Esperado para interligar os portos do Espírito Santo e Rio de Janeiro à malha ferroviária do Brasil, o projeto da estrada de ferro 118 (Vitória a Rio) teve avanços na virada de 2024 para 2025. Uma das movimentações sobre o importante projeto logístico foi anunciada no dia 30 de dezembro. Um acordo entre o governo federal e a Vale garantiu a destinação de R$ 6 bilhões para construção da ferrovia de Santa Leopoldina até Anchieta.
A destinação está no âmbito da revisão das concessões da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e da Estrada de Ferro Carajás (EFC), operadas pela mineradora, que, em geral, deve injetar R$ 17 bilhões na infraestrutura logística do país.
Na prática, o acordo firmado determina que a Vale será responsável pela construção do trecho da EF 118 entre Santa Leopoldina e Cariacica até Anchieta, uma extensão total de 90 quilômetros — 80 km até Anchieta e 10 km de alça até o porto de Ubu.
Esse trecho também será operado pela Vale, visto que, segundo o Ministério dos Transportes, o segmento será integrado ao traçado da EFVM e incorporado ao contrato existente da concessionária. O projeto para esse primeiro trecho ainda está sendo avaliado em Brasília.
Além do primeiro segmento que vai integrar a EF 118 com a EFVM, o projeto do Anel Ferroviário Sudeste, como a estrada de ferro também é conhecida, conta ainda com dois trechos a partir de Anchieta em direção ao Rio de Janeiro, que serão leiloados. Ainda não há data marcada, mas a previsão é que ocorra ao longo de 2025.
Na primeira fase do projeto, serão construídos cerca de 170 quilômetros de trilhos entre Anchieta e São João da Barra, no Porto de Açu, no Rio de Janeiro, passando pela região do futuro Porto Central, em Presidente Kennedy.
O projeto básico de engenharia de parte desse trecho foi entregue pela Vale ao governo federal em julho de 2024. Nesse documento é detalhado o trecho de 92,8 km de extensão da ferrovia no Espírito Santo, ligando os municípios de Anchieta, Piúma, Iconha, Rio Novo do Sul, Itapemirim e Presidente Kennedy.
Esse projeto é chamado pelo governo federal de greenfield, pelo fato de ser construído do zero. "Para viabilizar o empreendimento e atrair investimentos privados, o governo federal irá aportar recursos visando aumentar a taxa interna de retorno do projeto", informou o ministério.
Uma segunda fase da construção da ferrovia contempla um trecho de 325 km entre o Porto de Açu e Nova Iguaçu. Para esse trecho, está previsto que a concessionária vencedora do leilão fique responsável pela revitalização de trecho ocioso da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) no Estado do Rio. Essa fase do projeto é chamada de brownfield, pelo aproveitamento de estrutura existente.
Após os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental elaborados pela Infra S.A, a implantação da EF 118 será discutida ainda em janeiro em três audiências públicas já programadas pela Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT).
Em Vitória, a sessão está marcada para o dia 22 de janeiro, ainda sem local e horário definidos. O projeto também será discutido no dia 20, na sede da ANTT em Brasília, e no Rio de Janeiro, no dia 24. Após essa etapa, o projeto será submetido ao Tribunal de Contas da União (TCU).
O projeto é defendido pela Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) para melhoria da competitividade da indústria capixaba. O presidente Paulo Baraona afirma que a entidade está em constante diálogo com a Vale e com o governo do Estado sobre esse e outros projetos relacionados ao Espírito Santo. Para ele, a construção do trecho da EF-118, que interligará portos do Espírito Santo ao Rio de Janeiro, vai contribuir para o desenvolvimento não apenas dos municípios por onde passar, mas de todo o seu entorno.
O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, também comemorou o acordo para construção do primeiro trecho. "É um primeiro passo importantíssimo para a gente poder fazer a conexão ferroviária da Grande Vitória com o Sul do Espírito Santo e, depois, com o Rio de Janeiro. Então, é uma vitória importante que a gente conquista para melhorar a logística e a competitividade do Estado", reforça Casagrande.
Com extensão de 575 quilômetros, a ferrovia EF-118 pretende conectar os municípios de Nova Iguaçu (RJ) e Santa Leopoldina (ES), promovendo a integração da malha ferroviária do Sudeste e garantindo o acesso ferroviário a importantes terminais portuários.
Da sua extensão total, o trecho de 80km entre Santa Leopoldina e Anchieta deverá ser construído pela Vale, como contrapartida pela prorrogação antecipada das suas ferrovias, e passará a integrar o contrato de concessão da Estrada de Ferro Vitória-Minas (EFVM).
Segundo a ANTT, o trecho de aproximadamente 170 km entre Anchieta e o Porto do Açu integrará uma nova concessão, alvo desse estudo de viabilidade, a qual poderá contemplar ainda a construção do trecho de 325km entre o Porto do Açu e Nova Iguaçu. Este trecho está enquadrado na concessão como um investimento contingente, a ser realizado pela concessionária através de decisão unilateral do poder concedente, mediante reequilíbrio econômico-financeiro do contrato.
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