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Nova CPMF, unificação, IR negativo: entenda o debate da reforma tributária

Nova CPMF, unificação, IR negativo: entenda o debate da reforma tributária

Governo deve apresentar sua proposta nesta terça (21) com pontos polêmicos. Outros projetos de reforma já tramitam na Câmara e no Senado. Saiba as diferenças

Publicado em 21 de julho de 2020 às 06:00

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Fachada do Congresso Nacional, em Brasília, que abriga a Câmara dos Deputados e o Senado Federal
Reforma tributária será discutida por deputados e senadores. (Pedro França)

O governo federal deve enviar nesta terça-feira (21) uma proposta de reforma tributária para a Câmara dos Deputados. Prometido desde a aprovação da reforma da Previdência e considerado um projeto estratégico para estimular a economia após a pandemia do coronavírus, o texto deve trazer pontos polêmicos e ter uma tramitação complicada em Brasília. 

Apesar de dizer que está com o projeto pronto, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve entregar uma proposta fatiada. Nessa primeira etapa, deve ser apresentada a Unificação de PIS e Cofins, contribuições federais, sem incluir os impostos municipais e estaduais.

A previsão é que o próprio ministro entregue o projeto ao Congresso, junto com o secretário da Receita Federal, José Tostes, no início desta tarde.

Em entrevista à rádio CBN Vitória na última segunda-feira (20), o novo secretário do Tesouro Nacional, Bruno Funchal, disse que a reforma visará manter o teto de gastos públicos e garantiu que ela não trará aumento de carga tributária.

IMPOSTO SOBRE TRANSAÇÕES FINANCEIRAS (NOVA CPMF)

Desde a última semana, voltou ao debate a criação de um imposto sobre transações financeiras que lembra a finada CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira). A ideia do ministro da Economia, Paulo Guedes, é criar um tributo sobre pagamentos e transações eletrônicas. A ideia, no entanto, deve ficar para um segundo momento até pela forte resistência que deve sofrer no Congresso.

A proposta foi confirmada pelo próprio presidente Jair Bolsonaro, que explicou que o novo tributo seria para permitir a desoneração da folha de pagamentos das empresas. "O que o Paulo Guedes está propondo não é a CPMF. É uma tributação digital para desonerar também a folha de pagamento. É uma compensação. Eliminar um montão de encargos em troca de outros", disse, no sábado.

A criação desse novo imposto deve ser a principal dificuldade da equipe econômica no Congresso. Na semana passada, o vice-presidente, Hamilton Mourão, defendeu que o Congresso discuta “sem preconceitos” a criação do imposto sobre a movimentação financeira.

A ideia do governo seria criar um novo imposto sobre pagamentos eletrônicos com alíquota de 0,2% a 0,4%.  Cálculos do governo apontam que isso geraria arrecadação de R$ 60 bilhões a R$ 120 bilhões. Segundo Funchal, esse ponto ainda ainda está em discussão dentro da Receita Federal e não está fechado.

 "Está se discutindo se vale a pena ou não criar, em que modelo, mas se for ter será para desonerar a folha, ou seja, retirar um tributo que é muito ruim. Mas a sociedade que acabará dizendo qual caminho vamos seguir através da discussão no Congresso", disse à CBN.

IMPOSTO NEGATIVO

Guedes também já afirmou que pretendia incluir na reforma criar um “imposto de renda negativo” para os 38 milhões de trabalhadores informais do país. Pela medida, ao declarar renda à Receita Federal, o governo depositaria 20% do rendimento mensal desse trabalhador informal em uma conta para ser sacado quando ele se aposentar. A proposta também não deve ser enviada hoje, ficando para a segunda etapa da reforma.

"Nós estamos estimulando para ele (trabalhador) declarar. Ganhou R$ 500? Toma 20% do imposto de renda negativo. Esses 38 milhões de brasileiros (informais) vão envelhecer e vão pressionar a nossa Previdência, e eles não contribuem. Então, é melhor nós mesmos já irmos criando um sistema de aposentadoria com capitalização para eles", disse Guedes.

UNIFICAÇÃO DE IMPOSTOS 

Na Câmara e no Senado, propostas já tramitam de forma independente para unificar diferentes tributos. As projetos que já começaram a ser debatidos apresentam a criação de um imposto único em substituição a diversos tributos já existentes. Mas falta consenso entre os textos em pontos que definem possíveis ganhos e perdas de arrecadação por parte de municípios, Estados e União, bem como a definição da entidade que irá administrar o chamado “imposto único”.

Diante das dificuldades, o governo federal deve apresentar uma reforma unificando somente PIS e Cofins, que são impostos federais, e deixar como estão o ISS (municipal) e o ICMS (estadual). 

“A gente percebe com relação a isso que o governo federal, aparentemente, não quer uma reforma ampla como tem sido sustentado pelo Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre e demais deputados e senadores. Não fazer uma unificação mais ampla é péssimo”, avalia o especialista em Direito Tributário Giuseppe Melotti.

Também especialista em Direito Tributário, Luiz Cláudio Allemand avalia que a reforma tributária que tem sido costurada tem grandes chances de ficar aquém do esperado pela população. “O que a sociedade quer é simplificação tributária e redução dos impostos. Mas o Estado brasileiro é muito caro. Não tem como reduzir imposto sem reduzir primeiro o custo Brasil”, avalia.

“Primeiro, deveriam ser feitas mudanças infraconstitucionais para reduzir o custo do Estado, para depois fazer uma reforma tributária completa, simplificando e reduzindo a carga dos impostos”, acrescenta.

ENTENDA O QUE JÁ ESTÁ EM DEBATE

Na Câmara dos Deputados

A proposta do economista Bernard Appy, apresentada na Câmara pelo deputado Baleia Rossi, acaba com três tributos federais - IPI, PIS e Cofins -, extingue o ICMS, que é estadual, e o ISS, municipal. Todos impostos que incidem sobre o consumo. A proposta está sendo chamada de PEC 45.

A ideia é criar o Imposto sobre Operações com Bens e Serviços (IBS), de competência de municípios, Estados e União, além de um outro imposto, sobre bens e serviços específicos, esse de competência apenas federal.

No Senado

Denominada PEC 110, a proposta criada pelo economista Luiz Carlos Hauly, defende a unificação do ISS, ICMS, IPI, PIS, Pasep, Cofins, CID, IOF e o Salário Educação. Tantos impostos, segundo Hauly, fazem do Brasil um dos piores lugares para a manutenção de empresas.

O imposto único seria administrado por Estados e municípios e a proposta ainda defende uma alíquota única, exceto para comida, remédio, água, transporte público, que são itens de essencial necessidade das pessoas.

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