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Juros baixos: financiar imóvel na planta vira arma para fisgar consumidor

Juros baixos: financiar imóvel na planta vira arma para fisgar consumidor

Parcelamento bancário com imóvel ainda em construção é uma das apostas das empresas para atrair consumidor que quer aproveitar queda dos juros para ter a casa própria

Publicado em 8 de setembro de 2020 às 16:07

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Empreendimento da Kemp, pronto para morar.
Empreendimento na planta tem atraído investidores. (Kemp/Divulgação)

O momento de juros baixos tem permitido mais famílias realizarem o sonho da casa própria no Estado. A Selic, taxa básica de juros, chegou recentemente ao patamar de 2% ao ano, o mais baixo da história. Ainda assim, em meio à crise, há quem se mantenha cauteloso. E, para incentivar o consumidor a fechar contrato, construtoras têm lançado mão de diversas ofertas como descontos, convênio com bancos, entre outras vantagens.

A Morar Construtora, por exemplo, permite o parcelamento da entrada em até 60 ou 72 vezes em alguns condomínios. “As prestações ficam em valores muito acessíveis, o que funciona como um incentivo a mais a quem não tem reserva de grandes quantias”, destacou o gerente de vendas da empresa, Rones Amâncio.

A construtora também conta com convênio com a Caixa Econômica Federal, que dá a possibilidade de o cliente parcelar o imóvel na planta. E, neste mês, também está oferecendo desconto de mais de R$ 100 mil em unidades de um empreendimento em Colina de Laranjeiras, na Serra.

A Kemp também está oferecendo descontos em imóveis prontos para morar. Em alguns casos, a redução no valor ultrapassa R$ 50 mil. Além disso, a construtora firmou parceria com a Caixa e oferece aos consumidores o chamado crédito associativo, que permite que o início do pagamento do financiamento só ocorra depois da entrega do prédio.

“Temos levado muitos clientes pra fazer a assinatura com o banco, principalmente por causa desse momento. Em 80% dos negócios os clientes utilizaram o financiamento imobiliário, por causa da queda da Selic”, afirmou o gerente de vendas da Kemp, Lucas Rezende.

As obras da Proeng também possuem um banco vinculado, o que, com a taxa Selic reduzida, pode favorecer o financiamento do imóvel.

Já a Cristal Empreendimentos, além de flexibilizar o valor da entrada, oferece a opção de financiamento direto com a empresa, facilitando o processo de compra por meio de redução da burocracia.

Entre as ofertas da loteadora Soma Urbanismo, existe a possibilidade de compra de um lote do seu mais recente lançamento em São Mateus, em até 48 parcelas sem juros e sem correção ou em até 120 parcelas. Além disso, o valor da entrada pode ser parcelado em até 3 vezes no boleto, sem consulta ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e Serasa.

A Argo Construtora, por sua vez, lançou, neste mês de setembro, uma campanha de financiamento direto com a construtora em até 240 meses para os empreendimentos em construção. Além disso, a empresa disponibilizou a possibilidade de compra totalmente on-line.

“Estamos muito otimistas com o cenário da construção civil no Espírito Santo e é por isso que vamos aproveitar esse momento para proporcionar aos nossos clientes a oportunidade de comprar imóveis de excelente padrão, com as melhores condições”, destacou o diretor de vendas da Argo, Emerson Lima.

IMÓVEL VIROU PORTO SEGURO PARA INVESTIDOR

Após crescer 37% em 2019, a expectativa da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) para este ano é de um avanço de mais 12% no volume de financiamentos imobiliários. Somente no primeiro semestre, R$ 34,1 bilhões foram contratados em operações para a aquisição da casa própria pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e R$ 9,2 bilhões para construção, altas de 25% e 11%, respectivamente, ante a primeira metade de 2019.

Conforme destacou o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES), Sandro Carlesso, o início da pandemia veio como um banho de água fria para o setor imobiliário, que acreditava estar em vias de retomar o crescimento.

