A chegada de grandes lojas de varejo no Espírito Santo, como a Leroy Merlin, do setor da construção civil, e a Petz, voltada para o mercado de animais de estimação, somada aos planos de expansão no Estado das Lojas Americanas e do Magazine Luiza, está travando uma guerra com o comércio local. Essas grandes varejistas prometem brigar pesado com as empresas que já estavam instaladas por aqui para fidelizar o consumidor capixaba.
Prometendo melhores preços, serviços diferenciados, facilidades na entrega e possibilidade de encontrar diversos produtos em um só local, as gigantes do varejo estão forçando as companhias locais a se movimentar para não perder fatia do mercado.
Entre as empresas que estão de olho no mercado capixaba está a norte-americana Amazon, que avalia instalar um Centro de Distribuição (CD) no Espírito Santo e que lançou recentemente um serviço para entrega em até dois dias. Também com foco no digital, um CD da Americanas e da B2W deve ser construído em 2020 no Estado com a promessa de distribuição em até 24 horas.
Nas vendas físicas, a chegada da Leroy Merlin em Vitória, em dezembro, também já tem exigido a reação da concorrência local. Já o Magazine Luiza, até hoje sem atuar em terras capixabas, quer ter pontos de vendas por aqui em parceria com marcas como a Marisa.
Se para as empresas tradicionais essa ofensiva capixaba das grandes varejistas preocupa, para os consumidores a notícia é pra lá de boa. E os motivos são vários: desde uma entrega mais rápida até uma possível redução nos preços dos produtos.
Essas grandes empresas quando se instalam mudam a dinâmica do comércio local e acirra a concorrência. Para o cliente é muito bom, porque ele ganha mais opções de compra e, com a lei da oferta e da procura, o preço dos produtos tende a cair, explicou o professor de empreendedorismo da UVV Rafael Galveas.
O que os empresários locais precisam fazer para não perder sua importância no mercado é investir em marketing de relacionamento e personalização dos serviços. É preciso conhecer o cliente, dar um atendimento diferenciado, oferecer facilidades na prestação de serviço. Enfim, agregar valor aos produtos que são vendidos, acrescentou.
Conhecendo o cliente, por exemplo, é que o empresário conseguirá dizer se será vantajoso manter o estabelecimento aberto por mais tempo ao longo do dia e se podem ser adicionados outros serviços ao que já é oferecido regularmente.
O presidente em exercício da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES), João Elvécio Faé, vê a chegada de novas empresas como benéfica até mesmo para os comerciantes que já atuam na região.
O comerciante local sempre aprende muito com essas novas lojas, principalmente em termos de modernidade. Há muitos anos, quando o Bom Preço veio para a Grande Vitória, todos os supermercados deram um salto gigante na qualidade das lojas, lembrou.
Além disso, essas empresas precisam de muitos funcionários, o que aumenta o poder aquisitivo das famílias da nossa região, completou Faé.
O economista Eduardo Araújo destacou que durante a recente crise econômica algumas empresas do setor varejista precisaram fechar as portas. Agora as empresas que conseguiram permanecer no mercado tendem a aproveitar esse novo ciclo.
O nível de otimismo dos empresários está bem elevado - os patamares são semelhantes aos de 2010, antes da crise. Se nenhum fator externo atrapalhar, a gente tende a aumentar o nível de emprego e consumo, mantendo mercado tanto para as empresas que chegam quanto para as que já estão instaladas no Estado, concluiu Araújo.
Tal positivismo também deve chegar ao Espírito Santo. Estamos esperando investimentos este ano na Grande Vitória, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Guarapari. Existem contatos de lojas locais como Carone e Extrabom, e outras de fora, revelou João Elvécio Faé.
O cenário econômico otimista previsto para 2020 - com a manutenção dos juros baixos, aumento de investimentos, geração de empregos e consequente aumento do poder de compra das famílias - pode ser muito bem aproveitado pelas redes varejistas. Na bolsa de valores, por exemplo, as ações dessas companhias têm sido recomendadas como boa opção de investimento, tendo em vista a tendência de crescimento do setor.
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