As principais operadoras de telefonia do país anunciaram a implementação do sinal 5G em algumas localidades. A novidade foi acompanhada de entusiasmo por parte dos usuários, que aguardam a chegada da nova tecnologia. Contudo, especialistas apontam que o 5G ofertado no momento ainda é restrito a algumas localidades e está longe de oferecer a velocidade de navegação e potência esperadas.
Com o adiamento do leilão do 5G, provocado pela pandemia da Covid-19, as operadoras deram um jeitinho e utilizaram faixas ociosas do 3G e 4G para aumentar a velocidade de navegação e dar uma prévia de como será o 5G. A medida está sendo chamada de 5G DSS, sigla em inglês para compartilhamento dinâmico de espectro.
Para funcionar com capacidade máxima, o 5G precisaria ser transmitido na faixa de frequência de 3,5GHz, que só deve ser disponibilizada para as operadoras brasileiras em leilão, previsto inicialmente para este ano, mas que deve ser adiado e ocorrer em 2021.
Sem a faixa específica, há um limite para o aumento da velocidade de navegação e para a latência (tempo de intervalo entre o comando do usuário e a resposta).
Em alguns testes, a velocidade registrada foi em torno de 140 mega por segundo (Mb/s). Já é muito melhor que o 4G (que varia de 10 a 15 Mb/s), mas não são os mais de 300 Mb/s prometidos pelo 5G. É uma Ferrari num chassi de fusca. Não vai funcionar tão bem, avalia o especialista em tecnologia Gilberto Sudré.
Para ele, a corrida das operadoras em disponibilizar o 5G ainda que com potência parcial é, por um lado, uma demonstração de tecnologia e inovação e, por outro, uma forma de pressionar o governo.
O governo é o responsável pelo leilão e decidiu que só vai acontecer no ano que vem. Dentro dessa discussão, corre por fora ainda a disputa entre Estados Unidos e China para decidir quem vai dominar o mercado dos equipamentos de transmissão do 5G para as operadoras, e o Brasil vai ter que escolher um lado, lembra.
Até o momento, o 5G DSS só foi implantado em grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro e São Paulo. Ainda assim, o alcance é restrito a alguns bairros ou mesmo algumas avenidas. As operadoras Tim, Vivo e Claro foram demandadas por A Gazeta mas não responderam sobre a possibilidade de ampliação para o Espírito Santo.
Em nota, a Vivo disse que outras cidades do país podem ser inseridas ao longo dos meses, mas a empresa acredita que a expansão massiva da tecnologia de quinta geração será possível apenas com frequência dedicada, após leilão previsto para o primeiro semestre de 2021. Para essa fase inicial, com a tecnologia DSS, as regiões escolhidas apresentam características similares de demanda de tráfego e perfil de cliente.
Mesmo nos poucos locais do Brasil em que o 5G foi disponibilizado, os usuários precisam de um celular compatível com a nova tecnologia para acessá-lo. Atualmente, no Brasil, apenas um modelo de celular da Motorola está disponível e ele custa mais de R$ 5 mil.
No exterior, a Samsung também lançou aparelhos 5G, que devem chegar ao Brasil nos próximos meses.
De acordo com Sudré, mesmo após o leilão da faixa exclusiva do 5G, é esperado que a nova tecnologia chegue primeiro em bairros e cidades onde moram e trabalham pessoas com maior poder aquisitivo, justamente por conta do preço alto dos planos e aparelhos. Pode levar algum tempo até que o valor dos celulares fique mais acessível.
O 5G compensa, mas tem que esperar chegar e o preço cair num patamar razoável. Compensa pela velocidade, pela segurança, pelos serviços que poderão ser agregados. Vai ter conectividade de uma série de dispositivos que hoje não são conectados porque o 4G não permite, afirma.
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