A FPSO Capixaba, navio-plataforma que produz petróleo e gás na região conhecida como Parque das Baleias, no litoral de Marataízes, no Sul do Espírito Santo, deve voltar a operar em 10 dias de acordo com o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Carlos Alberto Pereira de Oliveira. Ele está com as operações interrompidas desde o dia 10 de abril, devido à contaminação, até o momento, de 61 tripulantes pelo coronavírus, dos 77 trabalhadores que estavam a bordo.
Inicialmente, a informação da Agência Nacional de Petróleo (ANP), era de que 53 funcionários atuavam na plataforma e 34 testaram positivo para Covid-19. No entanto, o Ministério Público do Trabalho (MPT-ES) se reuniu com representantes da empresa nesta semana e confirmou os novos números nesta sexta-feira (17).
A Petrobras tem, no momento, duas plataformas que tiveram sua produção paralisada por causa da confirmação de casos da Covid-19. De acordo com o diretor, em coletiva de imprensa com a cúpula da estatal, nesta sexta-feira (17), a FPSO Cidade de Santos deve retomar a produção já no próximo fim de semana, enquanto a FPSO Capixaba volta a operar dentro de 10 dias.
Mas, para a retomada da produção, será necessária a autorização da ANP. No momento, a FPSO Capixaba está sendo monitorada pela Marinha, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ANP, cada qual em sua área de abrangência e atuação.
A plataforma localizada no Espírito Santo pertence à empresa holandesa SBM Offshore e é afretada pela Petrobras. Já a FPSO Cidade de Santos é da Modec e afretada pela Petrobras.
Na última quarta-feira (15), representantes da Petrobras, da SBM Offshore, da Anvisa, da ANP, da Secretaria de Estado da Saúde do Espírito Santo (Sesa) e do MPT-ES se reuniram, por videoconferência, para discutir a situação da plataforma.
O primeiro colaborador contaminado embarcou na plataforma no dia 19 de março, mas só apresentou sintomas no dia 28. De acordo com uma lista da Anvisa com os resultados do teste da Covid-19 realizados nos funcionários da plataforma capixaba, até o momento, de um total de 77 trabalhadores testados, 61 testaram positivo, 9 negativo, 6 inconclusivos e 1 pendente. Os dados foram passados ao MPT-ES.
Usualmente, na plataforma, trabalham de 60 a 80 pessoas por turno. A chamada fase dois teve início no dia 22 de março, após o período de isolamento de 14 dias pré-embarque, quando é realizado um levantamento de risco e, caso algum trabalhador apresente indícios ou sintomas, este não embarca. A contaminação na plataforma ocorreu antes da Petrobras iniciar esses procedimentos.
O trabalhador contaminado é um prestador de serviço terceirizado, pela empresa estrangeira com sede no Rio de Janeiro Axess Group, contratada para realizar auditoria em equipamentos para a detecção de corrosão uma tarefa que é realizada anualmente na plataforma. Quando o trabalhador começou a apresentar sintomas da Covid-19 foi desembarcado. No dia seguinte, duas pessoas que dividiam cabine com ele também foram retiradas do navio e a cabine foi desinfectada.
"Na sequência e de forma gradativa, foi realizado o desembarque do restante dos trabalhadores, seja por opção do próprio trabalhador, seja por apresentar algum sinal da Covid-19", complementou o procurador.
De acordo com o MPT-ES, a SBM Offshore informou que na plataforma existe um ambulatório com um profissional para atendimento, porém sem equipamentos como respiradores, entre outros. Ainda segundo a empresa, 23 trabalhadores permanecem embarcados para garantir a segurança operacional da unidade, mesmo que esta esteja parcialmente desativada e sem Cartão de Segurança de tripulação (CTS) completo.
Durante a coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (17), o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que a estatal vai manter os contratos que tem com outras empresas. De acordo com ele, está sendo feita uma renegociação com os grandes fornecedores, mas não com os pequenos.
Ainda segundo Castello Branco, a companhia está repassando as quedas internacionais no preço do petróleo e dos seus derivados, mas não está vendo isso chegar para o consumidor. Por isso, os contratos com os clientes estão sendo flexibilizados. "O que é lamentável, espero que esses revendedores olhem para o lado dos consumidores e não somente para si próprios", afirmou.
O presidente da Petrobras comentou ainda a empresa não vai quebrar e está confiante e fazendo o melhor dos seus esforços, ajudados pela sua equipe, para vencer e sair mais forte dessa crise. "A Petrobras não tem planos de fazer demissão de massa, não está demitindo e não tem planos de demitir", apontou.
Ele lembrou que se passaram um ano e quatro meses desde que assumiu a presidência e, desde então, os sindicatos espalham o boato de que haveria uma demissão em massa.
"A nossa principal preocupação é com a saúde dos empregados e sobrevivência da companhia. Estamos praticando o que está nos livros de boas práticas de gerenciamento de empresas. Desafio alguém a apresentar provas de que a Petrobras fez demissão em massa. Quanto aos terceirizados, eles não são empregados da Petrobras, então essa pergunta tem que ser endereçada a essas empresas", ponderou.
Também na coletiva, o diretor de Exploração e Produção da companhia, Carlos Alberto Pereira de Oliveira, informou que as paradas programadas que seriam realizadas no primeiro semestre do ano foram postergadas para o segundo semestre, por conta do coronavírus.
"Isso não traz impactos para operação e produção. Além disso, não estamos podendo aproveitar esse momento para as paradas, por causa da restrição de pessoas a bordo", disse.
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