A Grande Vitória teve a segunda maior inflação do país em 2023, fechando o ano com alta de 5,1%. O Brasil acumulou 4,62% no mesmo período, dentro do intervalo da meta da inflação determinada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 3,25%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.
Dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado nesta quinta-feira (11) pelo IBGE, apontam que o que ficou mais caro para o morador da Grande Vitória foi a passagem área, que aumentou 65,94%. O aparelho de ar-condicionado foi outro destaque na lista, custando 37,73% a mais.
Entre os alimentos, destaque para as altas da dupla indispensável no prato dos brasileiros, o feijão e o arroz. O feijão subiu 17,48%, enquanto o arroz, 17,66% na Grande Vitória, acompanhando a alta no país. A manga foi o alimento com maior alta em 2023. A fruta teve variação de 51,52% no preço em 12 meses. O azeite foi outro produto mais oneroso, custando 37% a mais nas prateleiras dos supermercados.
Na lista de maiores reduções, a grande parte dos produtos é do grupo de alimentos. A maior queda foi no preço do inhame (-44,15%), seguido do óleo de soja (-27,19%). A carne (corte acém) variou -14,04% ao longo de 2023.
Confira na tabela abaixo os dez produtos que mais subiram de preço e também os que tiveram maior queda, de acordo com o IBGE:
Segundo o gerente do IPCA, André Almeida, o aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas.
“No caso do arroz, que registrou alta pelo quinto mês seguido, a produção foi impactada pelo clima desfavorável”, diz o pesquisador. “Já a alta do feijão tem relação com a redução da área plantada, o clima adverso e o aumento do custo de fertilizantes”, completa.
Ao analisar os resultados do IPCA de 2023, o consultor do Tesouro Estadual e Conselheiro no Conselho Federal de Economia, Eduardo Araújo, destaca que, apesar de a inflação nacional ter terminado o ano em 4,62% — dentro da meta de 3,25% —, as variações regionais merecem atenção especial.
"Na Grande Vitória, especificamente, houve uma variação quase nula em alimentação e bebidas, contrastando com uma taxa mais elevada no Brasil. Por outro lado, as categorias de vestuário e comunicação apresentaram aumentos mais significativos na região, indicando particularidades no mercado local.
Para ele, essas diferenças, embora pequenas em termos percentuais (0,48% de diferença na inflação geral entre a Grande Vitória e o Brasil em 2023), são economicamente relevantes.
"Considerando o período desde 2020, a inflação acumulada na Grande Vitória vem acumulando alta de aproximadamente 29,42%, em comparação com 27,32% no Brasil. Esse acúmulo cria uma discrepância crescente no custo de vida, afetando o poder de compra e ampliando as desigualdades econômicas regionais"
De acordo com ele, tais diferenças podem ser atribuídas a desequilíbrios de oferta e demanda específicos da região, que podem ser influenciados por fatores logísticos, tributários ou de produção local, e necessitam de análise mais detalhada para entender completamente suas causas e impactos.
Araújo reforça que, embora a diferença de 0,48% pareça pequena, ela tem um impacto significativo no poder de compra.
"Se imaginarmos um cidadão da Grande Vitória e outro de uma região do Brasil com a inflação média, ambos recebendo o mesmo salário mínimo, o cidadão da Grande Vitória enfrentará preços mais altos para os mesmos bens e serviços. Portanto, mesmo com o mesmo salário nominal, seu poder de compra será efetivamente menor, destacando como a inflação regional pode acentuar as desigualdades econômicas."
Ele analisa ainda que, de 2020 até 2023, a inflação acumulada na Grande Vitória foi de, aproximadamente, 29,42%, enquanto no Brasil foi de cerca de 27,32%. "Essa diferença significa que os preços na Grande Vitória subiram mais do que a média nacional. O salário mínimo, que é ajustado anualmente com base no IPCA nacional, não considera essas diferenças regionais."
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