Entre os investimentos previstos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Espírito Santo estão a retomada e a conclusão de mais de 3,2 mil unidades do Minha Casa, Minha Vida, além da construção de 245 novas residências e modernização da infraestrutura em cidades capixabas. Com recursos federais nessas obras, a expectativa do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES) é que até 21 mil empregos sejam gerados no Estado.
O novo PAC foi lançado no último dia 11 e prevê a destinação de R$ 65,9 bilhões ao Estado. Os investimentos no Minha Casa, Minha Vida fazem parte do eixo "Cidades Sustentáveis e Resilientes". Nesse segmento, o valor empenhado no Espírito Santo é de R$ 12,4 bilhões.
Além da construção de novas moradias e do financiamento e aquisição de imóveis, o novo PAC investirá também na modernização da mobilidade urbana, abrangendo a urbanização de favelas, esgotamento sanitário, gestão de resíduos sólidos, contenção de encostas e combate a enchentes.
A expectativa é que 17 projetos do Minha Casa, Minha vida sejam retomados, totalizando 3,2 mil residências a serem concluídas. O programa prevê também a construção de 245 residências nas faixas 1 (famílias com renda mensal bruta de até R$ 2 mil), 2 (até R$4,4 mil) e 3 (até R$8 mil).
Confira os detalhes do que será feito no ES na tabela abaixo
A maioria desses imóveis com obras paradas está no Norte capixaba, sendo 995 em Linhares, 537 em Aracruz, 431 em Sooretama, 33 em São Mateus e 11 em Conceição da Barra. Na região também está prevista a construção de mais 57 unidades.
A segunda região com mais construções inacabadas é a Metropolitana. São 503 unidades em Cariacica, 458 em Vila Velha, 77 na Serra, 1 em Guarapari e 1 em Vitória. Para essa área, a perspectiva é fazer mais 143 residências.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta, o presidente do Sinduscon-ES, Douglas Vaz, afirma que a expectativa é que até 21 mil empregos sejam gerados com o investimento do PAC.
"Nossa previsão é que as obras habitacionais e de infraestrutura aumentem em até 10% as contratações no setor, o que representaria 21 mil vagas diretas e indiretas. Hoje, a construção civil emprega, no Estado, 66 mil trabalhadores diretos e outros 145 mil indiretamente. Com as obras previstas, como rodovias, hospitais e moradias, haverá maior geração de empregos, sem dúvida. Mas isso não acontece de uma vez, é um processo", contextualiza.
Na avaliação de Douglas Vaz, investir em infraestrutura, além de gerar emprego, melhora a competitividade do país em transporte, logística e energia, e melhora a qualidade de vida das pessoas.
"Temos certeza de que o país precisa de investimentos em infraestrutura, e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) apresentado pelo governo federal contempla importantes e necessárias obras no Espírito Santo", analisa.
O presidente do Sinduscon ressalta que não basta retomar os projetos, é importante concluí-los. "Sabemos que o importante é concretizar esses projetos. E acreditamos que esse é o pontapé inicial. As obras ligadas a rodovias são fundamentais para o nosso Estado. Fortalecendo a logística, beneficia todas as outras cadeias produtivas."
Para ele, a indústria da construção, tanto o mercado imobiliário, loteamentos, obras corporativas quanto as obras públicas não pararam, mas é positivo que esses investimentos voltem a ser viabilizados pelo governo federal. "O ritmo estava lento. Há obras que precisam ser concluídas e acreditamos que o PAC vem acelerar esse processo. Mais do que isso, o programa induz e orienta o investimento privado", observa.
Em outubro de 2022, a reportagem de A Gazeta percorreu o Norte do Espírito Santo para mostrar a situação de unidades do Minha Casa, Minha Vida. Os residenciais foram contratados em 2010 e 2013 com a programação de que as famílias recebessem as casas dois anos depois, o que nunca ocorreu.
As moradias eram destinadas para a faixa 1. Um dos conjuntos habitacionais abandonados fica em Linhares. O Residencial Mata do Cacau, com 992 unidades, foi contratado em 2010 por R$ 40 milhões. As casas deveriam ser entregues em 2012, mas uma forte cheia do Rio Doce alagou o local.
Em agosto do ano passado, um incêndio queimou o mato que cresceu entre as casas, e o calor do fogo deixou marcas nos imóveis, queimando tanques, derretendo forros e deixando rachaduras em paredes.
Em Sooretama, na mesma região, 431 casas do Residencial Alegre também estão abandonadas e sofrendo com a ação do tempo e a depredação. Elas foram contratadas em 2013 e deveriam ter sido entregues em 2015, mas isso também não ocorreu. O investimento na construção superava os R$ 21 milhões.
Em visita ao local, a equipe constatou que muitas das casas estavam abertas e sendo alvo de vandalismo, roubo ou depredação. Havia mato, unidades com rachaduras, enquanto as famílias a elas destinadas aguardam há quase uma década para tomar posse dos imóveis.
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