O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, atribuiu nesta segunda-feira, 22, a demissão de Roberto Castello Branco da presidência da Petrobras "talvez, à falta de comunicação" com o presidente da República, Jair Bolsonaro.
Castello Branco deixa o posto após reiteradas críticas de Bolsonaro à política de preços da empresa, que realizou novo reajuste nos combustíveis na última quinta-feira, 18. O vice-presidente da República disse não ver na demissão uma "forma de intervir nos preços, até pela própria legislação que rege a companhia".
Segundo Mourão, não houve interferência na estatal uma vez que a troca na presidência da petroleira estatal está "dentro das atribuições do presidente". "O mandato do Roberto terminava em 20 de março e poderia ser renovado ou não. A decisão é não renovar", argumentou Mourão.
Durante encontro com jornalistas no período da manhã, o vice-presidente comentou o aumento no preço do petróleo, que atribuiu, entre outros fatores, "ao inverno mais frio do Hemisfério Norte". "A turma lá queima petróleo pra poder se aquecer", afirmou o vice-presidente.
Para conter as variações, Mourão sugeriu a criação de um fundo soberano com base nos royalties do petróleo para ser utilizado a fim de amortecer aumentos. Atualmente, os recursos são repartidos entre Estados e municípios.
O mercado reagiu mal na sexta-feira, após a demissão de Castello Branco ter sido anunciada. Em Nova York, os American Depositary Receipts (ADR), recibos de ações negociadas da Petrobras, têm queda de 16,22% antes da abertura do mercado nos Estados Unidos nesta segunda-feira.
Para o vice-presidente, o movimento é especulativo. "O mercado é rebanho eletrônico. Nego sai correndo para um lado, daqui a pouco eles voltam correndo de novo. Não vejo que vá prejudicar demais isso daí", afirmou Mourão. "Daqui a pouco volta tudo, principalmente porque o novo indicado Silva e Luna é um camarada extremamente preparado. Basta acompanharem o trabalho que ele fez em Itaipu", completou.
Na sexta-feira, Bolsonaro anunciou pelo Facebook que indicaria o general e ex-ministro da Defesa Joaquim Silva e Luna, atualmente diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, para assumir a presidência da petroleira. Mourão relembrou a relação entre oficiais das Forças Armadas e o comando da estatal e disse que "a simbiose" entre ambos não vai prejudicar a Petrobras, "pelo contrário"
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