Maju aprendeu uma técnica de estampar camisetas e criou a própria marca. Eduardo se inspirou no pai para investir na torrefação de café. Lorena é apaixonada por crochê desde a infância e tricota até sapatilhas. Já Elizamara decidiu deixar o emprego com carteira assinada para ficar mais perto do filho e passou a fazer doces e bolos sob encomenda.
Esses jovens talentos estiveram presentes na Feira das Juventudes Empreendedoras, iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos e Agência de Desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedorismo (Aderes), que aconteceu de terça-feira (25) a sexta-feira (28), na Ufes. Ao todo, o evento reuniu 25 expositores selecionados por meio de edital, nas áreas de artesanato, tatuagem, confecção, peças em crochê, bijuterias, camisetas e gastronomia.
Eduardo Silva Traba, de 28 anos, trabalha com cafés arábica, conilon, gourmets e blends. Ele compra o grão de produtores de Santa Teresa e faz a moagem que integra a cartela de produtos da empresa criada por ele, Café Divino Traba. A torrefação é feita em Cariacica.
“Há sete anos, meu pai começou a fazer o trabalho de moagem muito artesanalmente, por necessidade, pois estava desempregado. Na época, eu trabalhava em um hotel. Deixei a hotelaria, desenvolvi um torrador de café, levei para um serralheiro a ideia e comecei a trabalhar com isso há três anos. Hoje esse trabalho já é feito em outro aparelho de torragem”, relata.
Os pacotes de café são comercializados com valores que variam de R$ 15 a R$ 32. As vendas são feitas em feiras livres de Jardim da Penha e Jardim Camburi, na Capital, e Itapuã, em Vila Velha.
Por meio de um curso de silk screen, Maria Júlia da Silva, de 27 anos, aprendeu a fazer impressões de estamparia em camisetas e ecobags e até já criou a marca Sociedade Secreta das Ruas (SSR). Conhecida como Maju da Batalha, ela também é organizadora cultural no movimento hip hop.
A qualificação ocorreu há seis meses no Centro de Referência das Juventudes (CRJ) de Feu Rosa, na Serra. Na época, ela trabalhava na unidade e, ao final da oficina, recebeu o kit semente, material que é dado aos jovens para que possam iniciar seus negócios.
“Na serigrafia, a gente produz a tela em cima do desenho e vem pintando o tecido. Participei de uma oficina e entrei de vez para a economia criativa", destaca a jovem.
Esta é a primeira feira que Maju participa com a marca criada por ela. Cada camiseta é vendida por R$ 55 e as ecobags por R$ 45.
“É uma possibilidade de conhecerem o meu trabalho, e a experiência tem sido ótima. Antes, a divulgação ficava apenas com meus amigos. Já quero participar de outras feiras”, complementa.
A paixão de Lorena Ferreira da Penha, de 26 anos, pelo crochê começou ainda criança, quando brincava com uma boneca que usava um vestidinho com essa técnica. A mãe também fazia tiaras, porém desenvolveu a técnica manual na adolescencência com o auxílio de Claudineia Oliveira.
“Até 2019, produzia as peças só para mim ou dava de presente para outras pessoas. Depois disso, tive a ideia de fazer sapatilhas de crochê, já que sou alérgica ao material de borracha das tradicionais industrializadas. As forrozeiras gostaram e fui confeccionando e vendendo”, comenta a jovem, que criou a marca Pé de Odara Crochê.
Ela também faz bolsas, brincos e roupas usando a técnica do crochê. Esta é a segunda feira em que Lorena participa, já que ela está retomando a produção. Além de empreendedora, a artesã é estudante do curso de Terapia Ocupacional na Ufes.
“A feira tem sido uma ponte para fazer contatos com a juventude e tem sido uma experiência incrível”, comenta Lorena, que é moradora de São Cristóvão.
Para ficar mais perto do filho, Elizamara Batista, 30 anos, começou a produzir doces em casa. Ela deixou o emprego com carteira assinada como gerente de uma padaria e criou a marca Eliza Cakes. Assim como Maju, essa é a primeira participação da jovem em um evento voltado para o empreendedorismo de jovens.
“Eu sempre gostei de fazer doces, assim como a minha mãe. Comecei a vender para os vizinhos, depois também a atender a encomendas que vinham pelas redes sociais. A experiência tem sido incrível, até porque as pessoas estão conhecendo o meu trabalho”, comenta a jovem, moradora de Colina de Laranjeiras, na Serra.
Ela produz brigadeiros, copos da felicidade, brownies, palha italiana, além de bolos feitos por encomenda.
Além da exposição de produtos feitos pela juventude capixaba, a feira conta com várias oficinas, como desenho, tranças, barbearia , que são oportunidades para os jovens colocarem em prática alguns ensinamentos adquiridos em cursos oferecidos pelos Centros de Referência das Juventudes.
O barbeiro, instrutor e educador Wagner dos Santos Moura já deu aulas para várias pessoas que aprenderam o ofício e hoje ganham dinheiro fazendo cortes de cabelo “na régua”.
O profissional está no evento a serviço do CRJ de Novo Horizonte, na Serra, e até já organizou campeonatos de barbeiros das comunidades.
“Viemos demonstrar o trabalho dos meninos que se formaram na oficina de barbearia e aprenderam a fazer vários cortes diferentes, além de barbas e o tradicional 'nevou'. Já dei aulas para duas turmas e metade desses jovens já está trabalhando na área. Se não fosse essa qualificação, muitos deles estariam no tráfico. Hoje damos máquinas de cortar cabelo ao invés de armas para que eles tenham futuro. Esse resultado serve de inspiração para continuar com esse trabalho”, relata.
A programação da feira tem ainda bate-papos sobre a escolha da profissão, técnicas de fotografia com celular, conhecer mais o Programa de Empregabilidade e Qualificação Profissional para Jovens Capixabas, o EmpregaJUV e o futuro das profissões detalhando sobre as profissões de programador e desenvolvedor.
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