Muitas pessoas estão aproveitando os juros mais baixos para comprar não só imóveis novos, mas também os usados no Espírito Santo. Se há algum tempo quem decidia vender uma unidade podia ficar meses ou mesmo anos com o imóvel encalhado, hoje alguns proprietários estão vendendo em semanas. Fontes do mercado estimam que as vendas de usados aumentaram 30% desde julho em comparação com os meses anteriores.
Alguns fatores explicam essa tendência. O primeiro deles é taxa básica de juros, a Selic, em 2% ao ano - menor patamar histórico - o que tornou o crédito imobiliário mais acessível. Somado a isso está um aumento da demanda, principalmente por espaços maiores, trazida pela pandemia do novo coronavírus e o trabalho em home office. Outro fator a ser considerado é a baixa rentabilidade de investimentos da renda fixa, que tornou o aluguel um investimento interessante para quem não quer se arriscar na bolsa de valores.
A psicóloga Mariane Limonge, 44 anos, está em busca de um apartamento de quatro quartos, na Praia do Canto, em Vitória, para morar com o marido e os dois filhos. Ela pretende adquirir um imóvel usado, pois vê nele um custo benefício melhor. Os juros mais atrativos nos financiamentos pesaram na escolha do momento para a compra.
O presidente da Associação Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Carlesso, lembra que, com a crise econômica, o setor imobiliário não teve lançamentos significativos desde 2017. Ao mesmo tempo em que novos projetos foram engavetados, as empresas começaram a vender as unidades que já estavam prontas, fazendo promoções.
"Hoje existe essa demanda, mas não há imóveis novos lançados prontos. Além disso, alguns bairros como Jardim da Penha, Mata da Praia e Praia do Canto, em Vitória, e Praia da Costa e Itapuã, em Vila Velha, tem poucas áreas para a edificação de novos prédios, o que faz com que os usados sejam a melhor opção.", aponta.
O diretor comercial da Rede Netimóveis, Charles Bitencourt, comenta que desde julho as vendas de usados cresceram 30%, se comprado com a média mensal da empresa nos meses anteriores.
"Esperávamos que ocorreria esse aumento em função da queda dos juros, mas não imaginávamos que seria tanto. Todos os tipos de imóveis aumentaram a saída, porém, os que têm o melhor desempenho são os de médio padrão, principalmente porque o aluguel se tornou atrativo, o que não se via há muitos anos", comenta.
Se por um lado os juros mais baixos estão facilitando o financiamento, por outro, a baixa rentabilidade de investimentos da renda fixa vem fazendo com que a compra de unidades residenciais para aluguel se torne uma opção mais atrativa. Esse é o caso da empresária Isabel Sanz, 53 anos, que comprou um apartamento em Jardim da Penha, Vitória, para alugar.
Isabel comenta que procurou por um bairro que teria valorização no futuro e apostou em um imóvel de um quarto. Ela explica que o apartamento vai atender a demanda das pessoas que decidem viver sozinhas ou em casal e também para quem vem a trabalho para o Estado.
O consultor imobiliário José Luiz Kfuri aponta que não é só a Isabel que vê em imóveis menores uma oportunidade de renda. "Quem pretende alocar dinheiro em imóveis quer, preferencialmente, locais menores. Isso porque ele consegue ter uma margem de lucro maior do que se comprasse e alugasse apartamentos com mais quartos", comenta.
O presidente da Cooperativa Habitacional Autofinanciada (Inocoopes) e vice-presidente do Sindicato da Construção Civil do Espírito Santo (Sinduscon), Aristóteles Passos Costa Neto, ressalta que adquirir um imóvel usado tem suas vantagens.
"A vantagem do usado é que ele já está na mão do proprietário que aceita propostas do comprador. Ou seja, ele consegue negociar para baixar o preço. Já as unidades novas, as empresas as vendem em preço de tabela. Além disso, o usado pode estar com o valor de mercado desfasado ou ter se desvalorizado, o que acaba proporcionando melhores condições que o novo", comenta.
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