Após cinco passageiros terem que passar o Natal longe das famílias em função do cancelamento do voo que sairia de Guarapari para Belo Horizonte na tarde de quinta-feira (24), véspera de Natal, a Azul Linhas Aéreas explicou o motivo do problema na tarde desta sexta (25): a aeronave não conseguiu pousar em Guarapari em função do mau tempo.
Em nota, a companhia aérea explicou que "em função de problemas meteorológicos em Guarapari, o voo AD5102 (Belo Horizonte-Guarapari) alternou para Vitória ontem (quinta) e, em consequência disso, o voo AD5103 (Guarapari-Belo Horizonte) foi cancelado". Os consumidores só conseguiram embarcar para Minas na tarde desta sexta, mas em Vitória.
Alternar é uma operação da aviação que é feita quando uma aeronave está impedida de pousar no aeroporto de destino e ela tem que pousar em um outro local anteriormente definido no plano de voo. No caso, esse outro local era o Aeroporto de Vitória.
De acordo com a Azul, "os clientes impactados seguiram por via terrestre até o aeroporto da capital capixaba. No entanto, a aeronave que iria operar o voo da volta a partir de Vitória foi submetida à uma manutenção não-programada". O avião que opera a rota Guarapari - Belo Horizonte é um Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove passageiros.
Quatro passageiros embarcaram nesta sexta: Stela Rodrigues com os filhos de 8 e 11 anos, e Rodrigo Giovanni de Almeida. O embarque foi em Vitória com destino à capital de Minas Gerais. Já o quinto passageiro, que preferiu não se identificar, contou que desistiu da viagem devido à frustração por não ter passado a importante data junto à família.
Os consumidores que embarcariam para o Natal em família em BH receberam a notícia do cancelamento do voo e precisaram esperar cerca de 5h no Aeroporto de Guarapari para que alguma medida fosse tomada, o que só aconteceu nesta sexta-feira (25), quase 24h depois.
A Azul ressaltou que os clientes "receberam toda a assistência necessária, conforme prevê a resolução 400 da Anac, e foram reacomodados em voos que da própria companhia programados para hoje (sexta)".
Em nota, a companhia também lamentou eventuais aborrecimentos ocorridos e reforçou que ações como essas são necessárias para garantir a segurança de suas operações".
A rota aérea especial de verão começou a ser operada pela Azul Conecta, empresa sub-regional da Azul, na semana passada.
Segundo o empresário do ramo de tecnologia Rodrigo Giovanni , de 30 anos, a situação enfrentada foi a tradução de uma prestação de serviço feita a números, em vez de pessoas.
"Eu passei a ceia de Natal comendo batata de pacote, chocolate, bala e suco, pagos por mim. A companhia não nos deu posição nenhuma. Nos levaram para Vitória ontem (24), às 21h, disponibilizaram um hotel que não tinha mais janta sendo servida. Não foi custeado transporte para a hospedagem nem de volta ao aeroporto para o embarque, sequer perguntaram se estávamos bem", disse.
Antes de ir para o hotel na véspera do Natal, Rodrigo chegou a questionar se não havia algum embarque imediato por outra companhia. "Eu sabia que havia outros voos, mas falaram que não tinha jeito. Disseram que o voo seria hoje (25) às 15h, sem chances de eu almoçar com meu filho e esposa".
A reportagem de A Gazeta também conversou com um dos consumidores, um morador de Belo Horizonte, idoso, que preferiu não se identificar. Segundo relato dele, concedido entre muitas lágrimas, o momento que viveu no Aeroporto de Guarapari foi de um grande abuso.
"Eu não quero mais participar disso, só de pensar no tanto que eu sofri ontem. Foi um descaso muito grande, um desrespeito, estou muito abalado. Pela minha idade, nunca passei por situação parecida. Parecia que a gente não era ninguém. Fiquei no local de 15h até 20h e arquei com minhas despesas".
Ele completou: "A companhia prejudicou todo o meu plano do Natal. Iria passar com minha família e acontece esta irresponsabilidade. Vou ficar em Guarapari e não tenho família aqui, minha família mora toda em Belo Horizonte. Mas agora vou dar um tempo, deixar passar essa crise, não quero programar a viagem agora, estou com medo de uma nova decepção".
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