Nos últimos meses, entretanto, as empresas têm voltado a fechar negócio com os compradores. "Março foi um caos no mercado como um todo. Abril foi muito difícil. E, a partir de maio, começou a surgir uma mudança de comportamento do comprador. Começamos a fazer negócios, tanto porque as pessoas passaram a buscar novos espaços, mas também porque os juros caíram."

Os juros baixos, com a Selic em 2% ao ano, também atraem quem se volta para os imóveis como uma opção de investimento.

“Enquanto facilitam a compra de imóveis, os juros atuais também fazem com que os investimentos de renda fixa rendam muito pouco. Por outro lado, a renda variável tem muita volatilidade. Então, há quem esteja buscando os imóveis como uma opção segura de investimento”, destacou Carlesso.

Aspas de citação

Muitos estavam desde 2017, por exemplo, vendo apartamento, fazendo proposta e voltando atrás. Agora viram que o dinheiro que têm na mão não está rentabilizando, e precisam levar esse dinheiro para algum lugar. Investir em imóveis acaba sendo uma opção sensata

Sandro Carlesso
Presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Espírito Santo (Ademi-ES)
Aspas de citação

OS IMÓVEIS MAIS BUSCADOS NA PANDEMIA

O isolamento social imposto pela pandemia fez com que as famílias começassem a passar mais tempo dentro de casa. Trabalho, estudos, lazer… tudo passou a ser feito da porta para dentro. Com isso, surgiu o entendimento de que quanto mais espaçoso o ambiente, melhor. O perfil de imóveis buscados nos últimos meses, inclusive, mudou bastante.

“Notamos um aumento na procura por imóveis com 4 quartos e, principalmente, os que estão prontos para morar e que têm amplos espaços. Para atender a essas demandas, inclusive, convidamos nossos clientes a opinarem sobre os detalhes de um dos nossos lançamentos, que terá aproximadamente 2000 m² de área de lazer - com grande parte a céu aberto para garantir mais qualidade de vida aos moradores”, comentou o diretor de vendas da Argo Construtora, Emerson Lima.

Empreendimento da Argo em Vitória conta com diversas opções lazer
Empreendimento com mais opão de lazer tem sido uma das apostas dos consumidores. (Argo/Divulgação)

Além das áreas de lazer conjuntas, também aumentou a procura por espaços com lazer privativo. Imóveis com quintal, que estavam caindo em desuso, agora são objeto de desejo dos moradores, e podem ser um diferencial na hora de fechar contrato. "Nesses espaços, elas buscam alternativas para convivência em família, prática de atividades físicas, sociais e recreativas. Esse é um perfil de imóvel muito buscado pelos nossos clientes”, analisou o gerente de vendas da Morar, Rones Amâncio.

A procura por casas e loteamentos também tem surpreendido. Algumas construtoras chegaram a relatar aumento de 60% na busca por imóveis do tipo durante a pandemia.  Nesse cenário, condomínios de loteamentos, com espaços prontos para construir, mas já com opções de lazer instaladas, têm ganhado cada vez mais espaço.

"Nos terrenos, as pessoas podem construir casas do jeito que lhes atende, com cômodos mais amplos, espaço para o lazer, inclusão de um local para home office, quintal, área para atividades físicas, além de áreas verdes, proporcionando maior qualidade de vida. Algo que as pessoas mais desejam nesse momento. Esse é um período de tentarmos relaxar e buscar por qualidade de vida, dentro de casa”, avaliou o diretor presidente da Cristal Empreendimentos, Douglas Vaz.

A busca por mais espaço, entretanto, não é a única mudança. Durante a pandemia, a aglomeração dos centros urbanos tem, muitas vezes, dado lugar à calmaria do interior, especialmente locais silenciosos, em que o contato com a natureza predomina. Os preços acessíveis de imóveis e loteamentos em áreas afastadas também despertou a atenção dos capixabas que buscavam respirar novos ares. 

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Conforme destacou o diretor comercial da Conquista Imobiliária, em Linhares, Roberto Mauri, sítios, chácaras e casas rurais, por exemplo, que antes eram consideradas uma opção de luxo, uma segunda casa, agora vêm sendo procurados como primeira opção de moradia.  "As vendas aumentaram em torno de 35%."

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