Um estudo realizado pelo Sebrae revela que parte das micro e pequenas empresas do Espírito Santo já começou a se recuperar da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. Apenas 12% delas ainda não retomaram as atividades. E, das que já voltaram a funcionar, 13% inclusive retomaram as contratações em setembro.
O percentual, segundo o gerente de competitividade e produtividade do Sebrae/ES, Luiz Felipe Sardinha, é 225% maior em relação ao levantamento anterior. Ele explica ainda que, mais que um cargo específico, micro e pequenas empresas têm priorizados profissionais multidisciplinares, com visão mais generalista. Isto é, profissionais com um conjunto de habilidades, que tornam possível que absorvam tarefas diferentes.
Além disso, houve um aumento na procura por profissionais conectados ao meio digital, e com facilidade de se adaptar.
O aumento de contratações, aliás, reflete um cenário animador. Ao passo que 74% das micro e pequenas empresas capixabas ainda sentem a queda no faturamento, houve uma redução no número de empresários endividados. Somente 25% dos negócios têm alguma dívida ou empréstimo em atraso; na pesquisa anterior eram 39%.
Aliado a isso, 54% dos entrevistados acreditam que o pior já passou, ou que os desafios provocaram mudanças que foram valiosas para o negócio, e inclusive veem a possibilidade de novas ideias.
São indicadores importantes de retomada. A gente conclui, de modo geral, que o nível de confiança do empresário tem melhorado e isso nos deixa otimistas. O empresariado está voltando a contratar, a saúde financeira dos pequenos negócios têm melhorado. Esse conjunto de fatores que nos leva a acreditar que estamos no caminho para a retomada, observa Sardinha.
Ele destaca que, para impulsionar essa retomada, muitos empresários estão transformando seus negócios, seja investindo em produtos ou serviços diferentes, ou migrando para o ambiente virtual. Aliás, essa correção de rota, segundo o especialista, pode ser a diferença entre manter as portas do negócio abertas ou fechadas em meio à crise.
Para se ter ideia, a pesquisa mostra que 70% das companhias, ao voltar a operar, realizaram mudanças nas atividades, sendo que 34% lançaram ou adotaram novos serviços e produtos.
E, geralmente, são mudanças simples. Pegue o exemplo de uma padaria, por exemplo, que deixou de vender apenas o básico, e passou a oferecer cestas de produtos, que é algo que vem se popularizando. Com as redes sociais, eles conseguem fazer uma divulgação pesada, e ir atrás do público que consome esse tipo de coisa.
Sardinha destaca que a pandemia potencializou uma quebra de barreiras, e muitos empresários que operavam somente no meio físico se adaptaram de alguma forma porque identificaram novas oportunidades no e-commerce.
Não basta, porém, ir para o meio digital. Para que o negócio cresça de forma sustentável, é preciso ter uma estratégia, cujo primeiro passo, invariavelmente, passa por entender o consumidor.
Hoje, todos os elementos que são importantes para a tomada de decisão do empresário está disponível para fácil acesso na internet. Os empresários devem se apropriar dos dados, observar as informações sobre o consumidor do nicho em que atua, qual sua trajetória, o que o consumidor está comprando, que feedbacks ele tem dado.
Para o consultor de marketing André Damasceno, é possível absorver essas informações de formas simples, como, por exemplo, enquetes por meio das redes sociais.
Pergunte ao seus consumidores o que eles buscam, como você pode ajudar. Deixe que deem sugestões. Quanto mais simples e direto você for, maior a chance de conseguir impactar, porque você cria empatia.
O consultor destaca, entretanto, que esse tipo de estratégia deve ser um hábito, do contrário, as informações obtidas serão limitadas, e não conseguirão entregar o resultado esperado.
É preciso fazer isso continuamente, inclusive porque as necessidades do consumidor mudam cada vez mais rapidamente. Não é preciso inventar a nova roda, mas é preciso entender quais são os novos hábitos de consumo para continuar inovando e oferecendo o que o consumidor realmente quer e precisa.
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