A indústria capixaba enfrenta um ano de desaceleração na sua produção. Os maus desempenhos dos setores de mineração, petróleo, transformação e celulose vêm mantendo o índice do ano negativo para o Espírito Santo. São várias as razões que explicam os resultados, segundo especialistas. Elas vão de baixa competitividade até redução da produção da Petrobras. O quadro dificilmente será revertido ainda neste ano.
Esses segmentos tradicionais têm enfrentado queda na demanda do mercado internacional. São commodities em período de baixa. Com menos vendas, as empresas também estão reduzindo a produção. De acordo com os especialistas, o fato de poucas empresas serem responsáveis por boa parte dos números da indústria faz o resultado ruim de uma influenciar negativamente todos os indicadores.
Outro fator que contribui para o desempenho atual da indústria extrativa é a redução da produção de petróleo pela Petrobras, causado pelas paradas para manutenção das plataformas e pela maturação deles, afirma o presidente do Instituto Jones do Santos Neves (IJSN), Luiz Paulo Vellozo Lucas.
Para a economista e especialista na área de indústria Arilda Teixeira, a indústria da transformação, que tem forte papel nesse desempenho negativo do setor no Estado, não tem fôlego nem competitividade para enfrentar o mercado internacional atual.
Como a indústria estava sempre correndo para o governo quando tinha problemas de lucratividade, essa relação viciosa entre a indústria de transformação e os governos no Brasil aniquilou todas as possibilidades de termos um setor de transformação competitivo e crescente, critica a especialista.
Ainda segundo Arilda, ao longo desse processo a economia mundial foi aumentando sua integração e complementando a cadeia produtiva do mercado.
Falta abrir os olhos sobre o que é mercado e competição e como gerar condições para enfrentar a competição. Elas precisam inovar e abrir os olhos para os potenciais de produção de cada Estado, observa.
Já o presidente do IJSN, Luiz Paulo Vellozo Lucas, lembra que o dinamismo da economia do Espírito Santo é derivado do da brasileira, que vive um momento de expectativas de acontecimento. Os investimentos públicos e privados estão travados. Se a economia do Brasil voltar a crescer, nós vamos crescer ainda mais, avalia.
De janeiro a agosto deste ano, a indústria capixaba acumula queda de 12,8%, na comparação com o mesmo período de 2018. Além disso, os dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional do IBGE revelam que este é o pior resultado acumulado no ano desde dezembro de 2016 (-18,7%).
No Espírito Santo, os setores dos derivados da celulose e da indústria extrativa continuam sendo os que mais impactaram a queda do indicador do IBGE. No acumulado de janeiro a agosto de 2019, as indústrias de celulose (-32,8%), extrativa (-18,1%), metalurgia (-4,4%) e de produtos alimentícios (-2,8%) caíram. Produtos de minerais não-metálicos foi o único que cresceu (11%).
Na comparação entre quadrimestres, a indústria estadual vem perdendo dinamismo, de acordo com o IBGE. Nos últimos quatro meses de 2018, ela cresceu 3,7%, em relação ao mesmo período de 2017. Já no primeiro quadrimestre de 2019, caiu 10,2%, em relação a 2018. E, no segundo quadrimestre deste ano, diminuiu 15,2%, comparada ao mesmo período do ano anterior.
Os dados capixabas de agosto estão bem piores do que os nacionais. No acumulado de janeiro a agosto deste ano, comparado ao mesmo período de 2018, o país está com um saldo negativo de 1,7%.
Já na comparação de agosto com julho, a indústria geral brasileira cresceu 0,8%, enquanto a capixaba caiu 1,4%. Apenas oito dos quinze Estados pesquisados pelo IBGE tiveram queda de produção em agosto.
A indústria capixaba vem perdendo espaço no mercado, mas isso não é exclusividade dela, a nacional também enfrenta o mesmo problema. De acordo com especialistas, a indústria brasileira pode deixar o ranking das dez maiores do mundo. Enquanto a produção industrial no resto do mundo cresceu cerca de 10% desde 2014, a atividade nas fábricas brasileiras caiu 15% no mesmo período.
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