A economia capixaba cresceu 4% nos seis primeiros meses de 2023, comparando com o mesmo período do ano passado. O resultado foi superior ao registrado no Brasil, que teve aumento de 3,7%. Os dados do Indicador de Atividade Econômica (IAE), da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) apontam que o resultado positivo da economia capixaba foi impulsionado pelas altas no setor da indústria (2,8%), em especial da extrativa, e também pela área de serviços (6,3%).
Nos primeiros seis meses do ano, a indústria extrativa cresceu 13,8%, devido à maior produção de petróleo e gás (+6,9%) e pelotas de minério (+21,5%). Também contribuíram positivamente as atividades de construção (+2,2%) e energia e saneamento (+2,8%).
Com o resultado, o IAE da Findes avaliou que a economia capixaba superou em 9,8% o nível pré-pandemia, ficando acima do índice do Brasil, com alta de 7,4% também em relação ao período antes da pandemia.
O desempenho positivo do setor de serviços foi influenciado pelas taxas positivas em todas as suas atividades: comércio (6,4%), transporte (4%) e demais atividades de serviços (6,6%). “O mercado de trabalho favorável, a descompressão inflacionária, os programas governamentais de transferência de renda e a melhora das expectativas dos agentes econômicos ajudam a explicar essas taxas de crescimento”, esclarece Marília Silva.
O setor de petróleo e gás natural foi um dos destaques do estudo. Depois de enfrentar diversas quedas nos últimos anos pelo declínio natural dos poços maduros e pela redução de rodadas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), sustenta agora uma trajetória de crescimento. No segundo trimestre de 2023, o setor acumulou 6,9% de crescimento. Frente ao segundo trimestre de 2022, a alta foi de 21,4%.
A retomada está sendo impulsionada pelo aumento na produção do ambiente onshore, a partir do programa de desinvestimento da Petrobras, com a venda de campos de produção no Norte do Espírito Santo.
O setor, inclusive, foi destaque na Pesquisa Industrial Mensal referente ao mês de julho divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada também nesta quarta (13). Comparando com o mês de julho de 2022, a produção industrial do Espírito Santo cresceu 31,7% em julho de 2023. O que mais contribuiu para esse resultado, com impacto de 65% no indicador, segundo a presidente da Findes, Cris Samorini, foi o aumento da produção da indústria extrativa, principalmente o petróleo e gás.
No período, houve a retomada da produção da FPSO Anchieta, participação maior de novas empresas e o Parque das Baleias estava em queda de produção, o que torna a base de comparação mais baixa no ano passado.
A redução da taxa de desocupação no Espírito Santo também foi destaque no semestre, bem como a melhora no rendimento do trabalho. No Estado, a taxa de desocupação de janeiro e junho de 2023 ficou em 6,7% no Espírito Santo e 8,4% no Brasil. A renda média do trabalhador também está em alta desde o ano passado, chegando a R$ 2.904 no Estado e R$ 2.921 no Brasil. Para a Findes, a recuperação do rendimento do trabalhador aponta para o retorno à normalidade do mercado de trabalho.
A única atividade industrial a recuar no primeiro semestre do ano foi a indústria de transformação (-10,2%). Ela foi impactada pelas quedas em todas as atividades: fabricação de produtos de minerais não-metálicos (-19,5%), metalurgia (-10,2%), fabricação de celulose e papel (-5,3%), fabricação de produtos alimentícios (-1,5%) e fabricação de coque, de derivados do petróleo e de biocombustíveis (-0,9%).
Para Marília Silva, a queda na indústria da transformação não é um comportamento específico do Espírito Santo. "A gente está em um momento em que o mundo está com nível de produção mais reduzido. Inclusive a China que tem parcela importante", detalha.
Sobre os setores de minerais não metálico e metalurgia, a produção do Estado acaba sendo grande fornecedora para o mercado externo. A queda da demanda acaba impactando na produção local.
Já a agropecuária retraiu de 12,1% devido às quedas tanto na pecuária (-4,2%), quanto na agricultura (-15%), sendo esta última influenciada, entre outros motivos, pela bienalidade negativa do café esperada para 2023. A produção do café tem impacto significativo porque representa 66% do setor.
Na pecuária, a dificuldade em se recompor, segundo a economista-chefe da Findes, tem relação ainda com efeitos da pandemia e com a guerra entre Rússia e Ucrânia, que impactou no valor dos grãos, bem como na variação do câmbio.
Outros indicadores importantes para o crescimento do Estado e do Brasil também foram favoráveis segundo a Findes. De acordo com o IBGE, no primeiro semestre do ano, a inflação ao consumidor (IPCA), acumulada em 12 meses, ficou em 3,16% e a taxa de desocupação no Brasil chegou a 8%, no segundo trimestre encerrado em junho, enquanto no Espírito Santo atingiu 6,4%. Além disso, a taxa básica de juros, a Selic, foi reduzida no final de julho para 13,25% e a expectativa é que continue em trajetória de queda.
Presidente da Findes, Cris Samorini comenta que, para a economia do Estado e do Brasil continuar nessa trajetória de resultados positivos, medidas de extrema importância precisam ser fortalecidas.
“Maior segurança jurídica, juros mais baixos e estabilidade econômica no país são indispensáveis para que o empresário tome a decisão de investir e o Brasil cresça”, afirma.
A presidente complementa que juros mais baixos e crédito mais barato são sinônimo de mais investimento nas empresas e de geração de emprego e renda. “Outro ponto fundamental é aprovar a reforma tributária de forma que traga simplicidade, transparência e isonomia para o sistema tributário brasileiro”, aponta.
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