O Espírito Santo começou a receber nesta terça-feira (18) os primeiros carros da Ford importados através do Terminal Portuário de Vila Velha (TVV), que integra o Porto de Vitória. A empresa escolheu o Estado para centralizar a operação de importação depois de anunciar o fechamento das fábricas no país, em janeiro deste ano.
Ao todo, são esperados entre 28 e 30 mil veículos da montadora por ano no terminal, que é operado pela Log-In Logística Intermodal. A informação sobre o início das importações da Ford pelo Espírito Santo foi dada em primeira mão pela colunista Beatriz Seixas, de A Gazeta.
De acordo com Thiago Pontes, diretor comercial e sócio da Sertrading, empresa que foi contratada para comandar as transações, a Ford entendeu que o Espírito Santo seria o local mais estratégico para concentrar essa operação por uma série de motivos.
Ele afirmou que o primeiro navio, que foi descarregado nesta terça, continha 451 veículos do modelo Territory, um lançamento da marca. Contudo, segundo Thiago, é esperado que o Ranger seja o modelo mais importado, com pouco mais de 20 mil unidades chegando anualmente.
“A Ranger é fabricada na Argentina, já o Territory vem da China. Além deles, está prevista a importação de outros dois modelos, o Bronco e o Mustang. Do Espírito Santo, eles serão distribuídos nacionalmente”, disse.
O Bronco é fabricado no México, já o Mustang, nos Estados Unidos. Hoje já são importados pelo Terminal Vila Velha automóveis das marcas Toyota e Kia.
Os veículos da Ford ficarão armazenados no Terca, centro logístico aduaneiro localizado em Cariacica, até passarem pelo processo de nacionalização e, em seguida, serão enviados para todo o país. Com o volume importado pelo TVV, a Sertrading diz que deve se tornar a maior importadora de veículos do país.
Após o primeiro desembarque nesta terça, o governador do Estado, Renato Casagrande, falou que a operação vai favorecer a economia do Estado.
“Viemos acompanhar e celebrar a importância da importação dos veículos da Ford no Espírito Santo. Serão ao todo cerca de 30 mil veículos por ano, importados aqui pelo Estado que se somam a outras marcas que já são importadas por aqui. Isso fortalece a economia capixaba, a de Vila Velha e também a de Cariacica. Quanto mais capacidade de investir, mais capacidade para criar oportunidades aos capixabas”, afirmou.
O contrato entre a Log-In e a Ford para o desembarque dos veículos acontece cerca de três meses depois da multinacional fazer uma espécie de teste no terminal capixaba. Em fevereiro, conforme noticiado pela colunista Beatriz Seixas, foram movimentados 2.400 veículos. Os carros foram trazidos da fábrica de Camaçari, na Bahia, - uma das unidades fechadas pela empresa - para serem escoados pelo Porto de Vitória.
A Ford foi questionada por A Gazeta sobre a nova operação de importação mas se limitou a responder que "o início da importação de veículos por meio do Terminal Portuário de Vila Velha é importante para otimizar as operações logísticas da Ford nas regiões Sul e Sudeste", mas que, neste momento, não iria dar mais detalhes.
A importação de veículos no Espírito Santo teve uma participação de quase 16% na pauta importadora no mês de abril, conforme informações da Resenha de Conjuntura do Instituto Jones dos Santos Neves. Ela ficou atrás somente dos combustíveis, óleos minerais e matérias betuminosas, que responderam por 18,17%.
Os países que mais enviaram automóveis para o Porto de Vitória foram Argentina, China e Estados Unidos.
O anúncio, em janeiro, do fechamento de fábricas e fim da produção nacional de veículos Ford pegou todo o mercado de surpresa, inclusive as concessionárias do Espírito Santo. Com a mudança na estratégia da multinacional, as lojas passaram a comercializar apenas veículos importados.
O encerramento das operações ocorreu nas fábricas em Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE). Juntas, as três unidades empregavam diretamente 5,3 mil pessoas. O movimento de fechamento foi feito meses depois de a multinacional vender a unidade de São Bernardo do Campo (SP).
Em comunicado, a Ford informou na época que tomou a decisão após anos de perdas significativas no Brasil. A multinacional americana acrescentou que a pandemia agravou o quadro de ociosidade e redução de vendas na indústria. "A Ford está presente há mais de um século na América do Sul e no Brasil e sabemos que essas são ações muito difíceis, mas necessárias, para a criação de um negócio saudável e sustentável", afirmou, em nota, Jim Farley, presidente da Ford.
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