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'Guerra do petróleo' pode afetar investimentos no Espírito Santo

"Guerra do petróleo" pode afetar investimentos no Espírito Santo

O conflito prologando entre Arábia Saudita e Rússia, situação que tem derrubado o preço do barril, pode inviabilizar projetos, como perfuração em novos poços

Publicado em 9 de março de 2020 às 12:39

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Plataforma da Petrobras P-58, que atua no campo de Jubarte, no Parque das Baleias, no Sul do Espírito Santo. (Agência Petrobras)
Guerra do petróleo pode afetar investimentos no Espírito Santo

A guerra do petróleo, entre Rússia e Arábia Saudita, tem derrubado as cotações do barril de petróleo, as bolsas de valores ao redor do globo, e também a confiança dos investidores. Com todos esses fatores, somado ao coronavírus, até mesmo os investimentos previstos no setor de óleo e gás no Espírito Santo, como a perfuração de novos poços, podem ser prejudicados. 

Para Fernando Galdi, doutor em Finanças e Contabilidade e professor da Fucape, a economia mundial dá sinais muito fortes de uma queda na atividade econômica. Apesar de considerar cedo para fazer uma análise definitiva, Galdi diz que tal desaceleração pode levar à recessão da economia – quando o crescimento apresenta dados negativos.

“O mercado está refletindo os problemas vistos na saúde, com o coronavírus, e o geopolítico, que foi o gatilho para a queda do preço do barril de petróleo”, comenta. Nesta segunda-feira, por exemplo, a Bolsa de São Paulo precisou acionar o sistema que suspende o pregão após as ações do Ibovespa apresentarem queda de 10%.

Ao mesmo tempo em que o preço do petróleo e as ações caem, o dólar alcança altas históricas. Em Vitória, a moeda americana já está sendo vendida acima de R$ 5. Segundo Galdi, esse aumento reflete a incerteza dos investidores – que procuram, cada vez mais, mercados mais sólidos para investir.

“Quando você tem uma situação de crise os investidores acabam procurando ativos de menor risco. Isso acaba refletido nas bolsas, no dólar e no ouro, que também tem subido muito. O Brasil, especificamente, tem sido mais atingido pela alta do dólar porque os juros estão baixos, o que torna o país pouco atrativo para os investidores estrangeiros”, explica o doutor em Finanças e Contabilidade.

Segundo o professor, certamente esses acontecimentos provocarão um efeito cascata que vai afetar o crescimento da economia brasileira – o efeito, no entanto, vai depender de quanto tempo as crises tendem a durar.

“Especialistas não acreditam que essa queda do petróleo vá ser revertida no curtíssimo prazo. Tem que esperar para ver o que a Petrobras vai fazer e se haverá alteração na produção”, comenta.

Questionada, a Petrobras informou por meio de nota que ainda é prematuro fazer projeções sobre impactos no mercado de óleo e gás. “A Petrobras monitora o mercado e segue com seu plano estratégico que prepara a companhia para atuar com resiliência em cenários de preços baixos. A Petrobras avalia que ainda é prematuro fazer projeções sobre eventuais impactos estruturais no mercado de óleo e gás associado à recente e abrupta variação nos preços do petróleo dado que ainda não está claro nem a intensidade ou mesmo a persistência do choque nos preços”, informou a nota.

PREÇO DO BARRIL PODE INVIABILIZAR NOVOS PROJETOS

Nos últimos anos a produção de petróleo no Espírito Santo já vem caindo – 12% em 2018 comparado com 2017 e 15% em 2019 na comparação com 2018. De acordo com especialistas no setor, isso acontece porque o Estado já tem poços maduros, que já não produzem tanto quanto os novos.

A queda do preço do barril, por sua vez, pode inviabilizar os projetos para que surjam novos poços, segundo avalia o gerente de Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Durval Vieira de Freitas.

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Se a situação permanecer assim, os investimentos em novos poços, principalmente das áreas vendidas no último leilão, podem ser prejudicados

Durval Vieira de Freitas
Gerente de Petróleo e Gás da Findes
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Ele ressalta que o momento ainda é de cautela. “Eu acho que esse impasse não será duradouro, então tem que ter cautela. Se permanecer assim por muito tempo vai ser ruim pra todo mundo”, conclui o gerente de Petróleo e Gás.

PREÇO DO COMBUSTÍVEL NÃO DEVE SER ALTERADO

Mesmo com o preço do barril de petróleo em queda, o combustível não deve ficar mais barato para o consumidor. Dois motivos podem explicar essa situação: o primeiro é a alta do dólar. “O petróleo está em queda e o dólar está subindo, então é possível que uma queda compense a outra, deixado o preço estável”, avalia Fernando Galdi.

R$ 4,61
É o preço médio da gasolina comum no Espírito Santo

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O segundo motivo é que o barril de petróleo que está sendo negociado com preço em queda é o que será entregue apenas em abril. Logo, a redução no preço dos combustíveis, se ela chegar a acontecer, não vai ser nesse primeiro momento.

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