A inflação acelerou para 1,5% em março na Grande Vitória, após ficar em 0,88% em fevereiro, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
A maior variação nas cidades da região atingiu os itens de alimentação e bebidas, com avanço de 2,76% no mês de março. Depois, aparecem os segmentos de transportes, com aumento de 2,26%, e de habitação, com inflação de 1,89%. Até o setor de vestuário tem sentido a pressão, com 1,53% de alta no período.
Na Grande Vitória, segundo o levantamento, a alta nos preços acumula 2,96% em 2022. Em 12 meses, o movimento inflacionário foi de 11,94%, maior que o nacional, que ficou em 11,30%.
Em março, os principais impactos vieram dos transportes (3,02%) e de alimentação e bebidas (2,42%). Os dois grupos, juntos, contribuíram com cerca de 72% do índice do mês. No caso dos transportes, a alta foi puxada, principalmente, pelo aumento nos preços dos combustíveis (6,70%), com destaque para gasolina (6,95%), que teve o maior impacto individual (0,44 p.p.) no indicador geral.
“Tivemos um reajuste de 18,77% no preço médio da gasolina vendida pela Petrobras para as distribuidoras, no dia 11 de março. Houve também altas nos preços do gás veicular (5,29%), do etanol (3,02%) e do óleo diesel (13,65%). Além dos combustíveis, outros componentes ajudam a explicar a alta nesse grupo, como o transporte por aplicativo (7,98%) e o conserto de automóvel (1,47%). Nos transportes públicos, tivemos também reajustes nas passagens dos ônibus urbanos em Curitiba, São Luís, Recife e Belém”, detalha o gerente do IPCA, Pedro Kislanov.
Por outro lado, houve queda 7,33% nos preços das passagens aéreas. “Isso porque a metodologia empregada no indicador considera uma viagem marcada com dois meses de antecedência. A variação reflete a coleta de preços feita em janeiro para viagens realizadas em março. Em janeiro, houve um aumento nos casos de Covid, o pode ter reduzido a demanda e, consequentemente, os preços das passagens aéreas naquele momento”, relembra Kislanov.
No grupo dos alimentos e bebidas, a alta de 2,42% decorre, principalmente, dos preços dos alimentos para consumo no domicílio (3,09%). A maior contribuição (0,08 p.p.) foi do tomate, cujos preços subiram 27,22% em março. A cenoura avançou 31,47% e já acumula alta de 166,17% em 12 meses. Também subiram os preços do leite longa vida (9,34%), do óleo de soja (8,99%), das frutas (6,39%) e do pão francês (2,97%).
“Foi uma alta disseminada nos preços. Vários alimentos sofreram uma pressão inflacionária. Isso aconteceu por questões específicas de cada alimento, principalmente fatores climáticos, mas também está relacionado ao custo do frete. O aumento nos preços dos combustíveis acaba refletindo em outros produtos da economia, entre eles, os alimentos”, analisa Pedro Kislanov.
O grupo habitação (1,15%) teve aumento por conta do gás de botijão (6,57%), cujos preços subiram devido ao reajuste de 16,06% no preço médio de venda para as distribuidoras, em março. A alta de 1,08% da energia elétrica também contribuiu para o resultado do grupo, principalmente por causa do reajustes de 15,58% e 17,30% nas tarifas de duas concessionárias de energia no Rio de Janeiro.
Em março, também houve aceleração nos preços dos grupos vestuário (1,82%) e saúde e cuidados pessoais (0,88%). O único com queda foi comunicação, com -0,05%. Os demais ficaram entre o 0,15% de educação e o 0,59% de despesas pessoais.
A inflação oficial no país ficou em 1,62% em março, ou seja, maior patamar para o mês desde 1994 (antes do Plano Real, quando o índice foi de 42,75%). A inflação atinge diretamente o poder de compra da sociedade. Só para termos uma ideia, no começo de 2021 era possível comprar um litro de gasolina a partir de R$4,00. Hoje, é preciso de mais de R$7,00 para adquirir o mesmo um litro do combustível. Isso sem contar a elevação dos preços das passagens aéreas, dos alimentos, da energia elétrica e de carros novos, por exemplo.
Em relação às empresas, a inflação (11,30% a.a.) também afeta a liberação ou retenção de crédito no mercado, bem como impacta diretamente a taxa de juros da Selic (11,75% a.a.). A Selic, inclusive, é utilizada pelo Banco Central como uma das formas de regular um aumento inflacionário descontrolado.
Em regra, pelo lado dos investimentos, quando a Selic aumenta, a classe de ativos que compõem a renda fixa ganha maior atratividade. Na prática, o rendimento de muitas aplicações financeiras tende a acompanhar a Selic, assim como investimentos indexados diretamente pela inflação (IPCA) tornam-se mais interessantes. Nos dois casos, há impactos diretos na rentabilidade. Este é, aliás, um bom momento para rebalancear a carteira de investimentos.
A pesquisa mostra ainda que todas as áreas pesquisadas tiveram alta em março. A maior variação ocorreu na região metropolitana de Curitiba (2,40%), onde pesaram as altas da gasolina (11,55%), do etanol (8,65%) e do ônibus urbano (20,22%). Já a menor variação foi registrada no município de Rio Branco (1,35%), onde houve queda nos preços das passagens aéreas (-11,33%) e do frango inteiro (-2,10%).
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 1,71% em março, acima do resultado do mês anterior (1,00%). Essa é a maior variação para um mês de março desde 1994, quando o índice foi de 43,08%. O INPC acumula alta de 3,42% no ano e 11,73% nos últimos 12 meses, acima dos 10,80% observados nos 12 meses imediatamente anteriores.
Os produtos alimentícios passaram de 1,25% em fevereiro para 2,39% em março. Os não alimentícios também aceleraram e registraram 1,50%, frente à variação de 0,92% do mês anterior.
Com informações da Agência IBGE
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