A Baufaker Consulting, empresa que teria comprado a Itapemirim Transportes Aéreos (ITA), é um empreendimento de pequeno porte, com sede em um espaço coworking do bairro Taguatinga Norte, em Brasília, no Distrito Federal.
O endereço, quando buscado no Google Maps, é um prédio simples da quadra QNF 9, que agrega uma série de negócios, muitos deles inativos. É dentro da sala número 111 que a empresa, que tem como sócia-administradora Areta Honda Baufaker, estaria localizada.
A Baufaker Consulting, que tem nome fantasia BCBANK, presta atividades de consultoria em gestão empresarial, segundo as informações ligadas ao CNPJ do empreendimento que constam no registro da Receita Federal. Além disso, realiza comércio de equipamentos e suprimentos de informática, atividades de cobrança, entre outras funções.
A reportagem tentou contato com a empresa, via e-mail, ligação telefônica e mensagens, mas não teve retorno. A Baufaker não tem site próprio ou página nas redes sociais. Tampouco foi possível localizar a sócia do empreendimento.
O Grupo Itapemirim também foi acionado, via e-mail e telefone, mas não se manifestou sobre a venda da companhia aérea.
A venda da ITA à Baufaker foi anunciada no dia 12 em comunicado assinado pelo presidente da aérea, Adalberto Bogsan. Em texto enviado aos colaboradores da companhia, o executivo afirma que, "após concretizar o negócio, o novo acionista concentra esforços na capitalização da empresa, na reorganização e manutenção do grupo de colaboradores e executivos.”
O valor da transação não foi informado. O acordo contempla a aquisição e manutenção do leasing de cinco aeronaves A320CEO, retomada de reuniões com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e negociações com credores para o pagamento de dívidas, como salários, arrendamentos, taxas aeroportuárias, reembolso de passageiros e outros.
Em 17 de dezembro de 2021, o braço aéreo do grupo Itapemirim anunciou o que seria uma suspensão temporária de suas operações, que prejudicou mais de 45 mil passageiros com passagens aéreas compradas até 31 de dezembro de 2021. Ainda no dia 17, a Anac suspendeu a licença da empresa para operar.
A empresa aérea havia iniciado as operações apenas seis meses antes da paralisação das atividades, mas no curto período de atuação, foi alvo de uma série de reclamações envolvendo atraso em pagamento de salários e cancelamento de voos, inclusive antes do voo inaugural, sob a justificativa de readequação da malha.
A ITA já surgiu em num momento conturbado, em meio à crise sem precedentes no setor aéreo em função da pandemia e, mais grave ainda, ao processo de recuperação judicial enfrentado pela Viação Itapemirim, principal negócio do grupo.
Em janeiro, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu à Justiça que declarasse a falência da ITA, assim como da Viação Itapemirim, principal negócio do grupo, que teve seu processo de recuperação judicial homologado em 2019.
O MPSP foi procurado pela reportagem, que questionou a respeito da legalidade da suposta venda da ITA à Baufaker Consulting, mas até a conclusão deste texto, o órgão não havia se manifestado.
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