Um dia antes de embarcar no rebocador que afundou em Guarapari, o chefe de máquinas Eric Barcelos Rangel, de 56 anos, que está desaparecido desde o último domingo (01), relatou falhas na embarcação e disse que estava com medo de viajar. A informação é da esposa da vítima, a técnica em segurança Rosângela Maria Rosa Barcelos Rangel.
A Marinha do Brasil abriu um inquérito para investigar o acidente. Outros dois tripulantes que estavam na embarcação foram resgatados após passarem várias horas em alto mar e estão hospitalizados.
Segundo Rosângela, Eric já tinha relatado problemas com o mesmo rebocador em pelo menos duas ocasiões anteriores. Em uma delas, há dois meses, uma viagem que costuma ter 15 dias de duração acabou se estendendo por quase 30 dias pelas condições da embarcação, de acordo com a esposa da vítima.
Momentos antes de embarcar, o chefe de máquinas contou à esposa que teve de ficar até 1h da madrugada no rebocador resolvendo problemas e precisou acionar um eletricista. A família acredita que falhas elétricas podem ter provocado o acidente.
Só sei que o barco estava muito ruim. Ele falava que o barco estava muito ruim. Tanto que essa viagem (de dois meses atrás) demorou o dobro - era para durar 15 e durou quase 30 dias. O barco é um barco velho, cheio de problemas, afirma a esposa da vítima.
Rosângela diz que o marido pensou em não ir à viagem, mas acabou convencido pela empresa porque ele tem um grande conhecimento sobre a área: Ele falou que estava com medo de ir nesse barco, mas pediram a ele porque ele tem um conhecimento marítimo.
Edson de Sousa, proprietário da Vitória Embarcações, que é responsável pelo rebocador, disse, em entrevista ao G1 ES, que há cerca de um mês o barco apresentou problemas na borracha do reversor, que é como se fosse a caixa de marchas do barco. No entanto, ele afirmou que o trabalhador não ficou à deriva, pois o barco estava atracado no Porto do Açu. Após esse problema, todo o material foi trocado e a manutenção foi feita, de acordo com a empresa.
Já nesta última viagem, Edson garantiu que não foi constatado nenhum problema na embarcação e contou que eles tinham o costume de chamar o trabalhador desaparecido para verificar a embarcação antes de sair com ela, pois ele entendia de máquinas. Ele disse também que foi feito um teste de cerca de duas horas com o rebocador e que estava tudo certo.
A Marinha, por intermédio do Comando do 1° Distrito Naval, informou que tomou conhecimento, nessa segunda-feira (02) de que o Rebocador Oceano I, que havia saído do Porto de Vitória na manhã domingo (01), com previsão de chegada ao Porto de Açu, no Rio de Janeiro, não havia chegado ao destino às 12h do feriado.
O Serviço de Busca e Salvamento (SAR) foi acionado e militares da Capitania dos Portos realizaram buscas nas proximidades das Três Ilhas, onde foi realizado o último contato, mas não obtiveram sucesso. O Navio-Patrulha Macaé e uma aeronave Sea Hawk (SH-16), sediados no Rio de Janeiro e em São Pedro dAldeia, respectivamente, também foram movimentados para a área de buscas. No fim da tarde de domingo (01), a Capitania recebeu da Companhia Docas do Espirito Santo (CODESA) a informação de que duas pessoas foram avistadas na área de fundeio.
Os tripulantes foram resgatados pela lancha Falésia, da Praticagem, e trazidos ao cais da Capitania. Foram prestados os primeiros atendimentos médicos em ambulância do SAMU, sendo em seguida encaminhados ao hospital.
As duas pessoas resgatadas foram confirmadas como tripulantes do rebocador. Eles informaram que a embarcação naufragou nas proximidades da Ilha Escalvada.
A Marinha do Brasil afirma que permanece com equipes de buscas e salvamento ao tripulante desaparecido, com uma aeronave, o Navio-Patrulha Macaé e duas embarcações da Capitania. A partir desta terça-feira (03), uma aeronave do Núcleo de Operações e Transporte Aéreo da Secretaria da Casa Militar (NOTAer) também auxilia nas buscas.
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