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Mercado de trabalho exigirá novas habilidades da geração pós-pandemia

Mercado de trabalho exigirá novas habilidades da geração pós-pandemia

Profissionais conectados às novas tecnologias, que atuam com agilidade e que estão apto às tarefas remotas devem encontrar mais espaço nas oportunidades de emprego ao fim da luta contra o coronavírus

Publicado em 30 de maio de 2020 às 06:00

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Mercado de trabalho pós pandemia
Novas tecnologias serão aliadas dos profissionais nesse novo mundo. (Amarildo)

O mercado de trabalho não será mais o mesmo após a crise do novo coronavírus. Mesmo com tantas incertezas que rondam a economia, há uma certeza: os impactos profissionais serão sentidos tanto para quem já está em atuação quanto para as futuras gerações.

A tendência é que essa nova forma de se trabalhar, que passamos a conhecer neste momento, permaneça nas próximas décadas. Se antes da pandemia os trabalhos eram feitos de forma presencial, passarão agora cada vez mais a ser desenvolvidos de forma remota, de qualquer lugar.

De acordo com especialistas, a crise apenas acelerou alguns processos, passando a exigir colaboradores cada vez mais ágeis, com facilidade para se adaptar às mudanças e com habilidades socioemocionais muito bem desenvolvidas. O domínio da tecnologia também será o diferencial para quem vai disputar uma oportunidade.

“A partir de agora, o mercado de trabalho vai ficar cada vez mais concorrido, com grandes incertezas e cobranças diferentes daquela que estávamos acostumados. Hoje falamos de pandemia, de reuniões on-line e de trabalho em casa e amanhã poderá ser outra crise, outras necessidades corporativas. Entretanto, uma coisa é certa: as empresas vão apostar em quem é cada vez mais camaleão”, resume Juliana Inhasz, professora de Economia do Insper, de São Paulo.

Para ter mais espaço e vencer as barreiras que serão colocadas pela crise, jovens, adolescentes e até crianças vão precisar se preparar agora, apostando desde cedo na educação. Especialistas afirmam que haverá menos vagas de trabalho no futuro e a qualificação será cada vez mais exigida para quem quer se destacar.

André Luiz Zucchetto de Abreu, estudante de direito e fala sobre seu futuro no mercado de trabalho
André Luiz Zucchetto de Abreu apostou na qualificação para ter sucesso no futuro. (Acervo pessoal)

André Luiz Zucchetto de Abreu, 27 anos, decidiu apostar em duas graduações e aumentar as chances no mercado de trabalho. Ele é aluno do oitavo período do curso de Direito e do sexto período de Gestão em RH, na UVV. O estudante olha para o futuro assustado por conta do cenário profissional.

“O ramo da advocacia está saturado. A tecnologia começou a ocupar esse espaço. Robôs já estão fazendo o trabalho que sempre foi do advogado. Por isso decidi fazer outra graduação, para ter um diferencial a mais e ter mais visão do mercado. Quero começar um mestrado para que, futuramente, esteja qualificado para dar aulas. Não quero parar de me qualificar nunca”, ressalta o jovem.

No mundo do trabalho, profissões são extintas e criadas a todo momento. E, para a próxima década, algumas carreiras ainda nem foram criadas e outras são consideradas promissoras.

Uma delas é a área de tecnologia, que possibilita o profissional a trabalhar com programação de software, análise de sistemas, engenharia de software e na parte de segurança da informação. Além disso, é possível desenvolver soluções para outros ramos de atividade, como medicina e comércio eletrônico.

Otávio Augusto Patrocínio Provedel, 23 anos, aluno do curso de Sistemas da informação. Fala sobre seu futuro no mercado de trabalho
Otávio Augusto Patrocínio Provedel, 23 anos, aluno do curso de Sistemas da informação. (Acervo pessoal)

O setor foi o escolhido pelo aluno do 6º período do curso de Sistemas de Informação da UCL, Otávio Augusto Patrocínio Provedel, 23 anos. Ele trabalhava como professor de programação e robótica em uma escola que foi fechada durante a crise do coronavírus, ficando desempregado há alguns meses.

