A atividade econômica do Espírito Santo recuou 1,4% na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano. O indicador foi resultado do desempenho negativo da indústria, que caiu 5,9% e eclipsou a alta dos setores de serviços (1,3%), agropecuária (4%).
O desempenho da economia do Estado no trimestre ficou abaixo do verificado para o PIB do Brasil, que teve leve aumento de 0,4% no trimestre. Em âmbito nacional, a indústria avançou 0,8%, e os serviços cresceram 1,1%, enquanto a agropecuária caiu 0,9%.
Ainda assim, no acumulado dos nove primeiros meses de 2022, a atividade econômica do Estado cresceu 2,6%, na comparação com o mesmo período de 2021. O resultado é fruto da melhoria de alguns indicadores estaduais e nacionais, entre eles a inflação e o desemprego, que caíram, e o consumo das famílias, que aumentou.
Nesse contexto, a agropecuária (11,3%) e o setor de serviços (5%) — que também inclui comércio e transportes —, cresceram ao longo dos três primeiros trimestres de 2022. Já a indústria geral, impactada pela influência do mercado internacional, retraiu 4,6%.
Os dados fazem parte do Indicador de Atividade Econômica (IAE) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), compilados pelo Observatório da Indústria, divulgados nesta quarta-feira (14).
Segundo a presidente da Federação, Cris Samorini, a melhora no quadro da pandemia do novo coronavírus foi um dos fatores que contribuíram com os resultados positivos do Estado, já que 2022 vem sendo o primeiro ano com a manutenção da redução das restrições sanitárias em relação à Covid-19.
“Também tivemos a desaceleração da inflação e dos indicadores de desemprego, resultados positivos para a economia. Por outro lado, passamos pelo período de eleições para o Executivo nacional e estadual, que sempre é um ponto de atenção para o mercado. Estamos ainda vivendo outros desafios como a guerra entre Rússia e Ucrânia, que vem gerando um desalinhamento nas cadeias produtivas, freando o avanço da nossa economia”, elencou.
Ao longo de 2022, o cenário internacional não foi favorável às economias emergentes, segundo a economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva.
“Isso vem ocorrendo uma vez que a aceleração inflacionária e os ajustes monetários nas principais economias mundiais provocaram uma resistência ao aumento de demanda por commodities e demais insumos industriais. Além disso, ainda estamos vendo, no preço dos insumos, os impactos gerados pela guerra entre Rússia e Ucrânia.”
De acordo com a economista-chefe da Findes, o indicador negativo da indústria deve-se, principalmente, ao desempenho das indústrias extrativas (-22,4%) e de transformação (-2%).
“A queda de 22,4% na indústria extrativa é explicada pela redução nas produções das duas atividades que compõem o setor no Estado: petróleo e gás natural (-34%) e pelotização do minério de ferro e outras atividades (-6,1%)”, disse.
No caso da indústria de transformação, a fabricação de celulose, papel e produtos de papel continuou crescendo. Ao longo dos três primeiros trimestres de 2022, ela acumulou alta de 15,7%, devido ao aumento da demanda interna e externa do produto. Com isso, o segmento acumula três anos de crescimentos consecutivos.
Todavia, esse bom desempeno não foi suficiente para conter os resultados da fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-8,8%), fabricação de coque, de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-6,6%), metalurgia (-2,0%) e fabricação de produtos alimentícios (-2,0%), deixando o resultado geral da indústria de transformação negativo.
“Como destaques positivos, podemos citar o desempenho da indústria da construção (16,3%) e do segmento de energia e saneamento (6,8%) do Estado. Vale ressaltar que, de acordo com a análise da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o ano de 2022 tem se revelado favorável ao setor, configurando o segundo melhor ano da última década, atrás apenas de 2021”, apontou Marília.
De acordo com o IAE-Findes, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, a agropecuária foi o setor que mais cresceu em relação ao mesmo período do ano passado.
O indicador positivo foi impulsionado pelo aumento de 15,4% na produção agrícola, com expansão nas principais lavouras do Estado: café, banana, cana-de-açúcar e tomate. Mas, no caso da pecuária, houve recuo de 2,3% devido à redução na produção de leite e de aves e ovos.
As três atividades que envolvem o setor de serviços (4,6%) também tiveram resultados positivos influenciados pela continuidade no processo de retomada do setor, que teve início no ano passado. Com isso, transporte (2%), comércio (2,2%) e demais atividades de serviços (6,3%) cresceram nos três primeiros trimestres do ano.
De acordo com a presidente da Findes, no âmbito nacional, a principal pauta da Federação é a recriação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). “Ter uma pasta especializada em desenvolver planejamentos de curto, médio e longo prazo para o contínuo desenvolvimento do setor industrial é fundamental. Assim, poderemos ampliar os ganhos e oportunidades que são gerados pela indústria e que impactam no processo de desenvolvimento do país”, apontou Cris Samorini.
Outro destaque feito pela presidente foi em relação aos investimentos e projetos industriais previstos para os próximos anos. “Para os próximos cinco anos serão R$ 27,3 bilhões em investimentos no Espírito Santo distribuídos em 383 projetos identificados pela Bússola de Investimentos da Findes. Estamos falando de negócios como da Olam, Britânia, Suzano, Garoto e Marcopolo.”
*Com informações da Findes
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