O mundo corporativo é repleto de desafios tanto para lideranças quanto para colaboradores, principalmente em um momento tão conectado como o que estamos vivendo. Para o palestrante e ex-padre Zeca de Mello, que participou do Vitória Summit, evento realizado pela Rede Gazeta, nesta quinta-feira (25), as empresas querem hoje um engajamento genuíno de seus funcionários. Segundo ele, isso deve ser uma preocupação dos dois lados.
O especialista cita como exemplo as crianças que são muito agitadas e quando encontram um esporte ou atividade que gostam passam a ter uma grande capacidade de dedicação.
“O curioso é que as empresas querem encontrar isso também. Por que todo mundo fala de propósito? Porque estão preocupados com os valores e porque querem dar à força de trabalho o engajamento genuíno. Não basta dar bônus de inovação para quem quer inovar. Não funciona mais desse jeito. As pessoas querem ganhar bem, mas o que está em jogo também é a vontade de colaborar com algo que valha a pena”, destacou.
Zeca de Mello é ex-padre, filósofo, professor e doutor em Teologia pela Universidade Gregoriana de Roma. O ex-sacerdote participou nesta quinta-feira (25) do painel “Reaprender a aprender: desafios para as pessoas e organizações”, no Vitória Summit. Atualmente ele atua em uma área de pesquisa da área humanizada e apontou que há uma falta de capacidade dos líderes em se autoavaliar.
"A gente tem uma massa de pessoas em cargos estratégicos de liderança que não tem capacidade de autoavaliação, não tem capacidade de autocrítica. A vida inteira fez teste padronizado, sempre com outra pessoa o avaliando. É um déficit a capacidade de auto reflexão e de crítica”, disse.
O filósofo ainda abordou o mundo hiperconectado em que vivemos, sobretudo com a proliferação das ferramentas digitais. "Nessa economia das plataformas digitais, a nossa atenção se tornou o maior ativo. Todas as plataformas estão competindo pela nossa atenção. É difícil hoje prestar atenção naquilo que realmente importa", afirmou.
Ele lembrou que sofremos de déficit de atenção, o que denominou de “economia de atenção”, ou seja, a necessidade de fazer com que mais coisas possam fazer parte do nosso dia a dia. “Vivemos um excesso de coisas piscando e tremendo, chamando a nossa atenção. Todas as inovações da modernidade vieram com a promessa de termos mais tempo. Foi assim com a máquina a vapor e agora com a transformação digital, tudo isso com a promessa de ter mais tempo livre, mas parece que essa profecia nunca se cumpriu", explicou.
Durante a palestra, Mello ainda falou sobre a importância de desaprender, ou seja, não ficar tão apegado ao que aprendeu. "O mais importante para a gente hoje talvez seja desaprender. Isso não significa jogar fora o que a gente já sabe, mas exercitar novas perspectivas e não ficar tão apegado ao que já sabe e já aprendeu", declarou.
Ele destacou ainda que na vida somos agentes de mudança a todo momento. Mello lembra das oportunidades que temos de aprender e reaprender a todo instante. “Você sempre foi filho e de repente se torna pai ou você era estagiário e passa ser responsável por outros estudantes. A vida nos muda a todo instante”, salienta.
Mello ressalta que as organizações são criadas para dar resultado, ir atrás de objetivos e metas. Ainda segundo ele as empresas tem responsabilidade financeira, ética e o poder de gerar impacto na vida das pessoas.
Zeca de Mello se ordenou padre aos 25 anos e atuou na igreja católica por 18 anos. Pediu afastamento, em 2006, quando estava no auge da carreira, após retornar de um doutorado na Itália. Ele é filósofo, professor e palestrante.
“No final do segundo ano de estudos, entrei em crise. Percebi que seria muito difícil eu ter uma vida equilibrada, sem ter uma família. Já tinha casado meus irmãos e meus amigos e batizado meus sobrinhos. Qualquer expectativa de abertura da instituição para dialogar o casamento de sacerdotes não havia. Foi então que precisei reinventar a minha vida profissional”, contou.
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