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Mulheres capixabas impulsionam o empreendedorismo feminino

Mulheres capixabas impulsionam o empreendedorismo feminino

Káritas, Priscila e Bryce se destacam por incentivar o empreendedorismo; projeto Todas Elas de A Gazeta dá visibilidade às mulheres

Publicado em 17 de janeiro de 2020 às 12:24

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Káritas Devillart, do Projeto Erga-se, trabalha para incentivar o empreendedorismo feminino . (Fernando Madeira)

Como diz um antigo ditado: a união faz a força. Pensando nisso, algumas mulheres do Espírito Santo desenvolvem trabalhos que, no fundo, têm como objetivo impulsionar e inspirar outras a acreditarem nelas mesmas. A ideia é empoderar para que elas possam empreender e correr atrás de seus sonhos.

A empresária Káritas Devillart, de 42 anos, está à frente da Feira Erga-se, que acontece periodicamente na Serra e que reúne diversas empreendedoras que, sozinhas, não teriam como expor seus produtos. Segundo ela, a iniciativa visa tirar as mulheres do "casulo em que vivem" resultando na conquista da independência financeira.

A sócia de Káritas, Brenda Bolsoni, atua como coach e observou, em seus atendimentos, as queixas recorrentes de mulheres que reclamavam do desemprego, da falta de vagas e da falta de rumo de suas vidas. A conclusão era de que o que elas queriam era trabalhar em algo que lhes desse satisfação e renda.

“A nossa ideia foi, desde o início, traçarmos soluções para incentivar o lado empreendedor delas. Na época, muitas delas vendiam doces e artesanato, mas sem muito destaque. Foi quando decidimos juntar essas mulheres em um só lugar, com a realização de uma feira”, ressalta.

A primeira edição da Feira Erga-se foi realizada em junho de 2019, em Morada de Laranjeiras, e contou com a participação de 25 mulheres expositoras. E foi um sucesso. “Não sabíamos como seria o desempenho e, para nossa surpresa, o público foi muito maior do que o esperado. Não esperávamos que iríamos crescer tanto. Isso pôde ser facilmente observado nas edições seguintes”, resume.

O próximo evento acontece no dia 8 de fevereiro e contará com a participação de 80 expositoras. As interessadas em participar podem enviar uma mensagem direta no Instagram oficial da feira (@feiraergasebem).

Káritas destaca que este ano haverá muitas novidades. A primeira delas será o Papo da Empreendedora, que, entre outras coisas, vai orientar como as mulheres podem usar as redes sociais para vender seus produtos.

“No site da feira, que estará disponível nos próximo dias, teremos um espaço para direcionar os internautas para o Instagram das expositoras, além de abas com projetos voltados para as empreendedoras. Tudo isso com o objetivo de divulgar os trabalhos”, observa.

Paralelo à feira, a Erga-se conta com o Happy Hour com Ideias, encontro que aborda temas voltados para autoestima, empreendedorismo, entre outros assuntos.

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Tenho uma loja de informática na Serra e sei que empreender não é um mar de rosas, tem que ser persistente e colocar toda a energia naquilo que acredita. Com muito trabalho e dedicação, é possível colher os frutos. Ajudar outras meninas a crescerem me dá muita satisfação, principalmente quando ouço seus depoimentos de superação de várias barreiras

Káritas Devillart
Idealizadora a Feira Erga-se
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“Tenho uma loja de informática na Serra e sei que empreender não é um mar de rosas, tem que ser persistente e colocar toda a energia naquilo que acredita. Com muito trabalho e dedicação, é possível colher os frutos. Ajudar outras meninas a crescer me dá muita satisfação, principalmente quando ouço seus depoimentos de superação de várias barreiras”, comenta.

ORIENTAÇÕES FINANCEIRAS E INCENTIVO

Priscila Gama é presidente do Instituto Das Pretas. (Reprodução Instagram Priscila Gama )

Um laboratório de inovação e tecnologia social, com diálogos focados em igualdade, equidade de raça e gênero, entre outros temas. Este é o trabalho desenvolvido pelo Instituto Das Pretas, de Vitória, que tem como presidente Priscila Gama, de 38 anos.

A entidade foi fundada há quase seis anos anos, mas a idealizadora já trabalha com o tema há pelo menos dez anos. “O nosso objetivo é potencializar as mulheres negras para que elas possam ter uma rede de ajuda e virar a chave do preconceito. Algumas políticas não chegam para elas e o que queremos é impulsioná-las para colocar seus negócios na rua, a transformarem suas artes em algo lucrativo, por exemplo”, ressalta.

