A pandemia do novo coronavírus provocou uma série de reviravoltas no mercado. O comércio de rua ficou fechado por quase dois meses e abriu só de forma gradual no início das medidas de flexibilização. Parte do setor de serviços ficou sem atividade e o desemprego aumentou em todos os segmentos. Outra mudança significativa foi a nova forma de consumo das pessoas, que foram forçadas a ficar em casa por causa do isolamento social.
Diante dessa avalanche de novidades, empresários de vários segmentos precisaram se reinventar para driblar a crise e continuar na ativa ou até para ganhar um dinheiro extra para reforçar a renda.
O casal Caroline Ferreira Coutinho e Luan Breno dos Santos investiu em cestas e box gourmet. Ela é pedagoga na rede estadual e está sem trabalhar desde quando a pandemia começou e as escolas foram fechadas. Já Luan é engenheiro e ficou desempregado durante a crise, mas já conseguiu se recolocar. Os dois criaram a Valentine Gourmet.
As vendas são feitas pelo Instagram e, para atrair os clientes, procuramos investir no visual, tirar boas fotos. As parcerias também são importantes neste momento. Um bom exemplo são as floriculturas, que encomendam as caixas com a gente. O negócio surgiu por acaso em meio à pandemia, mas quero muito crescer e viver desse trabalho, comenta a pedagoga.
Caroline conta que o casal começou a trabalhar com cestas especiais quando os dois ainda eram estudantes, mas a atividade foi deixada de lado por conta dos compromissos profissionais.
Neste ano, no Dia das Mães, muitos clientes antigos começaram a me ligar querendo fazer encomendas. Com o meu noivo desempregado, eu percebi que essa era uma boa alternativa para complementar a renda. Como nós queríamos algo que fosse um diferencial, investimos nas caixas, relata Caroline.
Eles se casaram em agosto e a ideia do negócio surgiu após pesquisarem tábuas de frios para o chá de lingerie. A festa de casamento, assim como o chá, foi cancelada por causa do coronavírus, mas o casal garantiu o casamento no civil. Os dois montam a cesta ou o box, entregam e fazem a parte financeira da empresa.
Desde quando a pandemia começou, em março, mais de 16 mil empreendedores no Espírito Santo optaram pela modalidade de trabalho como Microempreendedor Individual (MEI). A informação é do Portal do Empreendedor do Sebrae.
Enquanto diversas empresas fecham as portas devido à crise econômica gerada pela pandemia, outras nasceram da necessidade de se transformar. Robbson Queiroz foi um desses empresários que aproveitou para se reinventar durante a crise.
Ele tem uma fintech que atua no ramo de cartões de crédito e viu seu rendimento despencar por conta da queda no consumo. Na pandemia, ele fundou outra empresa, a Caqtos Cosméticos, uma marca voltada para a revenda de produtos, 100% on-line.
Aproveitei a pandemia para repensar a forma de empreender. Quis investir em algo que pudesse gerar não apenas renda própria, mas ajudar milhares de famílias a conquistarem seu dinheiro. Para isso, criei uma revenda, em novo formato, totalmente digital. A ideia funciona como o modelo de venda de porta em porta, sem que a pessoa precise sair de casa para apresentar o produto. Funciona como a revenda de outras marcas de cosméticos, como Natura, conta Robbson.
O Liftbank, banco digital voltado para pessoas jurídicas, também foi impactado pela crise. Segundo o diretor financeiro da fintech, Alexandre Carvalho Soares, em março, houve uma redução drástica no volume de transações, o que o fez repensar o negócio. Por ser um banco digital e de máquinas de cartão de crédito, a fintech sentiu as dores do mercado por conta da queda no consumo.
O momento foi bastante delicado e resultou em uma série de reflexões para que esse quadro fosse revertido. Foi então que pensamos: somos um banco digital e por que não oferecer outros produtos. Isso nos ajudou a manter o equilíbrio e romper a barreira da crise. O mercado está aquecido para os bancos digitais e muitas pessoas querem investir nesse negócio. A partir da crise, passamos a comercializar a plataforma para outros investidores, que usam toda a nossa tecnologia para atuarem como agentes financeiros, comenta.
Soares lembra que a fintech nasceu 100% digital há um ano e meio e logo no início dos trabalhos já tinha clientes em todos os Estados do país.
Não há limite para crescer dentro do mundo digital. No entanto, o empreendedor não pode se acomodar. Ele precisa estar antenado para aquilo que o mercado quer e desenvolver ferramentas e recursos para isso, afirma.
Para o professor de empreendedorismo da UVV, Rafael Galvêas, a tecnologia pode ser vista por algumas pessoas como uma ameaça para os novos negócios e ao emprego, mas ele enxerga o mundo digital como um aliado às novas oportunidades.
O leque de possibilidades é grande. Quem quer empreender precisa se adaptar a essas inovações, caso contrário não consegue se manter no mercado. Dos serviços mais básicos até os mais avançados, as tecnologias mudam o tempo todo. Alguns negócios ou empregos deixam de existir para dar lugar a outros. No entanto, é muito importante se capacitar para estar alinhado ao que o mercado quer, observa.
Ele lembra que as coisas acontecem rápido e que as pessoas buscam algo com cada vez mais rapidez e comodidade.
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