O Iron Trader, navio turco de bandeira panamenha que está atracado na Baía de Vitória há mais de cinco anos, vai deixar o Porto de Vitória para virar sucata. Com isso, chega ao fim o mistério de uma embarcação que está esquecida em águas capixabas desde 2015.
A embarcação foi leiloada por R$ 400 mil e o dinheiro será destinado para o pagamento de pendências trabalhistas aos nove tripulantes. A Companhia de Docas do Espírito Santo (Codesa) era a fiel depositária do navio, que agora passou a ser de responsabilidade da empresa compradora, a Sudeste Soluções Ambientais Eireli.
Caberá a ela tomar as medidas necessárias para a retirada do navio abandonado o mais breve possível. Para isso, a Codesa informou que ainda são necessários alguns procedimentos junto à Capitania dos Portos, que é a autoridade marítima. Após a saída da Baía de Vitória, a embarcação será levada para um píer de uma empresa em Vila Velha para ser desmontada.
O navio saiu da Turquia dois anos antes de ser atracado na Baía de Vitória, com previsão de parada na África do Sul e no Brasil. Na época, a informação era de que a parada da embarcação seria em Pernambuco, no Nordeste do país, mas a empresa que faria a compra do material transportado cancelou a transação. Sem dinheiro para seguir viagem, o navio ficou em alto-mar por cerca de um mês e meio.
Com o passar do tempo, começou a faltar água, medicamentos e alimentação para os trabalhadores e, por questões humanitárias, o Iron Trader foi autorizado a atracar no Porto de Vitória em janeiro de 2015. Ao todo, eram nove tripulantes: cinco turcos, três russos e um sírio.
Antes mesmo de o navio atracar no terminal portuário capixaba, os trabalhadores estavam com os salários atrasados e começaram uma greve. Dois deles permaneceram no Espírito Santo por uns meses e viviam por meio de doações de uma igreja. Todos eles já voltaram para seus países de origem.
A Justiça do Trabalho determinou que a Codesa ficasse como fiel depositária da embarcação, até que a questão trabalhista fosse resolvida entre a tripulação, o armador do navio e o agente. Segundo a companhia, o acordo funcionou como uma garantia, já que o navio não poderia deixar o porto sem que o armador, a empresa Iron Group Inc. Turquia, pagasse as dívidas trabalhistas e as tarifas portuárias.
E a novela do navio turco chegou ao fim na última semana e ele finalmente poderá deixar o porto. O primeiro passo da destinação da embarcação foi tomada pelo juiz do Trabalho Marcelo Tolomei Teixeira, da 7ª Vara do Trabalho de Vitória. Em sua decisão, ele tornou em caráter irrevogável a proposta de aquisição da embarcação, em favor da Sudeste Soluções Ambientais Eireli. Com isso, a venda do navio não pode mais ser cancelada.
O impasse quanto às dividas trabalhistas era um dos motivos que impediam a retirada do navio do Porto de Vitória. A ação foi movida pelo Ministério Público do Trabalho (MPT).
O juiz Marcelo Tolomei Teixeira informou que o dinheiro da venda do navio será usado para pagar encargos advocatícios e quitar parcialmente os débitos trabalhistas. Segundo ele, os valores não serão suficientes para saldar os encargos devidos aos tripulantes e o depósito do valor deve ocorrer até 1º de setembro de 2020.
Em texto publicado no site da Codesa, o presidente da companhia, Julio Castiglioni, comemorou o encerramento do processo envolvendo o navio turco. Após cinco anos e oito meses, a Companhia deixa de ser responsável pela embarcação. Nossa equipe teve, durante esse período, trabalho árduo e técnico para resguardar os interesses da estatal enquanto fiel depositária. Ficamos felizes com o resultado, que contemplou a todos, sobretudo à tripulação do Iron Trader, afirmou Castiglioni.
O Iron Trader foi fabricado em 1981 e está atracado no Porto de Vitória desde janeiro de 2015. A embarcação havia saído da Turquia dois anos antes, com previsão de parada na África e no Brasil. Na época, a informação era de que a parada do navio seria em Pernambuco, no Nordeste do país, mas a empresa que faria a compra do material transportado cancelou a transação.
A embarcação, entretanto, não tinha permissão para entrar no porto capixaba e ficou mais de um mês em alto-mar. Ao todo, eram nove tripulantes: cinco turcos, três russos e um sírio. A partir de então, começou a faltar mantimentos, água potável, assistência médica e alimentação para seus ocupantes, e a entrada no porto foi liberada por questões humanitárias. Na época, os tripulantes estavam há vários meses sem receber salários.
Dois marinheiros turcos, em outubro de 2015, ainda estavam no navio vivendo de doações de uma igreja.
Hoje, não há tripulantes no Iron Trader, que está ancorado no Berço 902 do Terminal de Granel Líquido (TGL), em São Torquato, Vila Velha. O navio tem 78,7 metros de comprimento.
A Codesa informou que, quando o navio foi atracado, houve o desembarque de carga geral (239.430 toneladas), cuja operação foi cercada de segurança máxima por parte da Polícia Federal, Alfândega e Guarda Portuária.
Em maio de 2015, a Justiça do Trabalho nomeou a Codesa como fiel depositária da embarcação, até que a questão trabalhista fosse resolvida entre a tripulação, o armador do navio e o agente. O acordo, segundo a companhia, era uma garantia, já que o navio não poderia deixar o porto sem que o armador, a empresa Iron Group Inc. Turquia, pagasse as dívidas trabalhistas e as tarifas portuárias.
Em meados de 2019, a dívida da empresa turca, apenas com a Codesa, já ultrapassava R$ 1 milhão, referende a tarifas portuárias.
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