Priscila lembra que as mulheres negras não são vítimas somente de violência doméstica, mas de racismo e preconceito. Segundo ela, é preciso que elas andem em grupos, para fazer coisas novas e cuidarem da saúde mental.

“O diálogo não é de assistencialismo, mas de potencializar essas pessoas no coletivo. Para isso, temos palestras, ações, workshops e eventos culturais que são utilizado por ferramenta de transformação de vida”, comenta.

Uma das ações do Instituto Das Pretas é dar orientação financeira para as mulheres periféricas. Priscila destaca que questões psicológicas como a ansiedade podem motivar o descontrole do dinheiro.

“O planejamento pessoal e financeiro é de extrema importância. Muitas não sabem cuidar do dinheiro. No caso daquelas que são vítimas de violência, por exemplo, orientamos na organização de seus ganhos e despesas, para assim conquistarem a independência financeira”, afirma.

Priscila destaca que, desde 2012, 100 mil pessoas já foram impactadas pelo Instituto Das Pretas.

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O protagonismo das mulheres negras é uma transformação e potencialização dessas mulheres. Ter o próprio negócio para muitas delas é uma saída e o nosso propósito é criar pontes para que elas prosperem e permaneçam dentro do que querem que vai desde trabalhar em casa, vender pela internet ou abrir uma loja

Priscila Gama
Presidente do Instituto Das Pretas
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Além de ser presidente do Instituto Das Pretas, Priscila também é proprietária de uma consultoria em estratégia de tecnologia social, desenvolvimento de pessoas, entre outros. “Sou uma empreendedora social que deu certo. A partir disso, tenho a necessidade de potencializar outras mulheres”, conclui.

CONFIANÇA E EMPODERAMENTO

Bryce Caniçali é influenciadora digital e empresária. (Acervo pessoal)

Aos 36 anos, Bryce Caniçali, usa a sua conta no Instagram (@brycecanicali) para falar sobre assuntos que são recorrentes entre as mulheres: a falta de confiança em si mesmas. Ela começou a aparecer sem maquiagem, comentando sobre situações que a incomodavam no dia a dia e como superava seus problemas. Bryce trabalha como influenciadora digital, tem uma agência de marketing digital e é moradora de Cariacica.

“Com meu jeito simples de relatar o cotidiano, fui percebendo que poderia empoderar minhas seguidoras. Só para se ter uma ideia, não tirava foto na praia porque não queria aparecer de biquíni por estar fora de forma. Com o tempo, tive coragem e perdi esse medo. Uma seguidora me falou outro dia que perdeu muito tempo sem se amar e que se livrar desses rótulos era libertador. O meu exemplo virou uma corrente legal, uma ajuda a outra”, explica

Bryce conta que essa iniciativa começou após o falecimento da mãe há alguns anos e adoção tardia da filha, que na época tinha sete anos.

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Tenho que ser forte para dar o exemplo para minha filha, que hoje está com 12 anos. Sou negra, filha de mulher negra e que passou por muitos problemas de bullying. Passei a refletir e percebi que precisava falar também sobre a questão da cor da pele, pois atingia a filha também. Procuro falar da forma que vivo e as pessoas se identificam com isso

Bryce Caniçali
Influenciadora digital
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Ela diz ainda que costuma ainda dar dicar para pequenas empreendedoras, prezando sempre pelo conteúdo de qualidade.

“Já trabalhei com confecção, quebrei e recomecei. Ser empreendedora é se reinventar. Não tem como ficar parada. É preciso se movimentar, se colocar em posição para se reerguer para construir outras histórias. Nós, mulheres, nos cobramos demais, mas o principal é nos olhar com mais amor e buscar uma rede de apoio”, finaliza.

DISCRIMINAÇÃO DE GÊNERO NO AMBIENTE CORPORATIVO

O progresso feminino na sociedade não é capaz de acabar com os desafios que as mulheres ainda enfrentam. A discriminação de gênero é real, elas recebem menores salários, são rejeitadas por serem mães, são alvo de assédio no ambiente corporativo. Em casa, muitas são vítimas de violência doméstica. Para dar mais visibilidade a esses problemas e as formas de enfrentá-los, A Gazeta criou o projeto Todas Elas, que entrou na rotina da redação A Gazeta/CBN.

Para isso, reportagens em vídeos, textos, infográficos, podcasts, todos relacionados ao tema, serão reunidos em A Gazeta. As editorias da redação serão responsáveis por gerar conteúdo para o Todas Elas, como a de Economia. O projeto vai destacar as oportunidades de emprego, empreendedorismo, carreira, mulheres que se destacam independentemente de serem do sexo feminino.

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O combate à violência também estará em destaque. Desde 1º de janeiro, A Gazeta passou a contar numericamente todos os casos de feminicídio no Espírito Santo.

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