O governador Renato Casagrande afirmou nesta sexta-feira (17) que vai considerar o número de casos confirmados de coronavírus em cada cidade do Espírito Santo para determinar que locais poderão retomar as atividades comerciais na semana que vem, e quais ainda terão que manter as portas fechadas por mais tempo. O governo pretende ainda incluir outros dados nas semanas seguintes para decidir quais município podem e quais não podem manter as lojas funcionando, como o número de leitos hospitalares disponíveis.
Mais cedo, o governador já havia afirmado que a decisão sobre a flexibilização da abertura do comércio será anunciada até este sábado (18). Por conta das medidas de isolamento social para evitar a disseminação da Covid-19, o comércio do Espírito Santo tem amargado perdas desde os primeiros decretos em meados de março.
"A decisão será tomada amanhã (18), mas pode ser que a nossa avaliação permita que em alguns municípios onde há número menor de casos abra atividade comercial mantendo o isolamento e a não aglomeração", afirmou Casagrande. O decreto que proíbe o funcionamento do comércio só tem validade até domingo (19).
O governador, contudo, afirmou que será responsabilidade das prefeituras manter o controle sobre a evolução da transmissão do vírus e, caso o número de pacientes comece a subir nesses locais, eles terão a atividade comercial interrompida novamente.
Nesta sexta-feira, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES) entregou ao governo do Estado uma proposta pedindo a reabertura dos shoppings a partir de segunda-feira. A ideia é que os estabelecimentos funcionem das 12h às 20 horas, seguindo uma série de recomendações para a preservação da saúde dos funcionários e clientes. Entre elas, estão manter dispensers de álcool em todos os acessos, elevadores e praça de alimentação, adotar medidas rigorosas de limpeza e desinfecção de locais como mesas e corrimão, e reduzir a quantidade de mesas e cadeiras na praça de alimentação, aumentando a distância entre elas, para evitar aglomeração, entre outras medidas.
Além disso, os estabelecimentos também se comprometem a liberar trabalhadores dos grupos de riscos e não permitir que funcionários trabalhem com sintomas de gripe.
Na última quarta-feira (15), representantes da Fecomércio, Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Federação das Indústrias do Estado (Findes) e governo do Estado se reuniram para conversarem sobre as medidas para a abertura do comércio.
A proposta é que as lojas reabram a partir da próxima quarta-feira (22), já que a segunda (20) e a terça-feira (21) são feriados, o que geraria altos encargos e baixa demanda. "Estamos equalizando nossas atividades em três horários de entrada e três de saída", disse Cláudio Sipolatti, diretor da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Vitória.
De acordo com o diretor da Fecomércio José Carlos Bergamin, os comerciários apresentaram uma proposta ao governo. Para que a atividade seja retomada, será preciso que as empresas obedeçam critérios de saúde e segurança das pessoas e seja analisado o perfil de cada localidade, diante do número de casos da doença e do fluxo de pessoas.
Segundo a proposta, o comércio de rua da Grande Vitória e de municípios com mais de 40 mil habitantes funcionaria das 8h às 16 horas. O funcionamento estaria condicionado ao tipo de atividade comercial que cada loja tem. Material de construção e afins são os primeiros a abrirem, às 8 horas, e também os primeiros a fechar. Já outros tipos de lojas abririam entre 9h e 10 horas, fechando às 16 horas.
Já nas cidades que têm até 40 mil habitantes, segundo a Fecomércio, não se justifica ter muitas divisões de horário porque a atividade comercial é tímida e não necessita tanto do uso de transporte coletivo. Porém, não vai ter comércio noturno e as lojas terão de encerrar suas atividades às 16 horas.
Bergamin ainda enfatiza que o governo vai adotar critérios de abertura, porque é necessário que tudo seja feito com segurança e com responsabilidade social. "O comércio está muito cuidadoso para que, lá na frente, não falem que o comércio forçou a barra. Nossa situação é dramática. O governo tem vontade de abrir, mas ele não pode abrir mão da orientação da saúde", ressaltou.
Além do número de casos e uso da rede de saúde, a decisão vai levar em conta também fatores concentração da população e tipo de comércio, se é centro comercial, shopping ou de bairro. De acordo com Bergamin, pode ser que tenha uma cidade pequena que tenha o vírus circulando e que a abertura seja mais restritiva ou não aconteça.
"Vamos abrindo e medindo como está o comportamento da doença em cada local. Se houver uma cidade que estiver mais critica, ela vai ser olhada de uma maneira especial para avaliar a quantidade de pessoas já imunizadas e se terá um novo fechamento", explica.
A maior preocupação é com relação ao transporte público. Como muitos trabalhadores dependem desse meio de mobilidade urbana, o pedido do setor é para a criação de linhas especiais e que os segmentos do comércio funcionem em horários diferentes. De acordo com Bergamin, os trabalhadores devem usar o transporte em três horários, divididos entre manhã, tarde e noite, o que reduziria o número de pessoas nos coletivos. Além disso, deve haver incentivo por meios alternativos, como a bicicleta, por exemplo.
"Não tem problema abrir todos os comércios de uma única vez, porque nenhuma loja vai ficar entupida de gente. Mas, trata-se da circulação do transporte coletivo e na rua. Dividir os horários tem o objetivo de não acumular no transporte", comenta.
De acordo com Bergamin, cada funcionário deve receber quatro máscaras reutilizáveis para trabalhar. Além disso, há a sugestão de que as empresas também deem máscaras aos clientes.
"Sugerimos que os atendimentos sejam realizados sem proximidade, que os funcionários usem obrigatoriamente máscaras e tenham álcool em gel disponível, assim como equipamentos higienizados. Além disso, em caso de fila, que seja realizada a marcação de distanciamento no piso e a cada cliente, equipamentos do caixa sejam higienizados", apontou.
"O governo recebeu o nosso pleito e vai avaliar ele com sua equipe técnica. A decisão que o Estado tomar nós vamos aceitar e não reclamar. Cada crise tem uma grande ator, e nesse caso é a saúde. Até sábado (18), o governo deve tomar sua decisão final. Vamos fazer uma nova reunião na sexta à tarde ou sábado pela manhã para decidir", afirmou o diretor da Fecomércio.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta