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Ex-presidente de instituto de previdência é condenada a 10 anos de prisão no ES

Ex-presidente de instituto de previdência é condenada a 10 anos de prisão no ES

A mulher é acusada de desviar dinheiro público que deveria ser usado para custear aposentadorias para pagar restaurante, padaria, abastecer o carro e até ir ao salão de beleza

Publicado em 20 de janeiro de 2020 às 18:30

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Prefeitura Municial de Mimoso do Sul, onde funciona o Instituto de Previdência do Município. (Reprodução Google Maps)

A Justiça condenou a 10 anos de prisão a ex-presidente do Instituto de Previdência dos Servidores Públicos do Município de Mimoso do Sul, Lúcia Maria Fontes Gomes. Segundo a decisão judicial, assinada pela juíza Lara Carrera Klein, a servidora utilizava dinheiro público, que deveria ser usado para custear aposentadorias, para fazer compras na padaria, pagar a conta do celular pessoal, colocar gasolina no carro e até comer em restaurantes com a família. 

Além disso, ficou comprovado no processo que a condenada desviou R$ 185 mil em valores decorrentes de desconto previdenciário. Outros R$ 154 mil foram gastos em supostas diárias de viagens. Lúcia ainda simulou que o Iprevmimoso devia dinheiro a terceiros e autorizou esses pagamentos para uma conta bancária aberta em seu nome. 

O processo também detalha que houve dispensa de licitação em nove contratações, em circunstâncias em que deveria ter havido o processo, durante o período em que Lúcia comandava o órgão.

Segundo cálculo da Justiça que consta na decisão, a ex-presidente do Iprevmimoso cometeu peculato - apropriação de bem público para benefício próprio ou de outros - 282 vezes.

Aspas de citação

Resta clara a vontade livre e consciente da acusada Lúcia em desviar/apropriar bens dos quais tinha posse em razão do cargo que ocupava, uma vez que as quantias já discriminadas anteriormente não foram utilizadas em prol do interesse público

Lara Carrera Klein
Juíza da 2ª vara de Mimoso do Sul
Aspas de citação

A ação, ajuizada em agosto de 2014 pelo Ministério Público do Espírito Santo, tem como base o inquérito policial que constatou que, de 2008 a 2012, o Instituto foi vítima de diversas fraudes sob a coordenação da então presidente com o auxílio de outras quatro pessoas, que também foram condenadas. Uma delas atuava como tesoureira do Iprevmimoso.

Segundo a decisão, Lúcia deverá cumprir a pena inicialmente em regime fechado. Ela também foi condenada a pagar 225 dias-multa e 2% sobre os valores dos contratos feitos sem licitação.

A Gazeta tenta contato com o advogado de Lúcia Maria Fontes Gomes, sem sucesso. Assim que houver um posicionamento da defesa, essa matéria será atualizada.

CHEQUE EM SALÁO DE BELEZA ACENDEU ALERTA

Em novembro de 2012, a Promotoria de Justiça de Mimoso do Sul, em parceria com a Polícia Civil, fez operação de busca e apreensão no Instituto de Previdência. Na ocasião, foram apreendidos centenas de processos administrativos. A medida foi tomada a partir de denúncias do sindicato dos servidores da cidade de que Lúcia Maria estaria desviando verbas públicas.

A investigação teve origem a partir de um cheque do Iprevmimoso, no valor de R$ 800, originariamente preenchido para custear despesas inerentes ao Instituto. Contudo, foi utilizado para arcar com despesas em um salão de beleza.

PREVIDÊNCIA EM MIMOSO EM DIFICULDADES

Mimoso do Sul é uma das 14 cidades do Estado em situação crítica em relação à previdência. A cidade fez uma segregação de massa do sistema de aposentadorias e a prefeitura já assume a despesa dos atuais aposentados, no chamado Fundo Financeiro. Para quem ainda está longe de se aposentar, há o Fundo Previdenciário, custeado pelos próprios trabalhadores.

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No entanto, segundo o Tribunal de Contas do Estado, caso a prefeitura não interfira novamente no sistema, há a possibilidade de não haver dinheiro para o pagamento dos futuros inativos.

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