A petroleira norueguesa Equinor (antiga Statoil) quer ampliar suas atividades no Espírito Santo. A empresa, que já possui blocos de exploração de petróleo no Estado, pretende usar o mar capixaba também para gerar energia limpa, a partir de ventos, na região de Itapemirim, no litoral Sul.
A Equinor está licenciando um parque eólico offshore (no mar) no Estado e outro no norte do Rio de Janeiro, com capacidade de 2 gigawatts (GW) cada, totalizando 4 GW, segundo informações publicadas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" neste sábado (10). Trata-se do maior projeto de energia eólica já apresentado a órgãos ambientais no país e também a primeira iniciativa dessa fonte energética da empresa no Brasil, sendo que ela possui operações similares na Europa desde 2017.
Para se ter ideia do tamanho do empreendimento, a energia gerada pelas turbinas (aerogeradores) nos dois parques seria suficiente para abastecer todas as residências do Espírito Santo e ainda sobrar. Em todo o ano passado, a energia gerada a partir de ventos teve cerca de 6 GW instalados no país. O Brasil, porém, ainda não possui nenhum projeto eólico em alto mar.
Segundo o Estadão, os projetos entregues ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) foram batizados de Aracatu I, que ficará na costa do Rio de Janeiro, com a energia levada por cabos para Campos do Goytacazes; e Aracatu II, que levará energia para Itapemirim.
Cada parque terá uma subestação de conversão em alto mar, de onde será feito o escoamento para a costa. Em terra, outras subestações farão a conexão com a rede interligada de transmissão de energia elétrica.
A previsão da empresa no estudo é concluir os projetos até 2024. De acordo com o formulário entregue pela companhia às autoridades ambientais, o complexo eólico offshore será composto por 320 geradores (160 em cada parque) a cerca de 20 quilômetros da costa, em águas entre 15 e 35 metros de profundidade. A empresa afirma no documento ainda que poderá expandir a potência de cada parque para 2,33 GW e que as características da região permitem usinas eólicas de até 14 MW.
Ainda sem uma estimativa de um valor, o Estadão afirma que a Equinor deve aplicar muitos milhões do seu orçamento no Brasil nos próximos anos no mega projeto. Devido ao tamanho do empreendimento, a recém-empossada presidente interina da empresa no Brasil, Letícia Andrade, afirmou ao jornal que o licenciamento ambiental pode levar de um a três anos.
O projeto é a principal aposta da empresa para reduzir as emissões de carbono causadas pela sua operação. A ideia da atual gestão da Equinor é transformá-la em uma empresa ampla de energia, e não apenas de petróleo, destinando globalmente até 20% dos seus investimentos para projetos de energia renovável até 2030.
Procurada por A Gazeta, a Equinor informou que submeteu a proposta ao Ibama no dia 19 de agosto para analisar a possibilidade de desenvolver um projeto eólico offshore no Brasil, e que, como ainda está no início da fase da avaliação, seria cedo para fornecer detalhes e um cronograma de desenvolvimento. "Considerando a profundidade das águas, estamos prevendo turbinas fixas de fundo e precisamos de permissão para pesquisar a área para determinar como um projeto pode ser desenvolvido", afirmou.
A empresa também explicou que estabeleceu uma meta de que, até 2035, aumentará sua capacidade renovável instalada em 30 vezes. "Estamos avançando para nos tornarmos uma importante parte do setor eólico offshore global, e, para cumprir nossa estratégia, continuamos avaliando diferentes oportunidades de negócios globalmente. Vemos um potencial para energia eólica offshore no Brasil, um país que consideramos uma área essencial para nossa empresa".
A Equinor já possui operações no Espírito Santo, na exploração de petróleo em áreas da Bacia do Espírito Santo. Segundo a empresa informa em seu site, são áreas com potencial de descobertas que até o final de 2022 devem ter cinco prospectos de alto impacto no pré-sal perfurado para encontrar petróleo e?provar?a?capacidade de produção. No país, a companhia tem 600 empregados diretos e, se incluídos terceirizados, o dobro.
Outra empresa tem visto boas oportunidades nos ventos do litoral Sul do Espírito Santo. A empresa Wotu Winds, com sede no Rio de Janeiro e formada por investidores nacionais e estrangeiros, desenvolveu um projeto para instalação de um parque eólico offshore no litoral dos municípios de Itapemirim, Marataízes e Presidente Kennedy, conforme noticiou a colunista Beatriz Seixas, de A Gazeta.
A coluna mostrou que uma das justificativas pelo interesse na região seria a intensa atividade offshore, graças aos complexos portuários próximos e os grandes campos de produção de petróleo localizados na área, provocando uma grande movimentação de navios de cargas e de embarcações de apoio para atividades de produção de petróleo e gás, o que contribui para geração de ventos.
Com informações da Agência Estado
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