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Indústria do ES recua 5,9% e puxa queda da economia no 3° trimestre

Indústria do ES recua 5,9% e puxa queda da economia no 3º trimestre

No acumulado do ano, a atividade econômica do Estado cresceu 2,6%, liderado pela agropecuária e pelo setor de serviços

Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 11:53

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P-58, no Parque das Baleias, área que receberá um novo navio-plataforma com visão ESG
P-58, no Parque das Baleias: extração de petróleo e gás caiu 34% . (STEFERSON FARIA)

A atividade econômica do Espírito Santo recuou 1,4% na passagem do segundo para o terceiro trimestre deste ano. O indicador foi resultado do desempenho negativo da indústria, que caiu 5,9% e eclipsou a alta dos setores de serviços (1,3%), agropecuária (4%).

O desempenho da economia do Estado no trimestre ficou abaixo do verificado para o PIB do Brasil, que teve leve aumento de 0,4% no trimestre. Em âmbito nacional, a indústria avançou 0,8%, e os serviços cresceram 1,1%, enquanto a agropecuária caiu 0,9%.

Ainda assim, no acumulado dos nove primeiros meses de 2022, a atividade econômica do Estado cresceu 2,6%, na comparação com o mesmo período de 2021. O resultado é fruto da melhoria de alguns indicadores estaduais e nacionais, entre eles a inflação e o desemprego, que caíram, e o consumo das famílias, que aumentou.

Nesse contexto, a agropecuária (11,3%) e o setor de serviços (5%) — que também inclui comércio e transportes —, cresceram ao longo dos três primeiros trimestres de 2022. Já a indústria geral, impactada pela influência do mercado internacional, retraiu 4,6%.

Indústria do ES recua 5,9% e puxa queda da economia no 3º trimestre

Os dados fazem parte do Indicador de Atividade Econômica (IAE) da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), compilados pelo Observatório da Indústria, divulgados nesta quarta-feira (14).

Segundo a presidente da Federação, Cris Samorini, a melhora no quadro da pandemia do novo coronavírus foi um dos fatores que contribuíram com os resultados positivos do Estado, já que 2022 vem sendo o primeiro ano com a manutenção da redução das restrições sanitárias em relação à Covid-19.

“Também tivemos a desaceleração da inflação e dos indicadores de desemprego, resultados positivos para a economia. Por outro lado, passamos pelo período de eleições para o Executivo nacional e estadual, que sempre é um ponto de atenção para o mercado. Estamos ainda vivendo outros desafios como a guerra entre Rússia e Ucrânia, que vem gerando um desalinhamento nas cadeias produtivas, freando o avanço da nossa economia”, elencou.

Cenário internacional impactou desempenho da indústria

Ao longo de 2022, o cenário internacional não foi favorável às economias emergentes, segundo a economista-chefe da Findes e gerente-executiva do Observatório da Indústria, Marília Silva.

“Isso vem ocorrendo uma vez que a aceleração inflacionária e os ajustes monetários nas principais economias mundiais provocaram uma resistência ao aumento de demanda por commodities e demais insumos industriais. Além disso, ainda estamos vendo, no preço dos insumos, os impactos gerados pela guerra entre Rússia e Ucrânia.”

De acordo com a economista-chefe da Findes, o indicador negativo da indústria deve-se, principalmente, ao desempenho das indústrias extrativas (-22,4%) e de transformação (-2%).

“A queda de 22,4% na indústria extrativa é explicada pela redução nas produções das duas atividades que compõem o setor no Estado: petróleo e gás natural (-34%) e pelotização do minério de ferro e outras atividades (-6,1%)”, disse.

No caso da indústria de transformação, a fabricação de celulose, papel e produtos de papel continuou crescendo. Ao longo dos três primeiros trimestres de 2022, ela acumulou alta de 15,7%, devido ao aumento da demanda interna e externa do produto. Com isso, o segmento acumula três anos de crescimentos consecutivos.

Todavia, esse bom desempeno não foi suficiente para conter os resultados da fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-8,8%), fabricação de coque, de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-6,6%), metalurgia (-2,0%) e fabricação de produtos alimentícios (-2,0%), deixando o resultado geral da indústria de transformação negativo.

“Como destaques positivos, podemos citar o desempenho da indústria da construção (16,3%) e do segmento de energia e saneamento (6,8%) do Estado. Vale ressaltar que, de acordo com a análise da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o ano de 2022 tem se revelado favorável ao setor, configurando o segundo melhor ano da última década, atrás apenas de 2021”, apontou Marília.

Agropecuária e serviços têm bons resultados

De acordo com o IAE-Findes, no acumulado de janeiro a setembro deste ano, a agropecuária foi o setor que mais cresceu em relação ao mesmo período do ano passado.

O indicador positivo foi impulsionado pelo aumento de 15,4% na produção agrícola, com expansão nas principais lavouras do Estado: café, banana, cana-de-açúcar e tomate. Mas, no caso da pecuária, houve recuo de 2,3% devido à redução na produção de leite e de aves e ovos.

As três atividades que envolvem o setor de serviços (4,6%) também tiveram resultados positivos influenciados pela continuidade no processo de retomada do setor, que teve início no ano passado. Com isso, transporte (2%), comércio (2,2%) e demais atividades de serviços (6,3%) cresceram nos três primeiros trimestres do ano.

Findes quer recriação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic)

De acordo com a presidente da Findes, no âmbito nacional, a principal pauta da Federação é a recriação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). “Ter uma pasta especializada em desenvolver planejamentos de curto, médio e longo prazo para o contínuo desenvolvimento do setor industrial é fundamental. Assim, poderemos ampliar os ganhos e oportunidades que são gerados pela indústria e que impactam no processo de desenvolvimento do país”, apontou Cris Samorini.

Outro destaque feito pela presidente foi em relação aos investimentos e projetos industriais previstos para os próximos anos. “Para os próximos cinco anos serão R$ 27,3 bilhões em investimentos no Espírito Santo distribuídos em 383 projetos identificados pela Bússola de Investimentos da Findes. Estamos falando de negócios como da Olam, Britânia, Suzano, Garoto e Marcopolo.”

*Com informações da Findes

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