Golpistas estão se aproveitando da vulnerabilidade de trabalhadores informais e beneficiários do Bolsa Família, diante da pandemia do coronavírus, para furtar dados pessoais. Em todo o país, mais de 4,5 milhões de pessoas já caíram em algum dos golpes do chamado "coronavoucher".
Os criminosos utilizam o auxílio de R$ 600, aprovado na última segunda-feira (30) pelo Senado, para chamar a atenção das pessoas. A partir de mensagens compartilhadas pelo WhatsApp, os golpistas enviam links maliciosos que, ao serem acessados, podem roubar dados pessoais e bancários das vítimas.
O delegado titular da Delegacia de Crimes Cibernéticos do Espírito Santo, Breno Andrade, explica que os criminosos estão se aproveitando de um momento onde as pessoas querem informações sobre o assunto para roubar os dados.
"Essas pessoas fazem com que você acredite naquele link falso que foi encaminhado, às vezes, por amigos ou parentes. Acessando-o, o criminoso consegue ter acesso aos seus dados, seja instalado automaticamente um programa malicioso ou quando você preenche suas informações pessoais em algum site que indiquem", aponta.
Ele lembra que essa não é a primeira vez que criminosos agem dessa forma. Durante a tragédia de Brumadinho, por exemplo, foram relatados envios de mensagens com pedidos de ajuda para famílias das vítimas da tragédia, mas, na verdade, tentavam roubar dados ou até mesmo conseguir dinheiro.
Ainda segundo o delegado, com dados como nome, data de nascimento, CPF, RG e endereço das vítimas em mãos, os criminosos podem abrir contas bancárias, contratar empréstimos ou usar essas informações para cometer outros crimes.
Outro roubo de informações que é praticado pelos criminosos, segundo o especialista em tecnologia e comentarista da CBN Vitória, Gilberto Sudré, é o de e-mail e senha. Ele explica que, caso um desses sites acessados peça para inserir e-mail e uma senha, e estes sejam os mesmos dos usados nas redes sociais e para acessar o próprio e-mail, há risco dos bandidos "sequestrarem" esses meios de comunicação do usuário.
"Nunca use as mesmas senhas para redes sociais, e-mail, sites e aplicativos. Percebeu que caiu num golpe, troque imediatamente as senhas das suas contas", orienta Sudré.
"Grande parte desses links maliciosos tem como objetivo roubar dados pessoais e financeiros das vítimas ou levá-las a páginas falsas para visualizar publicidades excessivas", conclui.
De acordo dados do laboratório de segurança digital da PSafe, o número de pessoas que caíram na armadilha dos criminosos mais do que quadruplicou em uma semana. No último dia 24, o golpe tinha atingido cerca de um milhão de brasileiros. Naquele momento o governo federal havia anunciado que pagaria aos trabalhadores informais um voucher no valor de R$ 200.
Na última quinta-feira (26), a Câmara dos Deputados aprovou o pagamento do auxílio com um valor maior do que o proposto inicialmente pelo governo. Com isso, trabalhadores informais poderiam receber R$ 600. O projeto foi aprovado na última segunda-feira (30) pelo Senado e a expectativa é que seja sancionado nesta terça-feira (31) pelo presidente Jair Bolsonaro.
O pagamento será feito pela Caixa Econômica Federal e a liberação do benefício deve ocorrer por grupos. Ainda de acordo com o governo federal, o primeiro a ser contemplado é o dos usuários do Bolsa Família. Depois, os trabalhadores que não têm carteira assinada, como autônomos e microempreendedores individuais (MEIs).
As vítimas recebem, por meio de aplicativos, principalmente o WhatsApp, uma mensagem sobre o auxílio de R$ 600. Nela, criminosos pedem que o usuário acesse um link e preencha um formulário para saber se tem ou não direito ao saque. As mensagens podem ter sido enviadas por parentes ou amigos, que compartilham sem saber que se trata de um golpe e que, dessa forma, acabam conquistando a confiança da vítima.
Alguns desses links são:
Evite clicar em links de mensagens que ofereçam brindes, prêmios ou benefícios. Na maioria das vezes, eles são golpes.
Desconfie de informações sensacionalistas ou ofertas muito vantajosas e busque fontes confiáveis. Se for "demais", procure por mais informações para saber se aquilo é verdadeiro ou não.
Se forem mensagens falando sobre assuntos governamentais, como benefícios sociais e questões de saúde pública, busque a informação em sites oficiais, como do Ministério da Economia e do Ministério da Saúde, e em veículos de imprensa conhecidos.
Não compartilhe mensagens sem antes verificar se a informação é verídica e se os links são seguros. A Gazeta tem um grupo de WhatsApp em que envia durante todo o dia informações de qualidade e checadas sobre o tema coronavírus. Para participar dele, basta clicar aqui.
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Uma outra dica bem simples é fazer uma busca no navegador do seu aparelho, pode ser Google, Bing, Yahoo ou qualquer outro. Basta digitar o nome da instituição que você quer encontrar. No Google, por exemplo, o link dos sites confiáveis aparece primeiro.
Uma ferramenta do Google possibilita checar se o endereço é confiável ou não. Acesse clicando aqui.
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