Com seis portos espalhados pelo litoral — de Vitória, de Tubarão e de Praia Mole, na Capital; o de Ubu, em Anchieta; de Barra do Riacho (Portocel), em Aracruz, e do Porto Norte Capixaba, em São Mateus —, responsáveis por cerca de 25% das mercadorias que entram e saem do Brasil, além de dois terminais de barcaças e terminais de combustíveis, o Espírito Santo hoje é considerado um dos maiores complexos portuários da América Latina.
A construção dessa infraestrutura, entretanto, não se deu da noite para o dia, e é quase tão antiga quanto o próprio Estado. Entusiasta do assunto, o jornalista e pesquisador capixaba Antônio de Pádua Gurgel lança nesta quarta-feira (14) o livro "Portos do Espírito Santo," que detalha a história dos portos capixabas desde o século XVI até os dias atuais.
Segundo o autor, a obra se propõe a ser uma ferramenta de divulgação do complexo portuário capixaba para o Brasil e para o mundo.
Hoje, há diversos terminais especializados, como de celulose, minério, produtos siderúrgicos e petróleo, e outros projetos em fase de desenvolvimento. Mas as rotas comerciais, que são de grande importância para a economia capixaba, também já estiveram interligadas a uma série de episódios marcantes da história brasileira e mundial.
“É o caso, por exemplo, do desaparecimento no século XVI de Dom Sebastião (rei de Portugal entre 1557 e 1578), da fuga da família real para o Brasil, em 1808, com a invasão de Napoleão. São episódios interessantes que mostro no livro, e que ajudam a explicar a interdependência dos portos e também a relação com outros países”, explica Gurgel.
Essas relações se mantém ainda hoje. Os principais clientes dos portos do Espírito Santo afinal, são outras nações. A cabotagem, que é a navegação entre portos do país, representa uma parcela menor da movimentação de cargas do Estado — um entrave que o governo federal vem buscando contornar com o novo programa de incentivo à cabotagem, apelidado de BR do Mar.
A obra de Gurgel, ele explica, passa por todos esses percalços e destaca também as potencialidades dos portos capixabas. Aliás, não é a primeira vez que o pesquisador se debruça sobre o assunto. O livro que será lançado nesta quarta é uma reedição atualizada de uma obra de mesmo nome publicada na década de 1990.
“Eu publicava nos jornais da Grande Vitória uma série de suplementos especiais chamados o ‘Espírito Santo e o comércio exterior’. Eles falavam, entre outras coisas, sobre a história dos portos, e acabaram despertando interesse, principalmente entre estudantes, que não tinham muito material de pesquisa sobre o assunto. A partir dali, veio o primeiro livro. Mas era um projeto diferente, um pouco mais limitado, até em função do que existia na época.”
Naquela época, por exemplo, não existiam, por exemplo, os portos da Suzano (Portocel), da Samarco (Ubu) e o Terminal de Barcaças da ArcelorMittal. "Em Tubarão, o complexo funcionava num nível operacional muito menor que hoje. Não tinham terminais específicos para óleo e gás. Os portos que existiam na década de 1990 foram modernizados e outros surgiram também. A realidade atual é outra. E a legislação que rege o funcionamento dos portos também mudou."
Esta nova edição — publicada em versão bilíngue pela editora Protexto — vem sendo elaborada desde 2018, e, além de relembrar fatos históricos, aborda curiosidades, oportunidades e potencialidades dos portos do Espírito Santo.
O autor explica que, para isso, resgatou informações dos suplementos que deram origem ao primeiro livro, mas também de arquivos públicos e particulares, e de entrevistas com especialistas da área, que contribuíram para que se tenha um panorama mais amplo da importância do setor portuário para a economia capixaba.
“É uma ferramenta para ajudar na atração de negócios para o Espírito Santo divulgando o complexo portuário capixaba dentro e fora do Brasil”, destaca Gurgel.
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