Mesmo com situação fiscal equilibrada e invejável, o Espírito Santo viverá dois anos desafiadores no campo econômico. Após acontecimentos recentes que afetaram em cheio a nossa economia, como o desastre de Brumadinho (MG) e a queda na produção de petróleo, a maior missão do Estado para os próximos anos será diversificar sua produção.
A afirmação é do ex-ministro da Fazenda e economista Maílson da Nóbrega, sócio da Tendências Consultoria, durante palestra neste sábado (26) no 14º Encontro de Lideranças Pedra Azul, promovido pela Rede Gazeta, Unimed Vitória, Grupo Cepemar e Grupo Águia Branca.
Para ele, a economia capixaba precisar ir além das cadeias da mineração e do petróleo, maiores indústrias do Estado e das quais o Espírito Santo é altamente dependente. No caso da mineração, ele lembrou que o ES foi mais impactado economicamente por desastres ambientais em barragens em Minas Gerais do que o próprio Estado vizinho.
O Espírito Santo está sendo prejudicado por alguns acontecimentos que estão afetando a sua economia. O Estado tem uma economia muito dependente ainda da mineração de Minas Gerais, e por isso os desastres de Marina e Brumadinho afetaram muito aqui. Por ser menos diversificado, o Espírito Santo sofre mais com esses acontecimentos que Minas Gerais, explicou.
Nóbrega exemplificou: a produção industrial física neste ano até agosto caiu 5% em Minas Gerais e 12,8% no Espírito Santo. Ele também apresentou dados que mostram que a produção de petróleo no Estado vem caindo a uma média de 18%.
Mas o cenário ainda é positivo. Tudo indica que a medida que a recuperação da economia acontece é que os efeitos desses desastres se dissipam e a economia capixaba cresça acima da média nacional, ressaltou.
Para o ex-ministro da Fazenda, o presidente Jair Bolsonaro terá grandes desafios para superar ao longo do seu mandato para obter sucesso ao final de 2022. O primeiro é enfrentar a insolvência fiscal, em que a ação principal para isso, segundo ele, é a reforma da Previdência, já aprovado, embora sejam necessárias outras medidas.
A segunda é ajudar na insolvência fiscal dos Estados, já que muitos já estão em situação financeira complicada, como Minas Gerais e Rio de Janeiro, e outros perto disso. O governo federal tem que olhar para isso porque os Estados são os provedores de três serviços básicos essenciais: educação, saúde e segurança. Se a população tiver percepção que esses serviços estão ruins, isso recai sobre a avaliação do presidente também.
A terceira, segundo ele, é restaurar a competitividade. Esse é o principal desafio para promover o crescimento. Um país só cresce pela conjugação de capital humano, mão de obra qualificada, boa educação, inovação e investimentos. Para isso é preciso também investir em infraestrutura, fazer a reforma tributária e abrir o país comercialmente, disse.
Para a plateia de empresários e lideranças políticas, o economista se mostrou com expectativas positivas para o governo Bolsonaro, sobretudo no campo da economia, sobretudo pelo legado herdado da gestão de Michel Temer. Mas ele ponderou uma preocupação e risco para essas agendas não avançarem: o próprio Bolsonaro.
O risco tem nome e sobrenome. Jair Bolsonaro. Seja com a criação de crises ou mesmo com a possível perda do capital político dele, causada por deficiência na articulação política, destacou.
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