Em todo o mundo, o setor de tecnologia tem passado por uma vasta crise. Empresas como Twitter, Meta, Amazon e mesmo o Google estão sendo pressionadas pela velocidade das mudanças, redução nos lucros e necessidade de cortes.
A tensão nas big techs também se espalhou para as empresas de pequeno porte, conhecidas como startups, que apenas começaram a caminhada para se tornarem gigantes no futuro. No Brasil, mesmo as consideradas como unicórnios estão em meio a essa tempestade sem prazo para acabar.
Apesar dessa turbulência, negócios com esse perfil no Espírito Santo parecem não temer o cenário nebuloso e apostam nas demandas de grandes companhias locais ou mesmo no interesse do consumidor por determinados produtos para sobreviver.
O Espírito Santo conta hoje com 121 startups, distribuídas por 13 cidades, de acordo com estudo da EDP e da Liga Ventures, com apoio do governo do Estado e do Findeslab.
Entre as que mais se destacam está o PicPay, aplicativo de pagamentos instantâneo que começou em Vitória, se espalhou pelo Estado e ganhou o Brasil. Agora, além das transferências, o app funciona como um banco digital: oferece cartão de crédito, serviços de controle financeiro, empréstimos, investimentos e até conta com uma área de shopping.
Outro negócio que tomou o país é a Wine. O clube de vinhos, que começou em Vila Velha em 2008, ganhou robustez, sócios como Abílio Diniz, novos centros de distribuição, lojas e conseguiu fazer grandes aquisições, como a compra da Cantu, o que tornou a empresa capixaba a maior importadora de vinhos do país.
Embora o Estado ainda esteja longe de ser um Vale do Silício, muitas iniciativas têm mudado a economia local e levado à busca por mais conexão com as novas tecnologias.
Um dos incentivos para isso é o Fundo Soberano, do governo estadual e administrado pelo Bandes, que visa a destinar parte dos depósitos para financiar startups. O montante, a princípio, chega a R$ 250 milhões.
Em meados do ano passado, cinco empresas foram escolhidas para receberem as primeiras injeções de aproximadamente R$ 19 milhões em recursos. São a Aevo (R$ 11 milhões), W.Dental (R$ 6,7 milhões), Takeat (R$ 400 mil), Converta (R$ 300 mil) e Actiz (R$ 600 mil).
A Aevo, com sede no Espírito Santo, tem desenvolvido sistemas de gestão da inovação e de estratégias para empresas de diversos segmentos, da indústria ao agronegócio. Oferece um ecossistema completo para permitir que, independentemente do tamanho do negócio, seja possível inovar.
A W.Dental é uma empresa de outro Estado que tem fincado raízes no Espírito Santo para oferecer planos odontológicos de baixo custo e uma grande rede de atendimento. A Takeat é um app de gestão de restaurantes.
A Converta, outra beneficiária, chama a atenção por oferecer a conversão de sites em aplicativos em 24 horas a baixo custo. Já a Actiz foi criada para transformar resultados de laboratórios de saúde em dados de Business Intelligence, com resultados mais seguros.
Com uma economia focada na indústria de commodities, o Espírito Santo tenta encontrar novos espaços para se diversificar. E um dos caminhos que tem traçado é o do empreendedorismo na área de tecnologia.
Mais de 60% das startups que surgiram no Estado foram criadas de 2017 para cá. As principais atuam nos segmentos de finanças e de educação, segundo o mapeamento da EDP e da Liga Ventures.
Esses empreendimentos estão distribuídos por 13 municípios. Do total, 19 firmas (15,67%) são Edtechs, ou seja, atuam com ensino e gestão educacional. Outras 11 (9,09%) são Fintechs, que oferecem novos serviços na área financeira.
Ainda existem 27 categorias de startups, em segmentos como saúde e bem-estar, alimentação e bebidas, logística, mobilidade, sustentabilidade, soluções para a indústria e até para condomínios.
A maior parte está dentro da Capital, que concentra 62,81% desses negócios. Na sequência, aparecem Vila Velha e Serra, com 14,88% e 9,09%, respectivamente.
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