dados de chave Pix, segundo o Banco Central. (Marcello Casal Jr. / Agência Brasil)
João Barbosa
Repórter / [email protected]

Fácil de usar, o Pix garante praticidade para compras e transações financeiras no dia a dia. Mas também pode se tornar uma dor de cabeça para o usuário. Na segunda-feira (14), clientes enfrentaram instabilidade ao tentar utilizar o pagamento instantâneo. O Banco Central (BC) admitiu que houve problemas no sistema, sem oferecer detalhes. Essa falha se soma ao aumento de 44% no vazamento de dados pessoais vinculados à chave Pix, em relação a todo o ano de 2023. De janeiro a setembro de 2024, ocorreram quase 126 mil vazamentos, segundo o BC.

Diante do aumento do risco ao utilizar o sistema, especialistas dão dicas aos clientes de bancos sobre como se protegerem para que não vejam a chave Pix cair nas mãos de golpistas.

170 milhões
Número de usuários cadastrados no Pix, entre pessoas e empresas

A principal orientação é recorrer ao uso da chave aleatória. A combinação de números, letras e traços reúne 36 caracteres variados e pode garantir mais tranquilidade aos usuários do Pix, segundo Gilberto Sudré, especialista em Segurança da Informação e Computação Forense.

“A chave aleatória não carrega nenhum tipo de informação pessoal, diferente das chaves com telefones, e-mails e CNPJ, das quais criminosos podem se aproveitar dos dados para aplicarem golpes. Com a informação dessas chaves, eles podem fazer pesquisas sobre o usuário e podem se aprofundar, chegando até amigos e familiares de uma possível vítima”, pontua Sudré.

Aspas de citação

Por ser uma chave grande, com números e letras, a chave aleatória é mais desconfortável. De todas as chaves, é a mais segura de todas

Gilberto Sudré
Especialista em Segurança da Informação e Computação Forense
Aspas de citação

De acordo com o especialista, se for feita uma lista classificando a segurança das chaves, a aleatória lidera, seguida por e-mails, CPF e, por último, as com telefone.

“Apesar das instabilidades apresentadas, o Pix, sem dúvida, é uma solução bastante segura. Para o próximo ano, inclusive, o Banco Central tem mudanças previstas para garantir mais proteção aos usuários, com ferramentas de limite, localização e conexão da internet para diminuir a incidência de golpes”, afirma. 

Além da adoção da chave aleatória, outros cuidados também são apontados para a proteção da chave Pix e dos dados relacionados.

  • 01

    Atenção aos dados

    Confira todos os dados do destinatário antes de realizar uma transferência e, ao receber, confira em seu aplicativo bancário se, de fato, recebeu o valor.

  • 02

    Nada de sair clicando em links

    Evite clicar em links suspeitos enviados por aplicativos de mensagem, e-mail, SMS e redes sociais.

  • 03

    Não passe dados pessoais para supostos funcionários bancários

    Não confirme informações de chaves Pix por meio de ligações com supostos funcionários de instituições financeiras. Bancos não ligam para clientes para confirmação de dados.

  • 04

    Desconfiança pode garantir a segurança

    Desconfie de promoções ou ofertas para retorno do dinheiro após realizar transferências via Pix, Fique atento e confira mensagens que pedem Pix com senso de urgência.

  • 05

    Limite nos aplicativos

    Defina um limite máximo para as transações Pix, de acordo com suas necessidades diárias ou mensais. Isso cria uma barreira para criminosos que tentam transferir grandes valores durante golpes.

O que fazer se cair em um golpe do Pix?

Ainda que as dicas acima sejam seguidas, ninguém está 100% ileso aos golpes. Segundo a Serasa, caso o cidadão seja vítima de algum criminoso, é ideal que o banco seja informado em um prazo de 80 dias. Ou seja, acione seu banco o mais breve possível após a identificação do golpe.

“Os bancos envolvidos analisam o caso e dão sua resposta em até sete dias. Se confirmarem a fraude, o dinheiro é devolvido à vítima em até 96 horas”, divulga a Serasa.

Além disso, também é recomendado que a polícia seja procurada para o registro de boletim de ocorrência (BO). Na ocasião, o golpe deve ser explicado com o máximo de detalhes para auxílio das investigações. Se a situação não for solucionada diretamente com o banco ou durante a investigação policial, o Procon também pode ser acionado.

Segundo a Serasa, o Banco Central também pode ser acionado através de sua ouvidoria. Entretanto, no órgão, a reclamação só colabora para que o BC fiscalize as instituições financeiras envolvidas no caso.

Já de acordo com o próprio BC, com o boletim de ocorrência, o banco da vítima registra imediatamente a notificação de infração e instaura o Mecanismo Especial de Devolução (MED) do Pix. Além disso, o banco do suposto golpista bloqueia os valores desviados e as instituições avaliam o caso em até 7 dias corridos, verificando se há indícios de fraude ou golpe.

“Comprovada a fraude, o banco do suposto golpista devolve os recursos para a vítima em até 96 horas, a contar do término da avaliação [...] A devolução de valores, via MED, não pode ser acionada em casos de desacordo comercial, por exemplo, quando o vendedor de boa-fé envia o produto errado. Esse tipo de situação não é considerado como 'suspeita de fraude', diferentemente, por exemplo, dos casos em que o produto sequer é enviado”, divulga o Banco Central.

  • Será estipulado um limite de R$ 200 para transferências realizadas a partir de dispositivo não cadastrado no banco, restringindo a um total de R$ 1.000 o valor total de transferências por dia a partir de dispositivos não cadastrados;

  • Para realizar um Pix acima de R$ 200, será necessário que o dispositivo seja previamente cadastrado em seu banco, o que dificulta que golpistas utilizem aparelhos desconhecidos para realizar transações em seu nome. A exigência de cadastro se aplica apenas a aparelhos que nunca tenham sido usados para iniciar uma transação Pix.

  • As instituições financeiras terão que verificar regularmente se seus clientes possuem alguma marcação de suspeita de fraude no Banco Central. Essa medida proativa visa identificar e bloquear possíveis tentativas de golpe antes que causem prejuízos.

Investimento para reforço da tecnologia e segurança

Reafirmando a segurança do sistema do Pix, do lado das instituições financeiras, a Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) sinaliza que o complexo bancário conta com estruturas de monitoramento e que "confia nos mecanismos de segurança adotados pelo Banco Central".

"Os bancos utilizam o que há de mais moderno em termos de tecnologia e segurança da informação. Os quase quatro anos de funcionamento do Pix comprovam sua eficiência e segurança, com volumes significativos de transações e adesões. A Febraban e seus bancos associados têm como prioridade a segurança dos seus clientes e, neste ano, deverão investir quase R$ 48 bilhões em tecnologia, por meio do monitoramento constante de suas respectivas infraestruturas, sendo que, deste total, 10% são voltados para a prevenção a fraudes e segurança", informa o órgão, frisando que, no Brasil, os bancos têm constante preocupação com a preservação dos dados de seus clientes.

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