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Fundos viram anjos investidores e aplicam milhões em startups do ES

Fundos viram anjos investidores e aplicam milhões em startups do ES

Iniciativa dá suporte financeiro e de gestão para boas ideias desenvolvidas no Estado. Cinco empresas de potencial tecnológico já receberam essa ajuda

Publicado em 20 de outubro de 2020 às 05:00

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Nelio Augusto Secchin e Diana Abreu da Aratu Equipamentos de Pesquisa
Nelio Augusto Secchin e Diana Abreu receberam aporte financeiro de fundos de investimentos. (Pix Fotografia/Divulgação)

Startups e empresas inovadoras que querem desenvolver seus negócios, ganhar mercado ou aumentar o faturamento podem contar com uma ajuda a mais para alavancar seu crescimento.  No Estado, cinco empreendimentos inovadores já receberam quase R$ 12 milhões de fundos de investimentos, que entram como sócios dessas companhias, investem recursos e contribuem na gestão do negócio.  

No Espírito Santo, a ação é coordenada pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes), que trouxe fundos de investimentos em participações (FIPs). Ao todo, já estão disponíveis quatro fundos: Criatec3, Primatec, Seed4Science e Anjo. (Leia abaixo sobre cada um deles).  A expectativa é aplicar até R$ 40 milhões nesses negócios, entre novos e outros que tentam se consolidar.

Um quinto fundo deve começar a operar nos próximos meses. O “Trivèlla M3 VC4 FIP Multiestratégia” tem como objetivo investir em empresas no setor de tecnologia que apresentem soluções de hardware e/ou software. O investimento previsto é de R$ 10 milhões.

“A área de inovação está crescendo muito e deve avançar ainda mais nos próximo anos. Com isso, o banco foi atrás de alguns fundos interessados em investir nesse tipo de negócio. Ao ter sua ideia aprovada, a empresa passa a ter um novo sócio, recebe um aporte financeiro e, depois de um certo tempo, o investidor vende a parte dele para os donos ou no mercado”, explica o diretor de negócios do Bandes, Luiz Fernando Castro de Mello Leitão.

Por ser cotista desses fundos, o Bandes abre um processo seletivo para que as empresas capixabas se candidatem a essa iniciativa. Cada fundo tem uma maneira de escolher suas “investidas” e uma empresa gestora responsável por identificar o potencial de crescimento das empresas candidatas. Após o “match” entre investidor e empresa, o fundo adquire um percentual de suas ações, ou seja, o FIP prospecta empresas e entra como sócio acionista por um período determinado.

Segundo Leitão, cerca de mil ideias já foram analisadas por esses fundos e 100 empresas ainda estão em processo de estudo. Ao todo, no Espírito Santo, já são cinco startups ou empresas de potencial tecnológico que receberam aportes, totalizando uma movimentação financeira de quase R$ 12 milhões. As empresas já investidas no ES estão em segmentos como eficiência energética, agronegócio, inteligência artificial, gestão de produção e monitoramento ambiental.

Há ainda outras três empresas que estão em fase final de análise para investimento. A expectativa é que o Bandes apoie mais de 20 empresas com os recursos disponíveis.

Além do suporte econômico, as gestoras do fundo participam da gestão dos negócios, ofertam suporte estratégico e gerencial, oferecem apoio na seleção e formação da equipe, ajudam a definir metas e acompanham os resultados visando à aceleração e à consolidação do negócio no mercado. Os segmentos de atuação são predefinidos por cada fundo e uma empresa gestora que é responsável pela seleção.

“Os fundos vão em busca dessas empresas, que são auditadas e verificadas pelas gestoras. Cada um deles tem suas exigências até que todo o processo seja concluído, o que demanda um certo tempo”, explica o diretor de negócios do Bandes.

IDEIAS QUE JÁ DERAM “MATCH”

O e.coTech4 Autônomo é o primeiro carro sem motorista no mercado brasileiro
O e.coTech4 Autônomo é o primeiro carro sem motorista no mercado brasileiro. (Divulgação)

Após meses de negociação, a Aratu Equipamentos de Pesquisa, comandada por Nelio Augusto Secchin, acaba de assinar contrato com o fundo Seed4Science, que, sob gestão da Fundepar, tem como tese o investimento em empresas, em fase inicial de desenvolvimento, com grande diferencial tecnológico. A esposa dele, Diana Abreu, também é uma das diretoras da empresa. 

A startup desenvolve e fabrica equipamentos para pesquisa e monitoramento ambiental para as mais diversas áreas das ciências exatas e naturais. A empresa nasceu dentro da TecVitória (incubadora de startups) e atende empreendimentos que demandam investigação e monitoramento ambiental, como engenharia de mineração, obras de engenharia costeira e fluvial, barragens, petróleo e gás, bem como pesquisas ambientais.

