> >
Jovens perdem vaga de emprego ao levar pais para entrevista; veja como não errar

Jovens perdem vaga de emprego ao levar pais para entrevista; veja como não errar

Pesquisa aponta comportamento da Geração Z no mercado de trabalho; análise pontuou também que um em cada dez candidatos pediu aos pais para escreverem o currículo para eles

Publicado em 16 de outubro de 2024 às 16:46

Ícone - Tempo de Leitura 5min de leitura
Jovens em fila para entrevista de emprego
Jovens em fila para entrevista de emprego: especialistas recomendam autonomia no mercado de trabalho. (Freepik)

Um em cada quatro candidatos da Geração Z, que inclui os nascidos entre 1995 e 2010, levou os pais para entrevista de emprego. Além disso, 70% desses jovens pediram ajuda aos pais para procurar uma oportunidade de trabalho. O levantamento foi feito pela Resume Templates nos Estados Unidos. As informações são de O Globo.

O estudo ouviu 1.428 jovens que estavam à procura de uma colocação profissional. Ainda conforme a pesquisa, 16% dos entrevistados pediram que seus pais enviassem o requerimento em seu nome.

A análise aponta também que um em cada dez candidatos pediu aos pais para escreverem o currículo para eles. Segundo a pesquisa, a tendência é de que as mães ajudem mais os filhos na procura por emprego do que os pais. Entretanto, 83% dos recém-contratados da Geração Z atribuíram a conquista da vaga aos seus pais.

Já uma pesquisa feita pela Intelligent.com revela que as empresas estão demitindo os jovens recém-formados poucos meses após contratá-los. Seis em cada dez companhias já dispensaram os trabalhadores da Geração Z que haviam recrutado no início do ano.

A especialista em carreira Luciana Lessa relata que já passou por esse tipo de situação em que um candidato levou os pais para a entrevista. O caso, segundo ela, aconteceu durante um processo seletivo para vaga de aprendiz.

“Às vezes, o que ocorre é que os pais foram expostos a situações em que precisaram trabalhar muito cedo ou talvez tiveram que lidar com algum tipo de adversidades e tendem a não querer que o filho viva o mesmo desafio. O resultado disso é que acabam protegendo esse jovem em excesso. A gente sabe que hoje as coisas estão mais fáceis e isso dificulta o desenvolvimento da autonomia e até do empreendedorismo”, comenta.

Por conta dessa proteção, Luciana observa que muitos jovens têm dificuldade de conversar e de se articular. Por ser nativa digital, ou seja, já criada atrás do computador, essa geração acaba por preferir manter contatos de forma remota. 

“Eles não têm interesse em ter contato pessoal. A consequência disso é que, numa situação de processo seletivo, com certeza vão estar em uma zona de desconforto. Os pais precisam deixar o filho sair da bolha, deixar com que ele viva situações desafiadoras. Se os pais querem ajudar os jovens, podem simular uma entrevista com eles, incentivar que pesquise sobre a empresa na internet, entre outros pontos. Isso tudo vai ajudar a desenvolver a autonomia”, explica.

A especialista alerta que esse tipo de comportamento acaba prejudicando a carreira do profissional no futuro, com limitação de possibilidades, não apenas em processo seletivo, mas também no crescimento dentro do ambiente corporativo.

“Se estamos em um mundo cada vez mais tecnológico, a diferença entre os profissionais vai ser o refinamento das soft skills. Quanto mais habilidade eu tiver de me articular, melhor vou me comunicar com as pessoas. Os pais precisam ter cuidado de não reproduzir certos comportamentos, como ficar o tempo todo no celular. É preciso lembrar que os filhos aprendem mais pelo que é visto do que é dito”, frisa Luciana.

Na opinião da psicóloga e diretora de Liderança, Cultura e Diversidade do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças do Espírito Santo (Ibef-ES), Gisélia Freitas, a Geração Z é marcada por sua conexão inabalável com a tecnologia. Está acostumada a uma comunicação rápida e visual, utilizando plataformas como TikTok e Instagram como principais meios de interação. Essa característica tecnológica influencia a maneira de aprender, trabalhar e se relacionar, fazendo da flexibilidade e da inovação aspectos centrais em suas vidas.

“Um dos principais erros cometidos pelos jovens é a falta de foco e clareza em suas escolhas profissionais. Muitas vezes, eles se veem sobrecarregados pela vasta quantidade de informações e oportunidades disponíveis, o que pode levar à indecisão e ao medo de compromissos a longo prazo. Essa incerteza pode resultar em acumular experiências superficiais, ao invés de desenvolver habilidades mais profundas em uma única área, o que prejudica o crescimento em suas carreiras”, observa Gisélia.

A executiva complementa que a falta de engajamento em ambientes presenciais pode limitar suas chances de serem notados por recrutadores e de construírem relacionamentos profissionais valiosos. Em conjunto, esses erros podem levar a dificuldades em avançar na carreira e em encontrar satisfação profissional a longo prazo.

DICAS PARA CARREIRA DA GERAÇÃO Z

Desenvolver autonomia e responsabilidade: É fundamental que a Geração Z compreenda que o mercado valoriza profissionais que saibam tomar decisões e resolver problemas de forma independente. Incentivar esses jovens a assumirem suas responsabilidades e não recorrerem aos pais em momentos-chave, como entrevistas de emprego, é um primeiro passo.

Foco na construção de carreira: Em vez de esperar resultados imediatos, é importante que a Geração Z entenda a lógica da “semeadura e colheita”. O crescimento profissional requer esforço contínuo, aprendizado e perseverança. Esse entendimento pode ser promovido por mentores e líderes que mostrem, com exemplos reais, que o sucesso é construído ao longo do tempo.

Investir em soft skills: Habilidades como comunicação, resolução de problemas e inteligência emocional são essenciais. O desenvolvimento dessas competências é crucial para o sucesso no ambiente corporativo e deve ser um foco para a Geração Z.

Desconectar-se para conectar-se com a realidade: Embora a tecnologia seja uma grande aliada, o excesso de exposição ao mundo digital pode prejudicar a capacidade de lidar com as demandas do mundo real. Incentivar momentos de desconexão e atividades que promovam habilidades práticas e interações face a face pode ajudar a equilibrar as expectativas e preparar melhor essa geração.

Esforço: A Geração Z tem um grande potencial para inovar e liderar no mercado, mas deve entender que, para isso, é preciso mais do que imediatismo: é necessário esforço contínuo, paciência e responsabilidade.

Fonte: Thiago Bassetti, CEO da NBS Educação, professor e especialista em Educação e Gestão de Carreiras.

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

Tags:

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais