Viajar, começar uma nova dieta, passar mais tempo com a família. Essas são algumas metas comuns de virada de ano. Mas, para muitos, o momento é de organização das finanças. E, diante de um futuro ainda incerto, planejar os investimentos pode fazer toda a diferença.
Em 2021, assim como em qualquer outro ano, os investimentos mais indicados variam de acordo com o objetivo, e o perfil do investidor, conforme lembram os especialistas. Uma pessoa com perfil conservador, ou que precisa de dinheiro no curto prazo, teria maior dificuldade para se adaptar à Bolsa de Valores, por exemplo.
No entanto, o cenário desafiador exige mais jogo de cintura ao poupador. Com a Selic baixa, os fundos de renda fixa e alguns CDBs estão até com rendimento negativo. A poupança em 2020 com a taxa básica em 2% passou a pagar apenas 1,4% ao ano, perdendo, e, muito, para a inflação que deve ter fechado o ano acima de 3%.
Mas o que tem sido um alento para o pequeno investidor é a recuperação da Bolsa de Valores, que na quarta-feira (30), último pregão de 2020, fechou aos 119 mil pontos, após vários momentos de tensão que levaram a B3 a viver circuits breakers (paralisação das negociações após queda acima de 10%). A expectativa para 2021 é que o Ibovespa supere os 132 mil pontos, consolidando aí a retomada do mercado de capitais. Veja o que falam os especialistas:
Os ativos de renda fixa, pelo patamar atual da Selic – 2% ao ano –, devem permanecer como opção pouco vantajosa para os investidores. Entretanto, a depender da finalidade do investimento, não dá para fugir dessa opção.
Se o objetivo é manter uma reserva de emergência, ou se está com uma viagem programada para dentro de poucos meses, por exemplo, o mais indicado é colocar em ativos de alta liquidez e mais conservador.
“A poupança, apesar de ser uma alternativa para quem quer retirar o dinheiro rápido, não deve continuar a não ser tão interessante. Ela não tem como render além disso de 70% da Selic. No próximo ano, mesmo que haja um aumento na taxa básica de juros e que esta chegue, por exemplo, a 3%, ainda seria 70% de 3% (2,1%) ao ano”, observou o sócio da Golden Investimentos, Diego Cordeiro.
Ele observa, porém, que o governo não deve aumentar muito a taxa de juros, pois o endividamento das empresas aumentou durante a pandemia, e isso só agravaria sua situação financeira, causando prejuízos também para o governo.
Se o problema é somente o risco, mas não há tanta preocupação com prazos, algumas opções seriam: títulos do Tesouro, Certificados de Depósito Bancário (CDB), Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA).
Para os investidores dispostos a lidar com risco moderado, a renda fixa também é uma opção, mas combinada a novos investimentos.
“Com o patamar de juros baixo, o mercado imobiliário, por exemplo, demanda muito crédito tendo em vista os valores dos imóveis. Dessa forma, os ativos atrelados a crédito são favorecidos devido à demanda, como fundos imobiliários (FIIs) e debêntures incentivadas, ambos isentos de imposto de renda, e remunerando em média 4% acima da inflação”, destacou Cordeiro.
Esses ativos, geralmente, são aplicações que requerem um pouco mais de tempo, e têm liquidez um pouco menor. Outros investimentos que podem estar na carteira de investidores moderados são os fundos multimercados e ações.
E para quem não tem pressa, e visa à rentabilidade acima de tudo, a renda variável tende a ser a melhor pedida. Mas, vale lembrar que investir na Bolsa de Valores requer conhecimento de mercado.
No início do ano, por exemplo, o Ibovespa se aproximava dos 120 mil pontos, quando o início da pandemia, em março, assustou o mercado global e fez com que o principal indicador da B3, caísse quase pela metade naquele mês.
Nessa forte queda, o investidor precisou aguentar seis circuit breakers, isto é, interrupções temporárias nas negociações, o que contribuiu para que março fosse considerado o pior mês do mercado de ações em 20 anos.
Mas quem teve calma e soube esperar, conseguiu aproveitar o movimento de alta nos meses subsequentes, quando as ações recuperaram suas perdas e voltaram ao patamar de crescimento anterior. Analistas já chegam a projetar que, até dezembro de 2021, esse patamar supere de 132 mil pontos, ou até mais.
Conforme destacou o CFP (Certified Financial Planner) Thiago Rizzo, a volatilidade da Bolsa é uma constante. Fatores internos e externos têm poder de valorizar ou desvalorizar moedas e ações de empresas facilmente.
O cenário de fortalecimento da economia do Brasil e do mundo, juntamente com o início da vacinação contra a Covid-19, deve fazer com que o Ibovespa continue sua trajetória de alta, ainda que o desempenho entre os diferentes setores possa variar.
“A maior variante no curto prazo é a vacina contra a Covid-19. Alguns países já começaram a imunizar a população. E caso a resposta se mostre à altura, a Bolsa pode manter essa estabilidade, ou tendência de crescimento. Caso as economias continuem bloqueadas por mais tempo, pode haver desvalorização dos ativos.”
O mesmo foi destacado pelo economista e sócio da Valor Investimentos, Paulo Henrique Corrêa, que observou, contudo, que são movimentos cíclicos, e que ainda que ocorram eventuais desvalorizações, a tendência no momento é de melhora.
“Com a perspectiva de chegada da vacina e a economia voltando aos trilhos gradualmente, várias empresas estão sendo beneficiadas, e os investidores se beneficiam também. E, nesse cenário, a gente já nota que o portfólio padrão de investimentos do brasileiro vai se tornando um pouco mais arriscado.”
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