“O nosso foco com esse aporte não é apenas financeiro, mas aproveitar a capacidade do fundo em gerar sinergia com o nosso planejamento estratégico, alinhado com o futuro. Ele, que vai atuar como um de nossos sócios, tem a característica de potencializar novos olhares para as empresas. O investimento não é imediato e vai ocorrer em alguns anos. Queremos dar um salto de qualidade nos processos desenvolvidos, focando no mercado brasileiro e da América do Sul. A partir de agora poderemos dar passos mais seguros, com um crescimento mais sustentável. Este é o melhor parceiro que poderíamos ter”, afirma Secchin.

A Lume Robotics, que tem entre os proprietários Rânik Guidolini, está em negociação com um dos fundos de investimentos para receber aporte financeiro. A empresa lançou, em janeiro deste ano, o primeiro carro autônomo do hemisfério sul e nasceu como um desdobramento do projeto do carro autônomo da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

“Com o recurso, esperamos nos consolidar no mercado de veículos autônomos, que é altamente visado e precisa de um grande domínio em tecnologia. Há uma grande demanda da indústria por esse tipo de serviço e estamos focados nesse ambiente industrial”, comenta Guidolini.

A startup foi fundada em 2019 e conta com outros seis sócios. A empresa é responsável por desenvolver um sistema robótico avançado, formado por diversos softwares e toda logística de circuito de controle e sensores, atestando capacidade a veículos de vários portes, como carros, caminhões, ônibus, locomotivas e máquinas agrícolas, a trafegarem em ambientes industriais de forma totalmente autônoma, sem a necessidade de um motorista humano.

Há um grande volume de empresas com boas ideias no Estado e que precisam desse aporte financeiro e de auxílio na gestão.

OUTROS FUNDOS

Há ainda no mercado outros fundos de investimentos que apostam e startups e empresas inovadoras. É o caso da IFC (International Finance Corporation), que é membro do Banco Mundial. Em 2015, ela investiu mais de US$ 180 milhões em fintechs de todo o mundo. Dentre as startups estão a Creditas e o Guia Bolso. 

A Readpoint eVentures tem apoio de fundos de investimentos de primeira linha do Vale do Silício, no Estados Unidos, além de instituições na China, Rússia e Alemanha. A gestora tem cinco sócios, sendo três brasileiros.  Atualmente, são 31 investimentos em startups, como Viajanet e Gympass.

Já a Monashees+ costuma investir em negócios que ainda estão em estágio inicial. O portfólio conta com, pelo menos, 42 empresas investidas  no mercado brasileiro. A gestora foi a descobridora de startups como a 99. Além disso, receberam investimentos fintechs como ContaAzul, Kitado e Bidu. 

A Kaszek Ventures é uma das instituições que mais investem em fintechs, principalmente na América Latina. No Brasil,  quem recebeu aporte do fundo foi a Nubank.  

A Domo Invest, gestora de fundos de investimento em venture capital (capital de risco), criou um fundo especialmente para investir até R$ 200  milhões que será aplicado em até 20 startups

ENTENDA O QUE SÃO FUNDOS DE INVESTIMENTO EM PARTICIPAÇÕES

COMO FUNCIONA

  • Os Fundos de Investimento em Participações (FIPs) foram criados para investir em empresas promissoras focadas em inovação. O investimento é feito pela participação acionária pelo fundo nos negócios selecionados por ele. A seleção das empresas é feita de acordo com a área de atuação de cada fundo.

  • Para os capixabas que desejam acessar esses recursos, o Bandes é cotista de fundos com foco em empreendimentos e ideias inovadoras. As empresas interessados em receber o aporte financeiro precisam passar por um processo de avaliação, análise e negociação junto às gestoras. Os FIPs têm participação ativa nas empresas em que investe. O objetivo do fundo é gerar, em conjunto com os investidos, valor para o negócio e estruturá-lo para uma fase de aceleração, disponibilizando recursos financeiros e capital intelectual.

ATUAÇÃO

  • Cada FIP tem uma empresa gestora desse fundo responsável por identificar o potencial de crescimento de um negócio e adquirir um percentual de suas ações. Ou seja, o fundo prospecta e entra como sócio acionista da empresa, que, por sua vez, ganha experiência e boas práticas que apoiam a gestão e a governança.

FUNDOS QUE O BANDES ATUA COMO COTISTA

Criatec 3

  • A gestão da carteira do Criatec 3 está a cargo da empresa KPTL Investimentos, focada em inovação. No Espírito Santo, a gestora, com a participação do Bandes, prospecta e seleciona as empresas que receberão os investimentos.

  • Pré-requisito: negócios com faturamento até R$ 12 milhões de Receita Operacional Líquida no ano imediatamente anterior ao investimento do fundo;

  • Limite de investimento: até R$ 7 milhões por empresa (até R$ 3 milhões na primeira rodada de investimento);

Quem pode se candidatar?

  • Empresas de base tecnológica, inovadoras e com elevado potencial de crescimento;

  • Negócios que precisam se estruturar para um crescimento acelerado, nas áreas de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC), Biotecnologia, Agronegócio, Novos Materiais e Nanotecnologia.

