Uma mulher foi impedida de fazer entrevista de emprego por estar usando short. A recrutadora até sugeriu que ele retornasse em outro momento após trocar de roupa, mas a jovem não aceitou.
O caso aconteceu com a norte-americana Tyreshia Morgan, que compartilhou a indignação nas redes sociais. O vídeo dela de agosto deste ano no TikTok já passa dos 5,7 milhões de visualizações.
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No ano passado, um outro caso também chamou a atenção nas redes sociais. Foi o caso da brasileira Paloma que usava uma calça rasgada. A jovem relatou, na ocasião, que o recrutador chegou a dizer que a roupa diz muito sobre uma pessoa.
Mas até que ponto uma roupa pode ser determinante para aprovação ou não de um candidato?
Na opinião da psicóloga e diretora de Liderança, Cultura e Diversidade do Ibef-ES, Gisélia Freitas, durante uma entrevista, as empresas podem exigir uma série de aspectos que vão além das qualificações técnicas, e isso inclui a apresentação pessoal. Ela complementa que as roupas e a aparência geral do candidato podem ser fatores determinantes na primeira impressão.
“De fato, é possível que um candidato seja eliminado com base na roupa que usou, especialmente se esta não se alinha ao dress code esperado para o ambiente em questão. Isso ocorre porque a forma como nos vestimos pode transmitir características como profissionalismo, respeito e entendimento da cultura da empresa”, comenta.
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Gisélia diz ainda que a melhor roupa para ir a uma entrevista depende do setor e da cultura da organização. Em ambientes mais formais, como em instituições financeiras, um traje tradicional, como um terno, é recomendado. Já em empresas de tecnologia ou start-ups, pode-se optar por um visual mais casual, mas sempre mantendo uma aparência organizada e cuidadosa.
A psicóloga e diretora da Psico Store, Martha Zouain, explica que as empresas têm o direito de definir certos padrões para entrevistas, mas ela alerta que essas exigências devem estar em conformidade com a leis, para evitar discriminação e respeitar a dignidade e os direitos dos candidatos.
A sócia do escritório Motta Leal & Advogados Associados, advogada especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, Patricia Pena da Motta Leal, alerta que não é recomendável eliminar um candidato unicamente pela roupa, a menos que a vestimenta viole claramente um código de vestuário previamente estabelecido.
“A eliminação com base apenas na roupa pode ser vista como subjetiva, injusta e discriminatória”, aponta.
A discriminação pode ocorrer, segundo a advogada, quando a eliminação do candidato é baseada em preconceitos relacionados a gênero, raça, orientação sexual, religião, ou características pessoais irrelevantes ao cargo, incluindo a vestimenta quando não há justificativa razoável.
Segundo a psicóloga, Martha Zouain, a roupa ideal para uma entrevista depende muito da cultura da empresa. Para evitar transtornos, ela alerta que o candidato deve procurar informações sobre o ambiente corporativo. Isso pode ser feito pelas redes sociais e na página oficial da organização para entender como os demais profissionais que ali trabalham se comportam.
“Entender a cultura da empresa é essencial. Considere o tipo de posição para a qual está sendo entrevistado. Para cargos de liderança, geralmente espera-se um traje mais formal; para posições criativas, um look mais casual e estiloso pode ser adequado. Escolha uma roupa que te faça sentir confiante e confortável. Estar desconfortável com a roupa pode afetar seu desempenho na entrevista”, alerta Martha.
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Ela lembra ainda que, mesmo em ambientes mais casuais, é importante evitar roupas excessivamente informais, como shorts, chinelos ou peças muito decotadas.
O candidato a uma vaga também deve ficar atento quanto à limpeza e ao ajuste das peças escolhidas, garantindo que estejam em boas condições, como complementa a psicóloga e diretora de Liderança, Cultura e Diversidade do Ibef-ES, Gisélia Freitas.
“Cuidados com acessórios, calçados e até mesmo com a higiene pessoal são fundamentais para se passar uma imagem positiva. Portanto, uma preparação atenta em relação ao que vestir é um passo importante que pode influenciar o sucesso em um processo seletivo”, aponta.
Outras posturas também são analisadas pelos recrutadores. Segundo o CEO da Nbs gestão em educação é idealizador do MBA gestão na prática na Fucape, Thiago Bassetti, espera-se que os candidatos mantenham uma postura profissional, o que inclui ser educado, pontual, e demonstrar interesse e respeito durante a entrevista.
Ele aponta ainda que uma postura aberta, contato visual apropriado, um aperto de mão firme (quando aplicável), e evitar cruzar os braços ou adotar posturas defensivas ou desleixadas são comportamentos normalmente esperados.
“Falar de forma clara e concisa, demonstrar confiança sem arrogância e estar preparado para responder às perguntas de maneira estruturada são considerados sinais de profissionalismo”, orienta.
A advogada Patricia Pena da Motta Leal lembra que a legislação brasileira, especialmente a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a Constituição Federal, proíbe a discriminação no ambiente de trabalho, inclusive em processos seletivos. Segundo ela, a recusa de um candidato por razões discriminatórias pode acarretar punições legais.
O especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, Guilherme Machado, complementa que esse tipo de eliminação pode custar à empresa indenização e prejuízos desnecessários à sua imagem corporativa.
“Eliminar um candidato pela roupa pode resultar em uma indenização por danos morais e processo administrativo pelo Ministério do Trabalho. A legislação considera discriminação esse tipo de conduta, devendo todas as particularidades e exigências técnicas do cargo estar previstas e informadas previamente nos editais ou anúncios de vagas”, finaliza.
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