“Escolhi a carreira pela afinidade e pela facilidade de conseguir emprego. Não sei como vai ficar o mercado, mas a área de tecnologia está e deve continuar em alta. A minha intenção é trabalhar com desenvolvimento de software ou gestão ou ainda como professor”, comenta.

Outro segmento que ainda deve permanecer em alta depois da pandemia é o que lida com o desenvolvimento humano, como psicólogos e psiquiatras. Nesse grupo, também podem ser incluídos profissionais que atuam no atendimento a pessoas da terceira idade, como professores de educação física, fisioterapeutas e cuidadores de idosos.

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Agronegócio e alimentação são setores que devem permanecer em alta. (Pixabay/Sponchia)

Setores como o agronegócio, com engenheiros agrônomos e técnicos agropecuários, e de alimentação, principalmente para nutricionistas, técnicos em alimentação e quem apostou no sistema de delivery, vão permanecer em alta nos próximo anos. Terão espaço no mercado de trabalho professores e arquitetos, mas eles ainda vão precisar se adaptar às novas plataformas digitais.

Especialistas apontam ainda espaço para profissionais que atuam com marketing digital e desenvolvimento de startups e comércio eletrônico, este último com oportunidades para trabalhadores da área de logística.

O mundo virou digital e quem não se adaptar a ele estará fora do mercado. O comentarista de inovação da CBN, Evandro Milet, avalia que a área de tecnologia é a mais promissora. Esses profissionais, segundo ele, poderão trabalhar no desenvolvimento de aplicativos e de sistemas que serão usados nas mais diversas áreas, entre elas a educação.

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As profissões vão se transformando e não será a pandemia que vai mudar isso. A automação das indústrias vai continuar, com a utilização de robôs no lugar de quem fazia trabalho braçal. É preciso observar os setores e quais os empregos que eles geram. É bom lembrar que as grande empresas vão continuar a investir em inovação, exigindo um profissional cada vez mais digital.

Evandro Milet
Comentarista de inovação da CBN
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ADAPTAÇÕES

Por outro lado, a crise provocou um prejuízo maior para quem atua como dentista, que terá que se adaptar a uma série de exigências sanitárias, além de garçom, agente de viagem e até mesmo o professor que não se adequou às tecnologias.

“A crise vai durar um bom tempo e a pandemia apenas acelerou o processo de distanciamento dos trabalhadores. É importante ressaltar que tudo vai depender de como o profissional entra no mercado de trabalho. Pesquisas indicam que as primeiras experiências vão definir quem ele será no futuro e determinar muito sua vida produtiva. Diante disso, os menos qualificados ficarão numa posição mais vulnerável em relação aos demais”, destaca o pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE, Daniel Duque.

12,6%
Da população brasileira está desempregada

O especialista avalia que o grau de intensidade da crise ainda vai provocar o fechamento de muitas ocupações e que elas demorarão para serem recuperadas. A estimativa, segundo ele, é de que o desemprego feche o ano com uma taxa de 18,7%, bem maior do que os atuais 12,6%. 

238 mil
PESSOAS ESTÃO DESEMPREGADAS NO ESPÍRITO SANTO

No Espírito Santo, 238 mil pessoas estavam desempregadas entre janeiro e março deste ano, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), uma taxa de 11,1%, a maior desde o primeiro trimestre de 2019, quando o índice era de 12,1%.

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Com esse índice recorde, será muito mais difícil acessar o mercado de trabalho do que anteriormente. Será o indicador (taxa de desemprego) mais alto desde 2017. Os empregos protegidos serão aqueles que poderão ser desenvolvidos à distância. Cada vez mais serão necessárias pessoas qualificadas e com capacidade de lidar com a tecnologia. Esses profissionais já eram bem posicionados e a partir de agora serão ainda mais demandados

Daniel Duque
Pesquisador da área de Economia Aplicada do FGV IBRE
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PROFISSÕES EM ALTA NO FUTURO

Especialistas apontam algumas profissões que estarão em alta no futuro:

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Oportunidades para profissionais de biotecnologia. (pixabay/kkolosov)

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Profissional urbanista é uma das carreiras do futuro, segundo especialistas. (pixabay/Pexels)

Fonte: Especialistas ouvidos pela reportagem

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