O mercado de trabalho não será mais o mesmo após a crise do novo coronavírus. Mesmo com tantas incertezas que rondam a economia, há uma certeza: os impactos profissionais serão sentidos tanto para quem já está em atuação quanto para as futuras gerações.
A tendência é que essa nova forma de se trabalhar, que passamos a conhecer neste momento, permaneça nas próximas décadas. Se antes da pandemia os trabalhos eram feitos de forma presencial, passarão agora cada vez mais a ser desenvolvidos de forma remota, de qualquer lugar.
De acordo com especialistas, a crise apenas acelerou alguns processos, passando a exigir colaboradores cada vez mais ágeis, com facilidade para se adaptar às mudanças e com habilidades socioemocionais muito bem desenvolvidas. O domínio da tecnologia também será o diferencial para quem vai disputar uma oportunidade.
A partir de agora, o mercado de trabalho vai ficar cada vez mais concorrido, com grandes incertezas e cobranças diferentes daquela que estávamos acostumados. Hoje falamos de pandemia, de reuniões on-line e de trabalho em casa e amanhã poderá ser outra crise, outras necessidades corporativas. Entretanto, uma coisa é certa: as empresas vão apostar em quem é cada vez mais camaleão, resume Juliana Inhasz, professora de Economia do Insper, de São Paulo.
Para ter mais espaço e vencer as barreiras que serão colocadas pela crise, jovens, adolescentes e até crianças vão precisar se preparar agora, apostando desde cedo na educação. Especialistas afirmam que haverá menos vagas de trabalho no futuro e a qualificação será cada vez mais exigida para quem quer se destacar.
André Luiz Zucchetto de Abreu, 27 anos, decidiu apostar em duas graduações e aumentar as chances no mercado de trabalho. Ele é aluno do oitavo período do curso de Direito e do sexto período de Gestão em RH, na UVV. O estudante olha para o futuro assustado por conta do cenário profissional.
O ramo da advocacia está saturado. A tecnologia começou a ocupar esse espaço. Robôs já estão fazendo o trabalho que sempre foi do advogado. Por isso decidi fazer outra graduação, para ter um diferencial a mais e ter mais visão do mercado. Quero começar um mestrado para que, futuramente, esteja qualificado para dar aulas. Não quero parar de me qualificar nunca, ressalta o jovem.
No mundo do trabalho, profissões são extintas e criadas a todo momento. E, para a próxima década, algumas carreiras ainda nem foram criadas e outras são consideradas promissoras.
Uma delas é a área de tecnologia, que possibilita o profissional a trabalhar com programação de software, análise de sistemas, engenharia de software e na parte de segurança da informação. Além disso, é possível desenvolver soluções para outros ramos de atividade, como medicina e comércio eletrônico.
O setor foi o escolhido pelo aluno do 6º período do curso de Sistemas de Informação da UCL, Otávio Augusto Patrocínio Provedel, 23 anos. Ele trabalhava como professor de programação e robótica em uma escola que foi fechada durante a crise do coronavírus, ficando desempregado há alguns meses.
Escolhi a carreira pela afinidade e pela facilidade de conseguir emprego. Não sei como vai ficar o mercado, mas a área de tecnologia está e deve continuar em alta. A minha intenção é trabalhar com desenvolvimento de software ou gestão ou ainda como professor, comenta.
Outro segmento que ainda deve permanecer em alta depois da pandemia é o que lida com o desenvolvimento humano, como psicólogos e psiquiatras. Nesse grupo, também podem ser incluídos profissionais que atuam no atendimento a pessoas da terceira idade, como professores de educação física, fisioterapeutas e cuidadores de idosos.
Setores como o agronegócio, com engenheiros agrônomos e técnicos agropecuários, e de alimentação, principalmente para nutricionistas, técnicos em alimentação e quem apostou no sistema de delivery, vão permanecer em alta nos próximo anos. Terão espaço no mercado de trabalho professores e arquitetos, mas eles ainda vão precisar se adaptar às novas plataformas digitais.
Especialistas apontam ainda espaço para profissionais que atuam com marketing digital e desenvolvimento de startups e comércio eletrônico, este último com oportunidades para trabalhadores da área de logística.
O mundo virou digital e quem não se adaptar a ele estará fora do mercado. O comentarista de inovação da CBN, Evandro Milet, avalia que a área de tecnologia é a mais promissora. Esses profissionais, segundo ele, poderão trabalhar no desenvolvimento de aplicativos e de sistemas que serão usados nas mais diversas áreas, entre elas a educação.
Por outro lado, a crise provocou um prejuízo maior para quem atua como dentista, que terá que se adaptar a uma série de exigências sanitárias, além de garçom, agente de viagem e até mesmo o professor que não se adequou às tecnologias.
A crise vai durar um bom tempo e a pandemia apenas acelerou o processo de distanciamento dos trabalhadores. É importante ressaltar que tudo vai depender de como o profissional entra no mercado de trabalho. Pesquisas indicam que as primeiras experiências vão definir quem ele será no futuro e determinar muito sua vida produtiva. Diante disso, os menos qualificados ficarão numa posição mais vulnerável em relação aos demais, destaca o pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Daniel Duque.
O especialista avalia que o grau de intensidade da crise ainda vai provocar o fechamento de muitas ocupações e que elas demorarão para serem recuperadas. A estimativa, segundo ele, é de que o desemprego feche o ano com uma taxa de 18,7%, bem maior do que os atuais 12,6%.
No Espírito Santo, 238 mil pessoas estavam desempregadas entre janeiro e março deste ano, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma taxa de 11,1%, a maior desde o primeiro trimestre de 2019, quando o índice era de 12,1%.
Especialistas apontam algumas profissões que estarão em alta no futuro:
Fonte: Especialistas ouvidos pela reportagem
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