A facilidade dos aplicativos de delivery permitem ao usuário pedir uma refeição com poucos toques no celular e em questão de minutos a comida chega ao local indicado no pedido, mas a quantidade de pessoas que usam essas ferramentas também desperta a atenção dos golpistas. Foi o que ocorreu com a modelo Yamim Brunet, que foi vítima de um golpe recentemente e teve um prejuízo de superior a R$ 7 mil.
A dor de cabeça que a namorada do surfista Gabriel Medina passou é evitável. Quem garante isso é o assessor jurídico de relacionamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), David Douglas Guedes. Segundo ele, informações básicas — como data de validade, código de segurança, nome e número do cartão — são suficientes para os criminosos realizarem transações com cartões alheios. Portanto, é preciso que os consumidores fiquem atentos e estejam informados para analisar quando existe uma situação de risco de golpe ou não
"Infelizmente, os golpes, valendo-se desses aplicativos, vêm tendo um crescimento muito grande durante a pandemia. No caso da Yasmin, ele ocorreu após um contato fraudulento do suposto restaurante depois que ela realizou a compra pelo aplicativo. O entregador chegou na residência dela e por meio de algum artifício ele conseguiu realizar a clonagem do cartão", disse em entrevista à Rádio CBN Vitória na manhã desta segunda-feira (2).
O assessor jurídico de relacionamento do Idec afirma que os criminosos agem de forma semelhante e tentam enganar os clientes com alguma história. Por vezes, ligam dizendo que o motoboy saiu para a entrega e sofreu um acidente e que por isso o pedido anterior foi cancelado. Na sequência, os golpistas informam que um novo pedido foi gerado e que seria preciso realizar um novo pagamento. Foi desta forma que a modelo acabou saindo no prejuízo.
Segundo o assessor jurídico, os criminosos se aproveitam das informações compartilhadas dos usuários com as plataformas, como cartões e endereços salvos para não transparecer o golpe.
Caso perceba uma atitude suspeita, David recomenda o bloqueio do cartão para evitar que novas compras sejam efetuadas pelos criminosos. Além disso, o Idec dá dicas valiosas para se precaver em relação à atuação dos golpistas que agem com plataformas de delivery.
Entre imediatamente em contato com o banco para bloquear o cartão e contestar a operação. É preciso também entrar em contato com o serviço de atendimento ao consumidor do aplicativo para denunciar o entregador no aplicativo. É importante ficar de olho, pois o cancelamento do cartão pode ser solicitado no caso de suspeita de clonagem, mas, no caso da transação abusiva, o mais indicado é pedir o cancelamento de lançamento específico realizado sem a autorização. O cancelamento não é feito por todas as operadoras de cartão e, normalmente, depende de um prazo que pode levar até cinco dias.
O boletim pode ser enviado junto com o pedido de ressarcimento para a plataforma (Rappi, IFood, Uber Eats). Este registro deve ser feito junto à Polícia Civil, que é a autoridade competente nesses casos.
Notifique a plataforma sobre o ocorrido. Além de entrar em contato com o banco e registrar um boletim de ocorrência, é preciso também pedir esclarecimentos para a plataforma em que o pedido foi realizado. Embora a legislação sobre esses serviços ainda seja frágil, é de entendimento majoritário do judiciário brasileiro que ela é, sim, responsável pelo dano causado ao consumidor.
Quando fizer o pedido, desconfie se a oferta parecer muito boa e o restaurante for desconhecido. Neste caso, cheque os dados do fornecedor pesquisando sobre ele na internet ou na própria plataforma. Os comentários de outros usuários são válidos neste sentido.
Leia com muita atenção os termos da plataforma. Esta prática não só é boa para que os consumidores fiquem realmente informados sobre detalhes do tipo de serviço prestado, como pode ajudar e evitar cair em potenciais fraudes.
Não aceite solicitações de pagamento de 'taxa extra'. A não ser que tenha escolhido a opção "pagar na entrada", nenhum valor extra deve ser cobrado ao receber a comida (a não ser que queira bonificar o entregador com uma caixinha); desconfie também de pedidos de taxas cobradas fora do aplicativo em que realizou o pedido, ainda que exista a alegação de um "erro" no pagamento original.
Pague, preferencialmente, no aplicativo. Se for um restaurante fora de aplicativo ou se preferir pagar na entrega, dê preferência a pagar em dinheiro. Se for pedir em um restaurante por telefone, pergunte se aceitam pagamento por Pix, para evitar ter de passar o cartão na maquininha e ter o mesmo clonado.
Caso você tenha escolhido pagar na entrega, preste atenção no valor digitado na maquininha, se estão olhando atentamente as informações do seu cartão e, principalmente, na hora de digitar a senha. Caso o visor da maquininha não mostre nenhum valor ou esteja "quebrado", não digite sua senha: o valor a ser debitado pode ser maior que o informado pelo entregador. Repare, inclusive, se não estão gravando com o celular. Um lembrete: esta atenção vale tanto para entrega de delivery quanto em qualquer outro pagamento que você fizer!
Não compartilhe nenhum dos seus dados, a não ser aqueles determinados pelo aplicativo de entrega fora do bate-papo (ex: quando o app de entrega notifica um código de segurança do pedido no app e pede para informá-lo ao entregador).
Saiba que você pode reclamar seus direitos. É dever do aplicativo de entrega garantir a segurança dos consumidores no uso dos serviços oferecidos nessa forma intermediada. O consumidor não deve arcar com o prejuízo advindo da falha de segurança da empresa. Caso a empresa tente se esquivar da responsabilidade utilizando termos e condições tal cláusula pode ser considerada nula.
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