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Lama no Rio Doce: 'Precisamos dar desfecho em acordo', diz Casagrande

Lama no Rio Doce: 'Precisamos dar desfecho em acordo', diz Casagrande

Governador ressaltou a importância da volta da usina 3 da empresa, que vai possibilitar aumento de produção, mas cobrou finalização no acordo de reparação por rompimento da barragem

Publicado em 23 de agosto de 2024 às 16:19

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Governador Renato Casagrande em inauguração de usina da Samarco
Renato Casagrande  participou do evento de retomada da usina 3 da Samarco. (Jefferson Rocio/Divulgação)

Durante evento nesta sexta-feira (23) que inaugurou a retomada da usina 3 da Samarco e celebrou os 47 anos da empresa, comemorados neste sábado (24), o governador Renato Casagrande (PSB) falou da importância do aumento da produção da empresa, que já representou 6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo, mas frisou que é essencial que seja assinado o acordo de reparação pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015.

Depois de retomar as atividades no final de 2020, com 30% da capacidade, a Samarco reativou mais uma usina de pelotização na unidade de Ubu, em Anchieta, no Sul do Espírito Santo. Com a volta da usina, a empresa vai alcançar 60% da sua capacidade produtiva até o final de 2024, chegando a produzir 15 milhões de toneladas de pelotas de minério de ferro por ano.

A retomada de mais da metade da capacidade produtiva da planta – que agora tem em funcionamento as usinas 3 e 4, as mais recentes – ocorre quase nove anos depois do rompimento da barragem de Fundão. Com a tragédia, rejeitos de mineração atingiram a bacia do Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo, provocando danos ambientais  e sociais. 

Na última proposta colocada na mesa, segundo Casagrande, as cifras estão em torno de R$ 100 bilhões como acordo de reparação, sendo R$ 167 bilhões no total, contando com recursos que já foram destinados pelas empresas. Desse montante, a fatia do Espírito Santo é de 38%.

O governador destacou que levou o assunto para a reunião com o ministro da Casa Civil, Rui Costa, nesta semana, destacando a importância de dar um desfecho ao caso. O acordo de repactuação está sendo analisado em Brasília e a previsão é que seja assinado até o fim do ano entre o governo federal, Estados do Espírito Santo e Minas Gerais e a Samarco e suas acionistas, Vale e BHP Billiton. 

“É importante finalizar o acordo de Mariana para dar desfecho nesse assunto. Enquanto não fechar, fica exposto. É preciso completar o trabalho de recuperação e reparação para seguir em frente”, afirma Casagrande.

Sobre a manifestação do Espírito Santo no Tribunal em Minas que analisa a questão, Casagrande diz que o Estado está de acordo, mas defendeu a inclusão das áreas litorâneas da Serra até Conceição da Barra, o que já havia sido decidido na Justiça, visto que a região está com proibição da pesca. "Então é importante que haja  a inclusão já decidida pela Justiça. Isso era o que estava impedindo a posição do Espírito Santo. A partir dessa decisão, somos favoráveis", frisa.

Aspas de citação

Nossa expectativa é que o grande acordo que envolva reparação e todo o trabalho que envolve recuperação ambiental também possa ser fechado neste ano. É importante fechar o acordo para dar um desfecho no desastre que provocou tanto prejuízo e morte. É bom ver a empresa retomando, mas é importante também fechar acordo e levar benefícios para as comunidades 

Renato Casagrande
Governador do Espírito Santo
Aspas de citação

Sobre a retomada da Usina 3 da Samarco, Casagrande afirma ser muito importante para o Estado, principalmente na geração de tributos, empregos e oportunidades para as empresas fornecedoras da Samarco. “Temos que comemorar, pois a retomada da usina vai trazer desenvolvimento que será revertido para toda a sociedade”.

Segundo a Samarco, da retomada das atividades, em dezembro de 2020 até junho de 2024, os tributos gerados pela empresa e aqueles resultantes da aquisição de bens, materiais e serviços de fornecedores chegaram a R$ 1,174 bilhão para o Espírito Santo. Só no primeiro semestre de 2024, foram R$ 169 milhões para o Estado. 

Unidade de Ubu da Samarco
Unidade de Ubu da Samarco. (Divulgação)

Retomada de usina

Para atingir os 60% de atividade, a Samarco está investindo R$ 1,6 bilhão. A expansão inclui ainda a construção de uma nova planta de filtragem de rejeitos e a reativação de mais um concentrador no Complexo de Germano, em Mariana e Ouro Preto (MG). Quando estiver operando com essa capacidade, a produção será ampliada para cerca de 15 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro por ano.

A Samarco gerou cerca de 3 mil postos de trabalho no Espírito Santo e em Minas Gerais para essa ampliação da capacidade produtiva, com prioridade para a contratação de moradores das comunidades vizinhas e de grupos minorizados, como mulheres, pessoas com deficiência, negros (as) e LGBTQIA+. Do total, são cerca de 600 empregos diretos.

A retomada da P3 estava prevista para março de 2025, mas foi antecipada para operar com o excedente de minério da Usina de Pelotização, conhecida como P4, otimizando processos de produção. Atualmente, a empresa opera com 30% da capacidade, o equivalente a cerca de 9 milhões de toneladas de pelotas e finos de minério de ferro por ano. Desde a retomada, em dezembro de 2020, até julho deste ano, foram produzidas 30,7 milhões de toneladas. A previsão é atingir os 100% até 2028.

“Reativar mais uma usina, a P3, no mês do nosso aniversário é simbólico. Esse retorno, antes do prazo previsto, representa o compromisso que temos com todos os nossos empregados e contratados e, sobretudo, o compromisso com a nossa função social nos territórios onde atuamos”, afirmou o presidente da Samarco, Rodrigo Vilela.

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