Documentos, R$ 56,4 mil em dinheiro, joias, uma espingarda calibre 12 e uma submetralhadora. Esse foi o material apreendido durante a execução das operações Escape e Sumidouro realizadas nesta sexta-feira (1º) em empresas e residências de Vitória.
As ações coordenadas pela Delegacia de Repressão à Corrupção e Desvios de Verbas Públicas, da Polícia Federal, investigam a participação de sete empresas capixabas suspeitas de movimentar, ilegalmente, R$ 1,2 bilhão entre 2015 e 2018.
O trabalho foi feito pela PF em conjunto com a Receita Federal e o Ministério Público Federal (MPF). O objetivo é reprimir a prática de crimes contra o sistema financeiro nacional baseados em operações de câmbio ilegais, evasão de divisas e lavagem de dinheiro.
A pedido da PF, foi determinado judicialmente o sequestro de bens e valores na ordem de R$ 11 milhões para alvos da Operação Escape e de cerca de R$ 1 milhão para alvos da Sumidouro. Isso inclui imóveis, veículos e valores apurados em contas bancárias.
O superintendente regional da Polícia Federal no Espírito Santo, delegado Eugênio Ricas, explicou que a suspeita de evasão de divisas — mandar dinheiro para outro país de forma clandestina, sem declarar ao governo federal — foi percebida com base em relatórios enviados pela Receita Federal.
“Foi detectada nessas investigações uma evasão de divisas absurda, cerca de R$ 1 bi que foi mandado para o exterior sem qualquer lastro. Operações que foram feitas, baseadas em documentos falsos e dinheiro mandado para o exterior. A origem desse dinheiro não existe, significa que esse dinheiro pode ser fruto dos mais variados tipos de crime", analisa Ricas.
Dentre os crimes, o superintendente destacou o tráfico de armas e de drogas e corrupção. "Há indícios de que empresas que atuam na 25 de março [em São Paulo], empresas que se relacionam com grupos criminosos como o PCC (Primeiro Comando da Capital), se valem desse tipo de esquema para mandar recursos para o exterior", explica o delegado.
Nesta sexta-feira, 42 policiais federais e quatro auditores da Receita Federal cumpriram 11 mandados de busca e apreensão na Grande Vitória e um em Itajaí, em Santa Catarina, em endereços residenciais e comerciais de proprietários e pessoas ligadas às empresas investigadas.
Os nomes dos empresários e as empresas investigadas não foram informados pela Polícia Federal.
Na casa de um dos investigados foi apreendido R$ 56,4 mil. Também foram apreendidas joias como cordões, relógios e anéis. Em uma das empresas, a PF apreendeu uma submetralhadora e uma espingarda calibre 12. Os equipamentos estão registrados, mas o proprietário não tinha autorização para guardá-los no escritório onde eles foram localizados pela polícia.
Segundo a PF, as duas operações apuram a participação de empresas capixabas no crime de evasão de divisas, por meio de processos de importação fraudulentos, com possível contratação de operação de câmbio utilizando documentação falsa, resultando em uma intensa movimentação de recursos ao exterior.
As investigações relacionadas à Operação Escape começaram em 2018, com a notícia de que seu o principal alvo, aliado a doleiros denunciados em outro processo, teria feito, entre 2015 a 2018, movimentações financeiras suspeitas de mais de R$ 1 bilhão. Nesta operação, é investigado um grupo formado por cinco empresas, sendo que a mesma pessoa é apontada como sócia (dona) de todas.
Já a Operação Sumidouro é um desdobramento dos indícios apurados durante a Escape. Os documentos indicam que duas empresas, cada uma com um sócio (dono), eram responsáveis pela remessa ilegal de divisas para fora do país.
"No curso da investigação da Operação Escape foi identificada outra empresa que atuava de maneira idêntica. Como elas tinham atuação e sócios distintos [das que operavam na Escape], foi aberta nova investigação. A forma ilegal de mandar dinheiro para o exterior era semelhante", explicou a delegada Aline Cuzzuol, da Delegacia de Combate à Corrupção da PF.
Os nomes dos empresários e as empresas investigadas não foram informados pela Polícia Federal.
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