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Itapemirim suspende todas as operações da Ita, empresa aérea do grupo

Itapemirim suspende todas as operações da Ita, empresa aérea do grupo

Seis meses após primeiro voo, companhia deixa de operar de forma temporária, segundo o grupo. Passageiros com voos agendados para os próximos dias devem entrar em contato com a empresa

Publicado em 17 de dezembro de 2021 às 20:15

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Itapemirim
Avião da Ita, empresa aérea do Grupo Itapemirim. (Ilton Barbosa/Divulgação)

Grupo Itapemirim anunciou na noite desta sexta-feira (17) que suspendeu as operações da companhia aérea Ita, seis meses após o primeiro voo. Segundo comunicado da empresa à imprensa, a medida é temporária e foi tomada devido a necessidade de "ajustes operacionais".

Como A Gazeta mostrou, a empresa passava por uma crise desde sua criação. Ela foi alvo de críticas constantes por causa dos cancelamentos dos voos, atrasos de salários da tripulação e do não pagamento das dívidas com os credores do processo de recuperação judicial do grupo. 

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) já foi comunicada da decisão, segundo a Ita. A companhia orientou os passageiros com viagens programadas para os próximos dias que entrem em contato pelo email [email protected].

Não há informações sobre demissões, porém os trabalhadores da empresa foram orientados a procurar os gestores diretos ou a área de Recursos Humanos da empresa na segunda-feira (20) para mais informações.

"A Ita lamenta os transtornos causados e afirma que irá continuar prestando toda assistência aos passageiros impactados, conforme prevê a resolução 400 da Anac", diz a nota, que complementa que "a companhia irá dedicar o máximo esforço para, em breve, retomar seus voos".

A empresa ressaltou que a suspensão das atividades da Ita não afeta a prestação de serviços dos ônibus da Itapemirim, cujas operações seguirão normalmente.

CRIAÇÃO EM MEIO A RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A criação do braço de aviação civil do Grupo Itapemirim é polêmica. Ela ocorreu em meio a um processo de recuperação judicial da Viação Itapemirim, principal negócio do conglomerado, e da maior crise da história do setor aéreo, ocasionada pela pandemia da Covid-19. Ela  também coincidiu com a elevações no preço de combustíveis, que representam o principal gasto da aviação.

Mesmo antes do início da estreia de seus voos comerciais, no final de junho, a Ita já era alvo de diversas reclamações de consumidores. Alguns dos voos, para os quais as passagens já haviam sido vendidas, foram cancelados sem explicações.

Outras pessoas se queixaram de terem tido os bilhetes remarcados sem aviso. O problema persiste ainda hoje, e tem levado muitos consumidores aos Procons.

Itapemirim suspende todas as operações da Ita, empresa aérea do grupo

Além dos passageiros, a Ita  também tem enfrentado descontentamento por parte de seus tripulantes, que já se queixaram de atrasos no pagamento do salário e de benefícios, além da falta de comunicação interna.

Advogados da família Cola, antigos donos da Viação Itapemirim, reclamaram no início do mês de dezembro aos deputados da Comissão de Viação e Transportes da Câmara que a Anac não teria analisado essa situação antes de autorizar o funcionamento do braço aéreo da companhia.

O próprio deputado Roman (Patriota-PR), que solicitou a audiência, tem afirmado que são necessárias mudanças nas normas da Anac para impedir a entrada no mercado de empresas sem regularidade fiscal e com capital social inferior ao necessário para a atividade aérea.

 Avião cruza o céu de Camburi e segue para pousar no Aeroporto de Vitória
Setor aéreo vive uma das maiores crises de sua história. (Fernando Madeira)

Em maio, ao ser questionada por A Gazeta se o processo de recuperação judicial teria influenciado de alguma forma o processo de obtenção da certificação, a Anac informou que não, destacando que a análise “é estritamente técnica e considera o cumprimento das normas de aviação vigentes na Agência.”

Ainda durante a audiência recente na Câmara, o diretor de Relações Institucionais do Grupo Itapemirim, Ricardo Bezerra, reforçou que a empresa aérea não faz parte do processo de recuperação judicial e que a companhia vem cumprindo com os seus compromissos na Justiça.

Ele também rebateu informações de que a empresa estaria tendo menos preocupação com a manutenção de seus equipamentos.

“Em momento algum, a Itapemirim vai colocar qualquer passageiro ou qualquer operação em risco. A gente sabe da nossa responsabilidade, a gente sabe da capacidade da empresa. É uma empresa criada com recursos brasileiros pela coragem de um empresário brasileiro que resolveu investir no Brasil”, disse.

SALÁRIOS ATRASADOS NO BRASIL E EMPRESA BILIONÁRIA NA EUROPA

Em meio a reclamações de cancelamento de voos da Ita, de atrasos de salários e do não pagamento das dívidas com os credores do processo de recuperação judicial, o Grupo Itapemirim foi envolvido em uma nova polêmica nesta quinta-feira (16).

O dono da empresa, Sidnei Piva de Jesus, tem expandido a área de negócios e agora tem uma empresa offshore, a SS Space Capital Group UK LTD. Ele abriu a firma neste ano no Reino Unido. A informação foi divulgada pelo site Congresso em Foco e confirmada por A Gazeta.

Segundo o site OpenCorporates, consultado por A Gazeta, que mostra as companhias constituídas no exterior, principalmente em paraíso fiscal, a firma de Piva tem um capital de 785  milhões de libras, aproximadamente R$ 6 bilhões.

O relatório do site aponta que a companhia, com sede em Londres, na Inglaterra, teve as primeiras movimentações no fim de abril. A proposta é atuar como uma holding de serviços financeiros e fundos de investimentos.

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Em nota, a Itapemirim disse que não tem relação com a empresa SS Space Capital e que o negócio é uma iniciativa pessoal de Piva.

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