O PicPay, aplicativo capixaba de pagamentos digitais, trocou de presidente. Gueitiro Genso, que estava no cargo há um ano, passou a cadeira, na última sexta-feira (31), para José Antônio Batista da Costa, herdeiro da JBS. A fintech é, atualmente, controlada pelo Banco Original, que pertence ao mesmo grupo que controla o frigorífico.
Segundo nota da empresa, Gueitiro permanecerá no Conselho de Administração da companhia. O novo presidente é neto de Zé Mineiro, patriarca da JBS.
No último ano, a empresa capixaba foi de 8 milhões para 28 milhões de usuários e quadruplicou o número de colaboradores. Foi também no ano passado que a empresa mudou a sede em Vitória para um local maior.
Na expansão, a empresa abriu mais de mil vagas de emprego tanto no Estado quanto em São Paulo, onde também mantém um escritório. O Picpay foi fundado em 2012 e, inicialmente, funcionava apenas como carteira digital. Atualmente, também oferece serviços de geração de boletos, transferências bancárias e outros
"José Antônio assume com um duplo desafio: sustentar o crescimento atingido na gestão do Gueitiro e ampliar ainda mais a gama de serviços oferecidos para esses novos usuários que chegaram ao universo dos pagamentos digitais no Brasil, diz Anderson Chamon, fundador e Head de Tecnologia e Produtos da empresa.
Em live promovida pela Exame, Gueitiro afirmou que a pandemia do novo coronavírus fez acelerar o crescimento da empresa, atingindo públicos que talvez demorassem mais para se inteirar desse tipo de tecnologia.
Ele ressaltou ainda que o PicPay busca parcerias com bancos e varejistas para ampliar sua atuação para os mais variados setores econômicos.
A mudança na direção da fintech coincide com um período de transformação no setor de pagamentos digitais, impulsionado pela popularização do uso dos celulares para transações financeiras durante a pandemia da Covid-19.
Na última semana, o Banco Central autorizou a Visa e a Mastercard a começarem os testes de pagamento via Whatsapp. A autoridade monetária informou, contudo, que os testes não fazem parte do processo formal de pedido das empresas para operar essa solução.
A pandemia também obrigou o Banco Central a antecipar o lançamento do PIX, o sistema de pagamentos instantâneos, para outubro deste ano. Esse sistema permitirá transferências de valores entre bancos diferentes em poucos segundos, diferente do sistema atual (TED e DOC), que pode levar horas ou dias.
"Esse mercado está em fervura total. É um mercado novo para todo mundo e vai mudar o mercado financeiro como um todo. Aquilo que a gente aprendeu sobre banco, cheque, cartão, TED, DOC, tudo isso vai desaparecer como desapareceu a ficha telefônica", analisa o doutor em Controladoria e Contabilidade e cofundador da Fucape, Aridelmo Teixeira.
Segundo ele, a pandemia fez acelerar a utilização de tecnologias para a resolução dos mais diversos problemas. Essa adoção em "tempos normais" poderia ter demorado entre quatro e cinco anos. "A pandemia forçou esse processo em todos os segmentos, não só o bancário. Ninguém aceitava ser consultado por um médico pela internet. A pandemia obrigou e todos vimos que é possível", aponta.
O especialista em Direito bancário, pagamentos e fintech do FAS Advogados, Pedro Eroles, acrescenta que o Banco Central está tendo papel fundamental de dar apoio a essas inovações do setor financeiro catalisados pela crise do coronavírus.
Ele acredita que, nesse contexto, deve haver uma diversificação dos serviços prestados pelas startups de finanças e até pelas empresas varejistas. "Essas entidades já começavam a diversificar. Hoje, o Nubank tem financeira, tem uma série de outros produtos, assim como o Picpay. Já não há modelos estanques, temos modelos diversificados. A tendência é essa mesma", diz.
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