Primatec

  • A gestão da carteira está a cargo da Antera Gestão de Recursos S.A e tem a Brain Ventures Gestão de Negócios S.A como consultora operacional.

  • Pré-requisito: negócios com faturamento até R$ 16 milhões de Receita Operacional Líquida no ano imediatamente anterior ao investimento do Fundo;

  • Limite de investimento: até R$ 4,1 milhões, incluindo investimento inicial e follow-on.

Quem pode se candidatar?

  • Empresas de base tecnológica com alto potencial de crescimento;

  • Voltado para o ecossistema de inovação nacional com foco em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), Sustentabilidade e Energia, Economia Criativa.

  • Pequenas e médias empresas inovadoras sediadas em incubadoras e parques tecnológicos ou graduadas há menos de 2 anos.

Seed4Science

  • A gestão do fundo cabe à Fundepar Gestão e Consultoria de Investimentos Ltda., especializada no desenvolvimento de negócios inovadores de alto impacto.

  • Pré-requisito: negócios com faturamento até R$ 4,8 milhões de Receita Operacional Líquida no ano imediatamente anterior ao investimento do fundo.

  • Limite de investimento: até R$ 3,5 milhões.

Quem pode se candidatar?

  • Empresas de base tecnológica nascidas a partir do conhecimento produzido em universidades e centros de pesquisa que buscam o primeiro investimento institucional, do tipo seed money;

  • Empresas que atuam em Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PD&I) e aplicação de produtos, processos e serviços de alta tecnologia e/ou significativo teor de inovação na solução de problemas relevantes em grandes mercados, com foco em Biotecnologia; Nanotecnologia; Internet das coisas e materiais avançados; Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC), em especial relacionadas à big data e machine learning, com verticais de aplicação em Agronegócio, Industria, Saúde e Bem-estar e Varejo.

Anjo

  • A gestão do fundo cabe à DOMO Invest, uma das principais gestoras de Venture Capital no Brasil que investe em empreendedores disruptivos e inovadores. Atua apoiando startups de tecnologia ainda em estágio inicial, ajudando-as a crescer mais rapidamente e se estabelecerem em mercados competitivos.

  • Pré-requisito: o fundo será multiestágio, ou seja, o perfil da carteira será segmentado em estágios de maturação do investimento: (I) investimentos em startups inovadoras (com faturamento anual de até R$ 1 milhão); e (II) investimentos em pequenas empresas inovadoras (com faturamento anual de até R$ 16 milhões). Salienta-se que uma mesma empresa pode receber investimentos do fundo em diferentes estágios;

Quem pode se candidatar?

  • “Empresas Nascentes”, nos seguintes principais mercados: Economia Criativa (B2C; O2O; B2B; logística); Agronegócios; Saúde e Biotech; Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC); “Fintechs”; Cidades Inteligentes.

ETAPAS DE AVALIAÇÃO

Para receber os investimentos, são necessárias as seguintes etapas de avaliação:

  • Passo 1: Prospecção. Fase inicial da busca por boas empresas com potencial de retorno econômico. Nesta etapa, é importante que o empreendedor construa uma proposta e mostre uma visão clara e bem definida do problema/oportunidade do negócio, dos segmentos que serão atendidos, das fontes de receita e da estrutura de custos.

  • Passo 2: Análise. Na avaliação detalhada, a gestora verifica, entre outros aspectos, o estágio de desenvolvimento da empresa, a aderência do produto ao mercado, o diferencial competitivo, os concorrentes, a capacidade de escalar vendas, a equipe envolvida e o modelo de negócios em diversos aspectos.

  • Passo 3: Negociação. Construção da proposta de investimento entre as empresas selecionadas e o fundo com a definição da participação dos novos sócios e o funcionamento da empresa.

  • Passo 4: Aprovação. As propostas de investimento passam pela aprovação de um comitê formado por cotistas, quando houver.

  • Passo 5: Investimento. Após a aprovação, a empresa passa por due diligence (uma espécie de auditoria), para validação das informações. A empresa é convertida em S.A. e ocorre o primeiro aporte de recursos.

COMO A EMPRESA PODE SE PREPARAR

  • Em eventos de empreendedorismo e inovação, a apresentação da empresa, ou pitch, é muito comum, conectando startups e investidores para tirar boas ideias do papel. Um pitch serve para que a empresa convença a organização interessada a acreditar no seu negócio. O formato consiste em uma exposição breve sobre a ideia do negócio, com as informações essenciais e diferenciadas do projeto.

COMO ELABORAR UMA APRESENTAÇÃO

  1. Defina seu objetivo junto ao público para orientar o conteúdo e o formato;
  2. Estude o público, assim, você consegue definir a melhor abordagem para demonstrar valor;
  3.  Seja objetivo e foque no que o seu público precisa saber para que você atinja a sua meta;
  4.  Explique claramente suas soluções e propostas;
  5.  Defina o modelo de negócios, a lógica de criação, entrega e captura de valor, com projeção financeira realista;
  6. Esteja preparado para responder a todo tipo de perguntas relacionadas ao negócio.

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Fonte: Bandes

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