Com mais de 16 mil empresas ativas, o setor industrial capixaba atua para vencer desafios: crescer em meio a momentos difíceis, principalmente por conta da desaceleração de alguns segmentos, como o extrativo.
Segundo a empresária Chris Samorini, presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), o Estado tem capacidade de se recuperar num futuro bem próximo. A Bússola do Investimento da organização prevê R$ 32 bilhões aplicados em 338 projetos até 2028, grande parte deles originários do setor industrial, a exemplo dos da Vale, EDP, Imetame, Suzano, Petrobras, Olam, Blend Coffee, Chocolates Garoto, Britânia, Oxford e Marcopolo.
“Mesmo com resultados que foram impactados pelo setor extrativo - fruto principalmente do rompimento das barragens de Mariana e Brumadinho e pelo declínio natural na produção de petróleo -, a indústria tem pela frente diversos projetos.”
Chris aponta que atividades econômicas industriais estão se diversificando cada vez mais para manter o seu importante peso na geração de riquezas no território capixaba.
“É importante destacar que a Findes, em conjunto com outros atores, tem empenhado esforços significativos para criar um ambiente de negócios mais favorável para investimentos e, com isso, tornar o Estado cada vez mais diversificado, tecnológico e competitivo. E a indústria tem papel decisivo nesse processo. Alguns números reforçam essa relevância, como o setor responder por 27,4% do PIB do Estado, criar mais de 232 mil empregos formais e colocar o Espírito Santo na quarta posição entre os entes da federação mais industrializados”, aponta a presidente da Findes.
A necessidade de a indústria ser mais diversificada é comprovada pelos números. Os dois segmentos com maior representatividade no Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo, petróleo e mineração, tiveram juntos retração de 18,7% em 2022, de acordo com dados da Produção Industrial Mensal do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na contramão dessa tendência, no entanto, está a indústria de celulose e papel, que apresentou crescimento de 7,3% em 2022 em relação a 2021, segundo o levantamento.
“Elementos como a demanda positiva e sólida por fibra curta na América do Norte, Europa e China ajudaram a sustentar o desempenho dessa atividade no Estado. Ao longo de 2022, outros fatores pontuais também colaboraram para o crescimento da produção e das exportações capixabas de celulose, como atrasos na instalação de novos projetos do setor na América Latina, o que pode ter favorecido a oferta do Espírito Santo desses produtos no mercado externo”, explica a gerente executiva do Observatório da Indústria e economista-chefe da Findes, Marília Silva.
A fabricação de produtos de minerais não metálicos registrou queda de 10,1% no acumulado de 2022, na comparação com 2021, puxada pela menor produção de granito talhado ou serrado. A metalurgia retraiu 4,7% em 2022, devido à menor produção de bobinas, chapas e placas e lingotes de aço. Enquanto isso, a fabricação capixaba de produtos alimentícios reduziu 4,1% em 2022, sob a influência da menor produção de bombons e chocolates com cacau, açúcar cristal e massas alimentícias secas. “Apesar da redução, essa atividade no Estado gerou 1.212 novas vagas de empregos formais em 2022, segundo maior saldo líquido entre os setores da indústria capixaba”, aponta Marília.
Para promover o crescimento da atividade, que representa 27% da economia capixaba, o setor industrial vai trabalhar para a qualificação de profissionais e também para atrair investimentos. O superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-ES), Alessandro de Castro, informa que as empresas investem no avanço da tecnologia para acompanhar as tendências. Ele acrescenta que o olhar tecnológico abre portas para uma gestão de inovação. “Espaços abertos para troca de conhecimento entre líderes e colaboradores criam oportunidades de desenvolver não só os recursos digitais, mas também habilidades, competências, criatividade, ideias e conhecimento, com o objetivo de desenvolver novas metodologias, serviços, produtos e fomentar negócios”, afirma.
Outro aspecto desafiador para o mercado industrial no Estado é a falta de mão de obra qualificada. Segundo o superintendente, são 230 mil empregos na área, porém há necessidade de formação de mão de obra em diferentes níveis para uma boa produção nas empresas.
Outro ponto importante é a transformação na forma de liderar. Os gestores têm buscado atuar com uma liderança exponencial. Um formato mais humanizado e próximo a quem contribui para a evolução da empresa.
“A pessoa precisa ter atualmente a capacidade de conversar e liderar, inclusive, para para diversos tipos de colaboradores ou gerações diferentes dentro da indústria. Nós temos pessoas hoje que têm colaboradores de 50 anos e jovens no mesmo espaço de trabalho. Tem que saber conversar, inspirar e incentivar cada um com sua habilidade”, finaliza Castro.
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