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ES deve criar 16,5 mil empregos com novas regras para petróleo e gás

ES deve criar 16,5 mil empregos com novas regras para petróleo e gás

Mudanças nas legislações estaduais devem destravar uma série de investimentos e impulsionar a economia capixaba nos próximos anos

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 05:01

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Data: 06/12/2019 - ES - Linhares - Estação de tratamento de petróleo da Petrobras Fazenda Alegre
Estação de tratamento de petróleo da Petrobras Fazenda Alegre, em Linhares. Setor onshore promete atrair investimentos no Estado. (Carlos Alberto Silva)

Mudanças na legislação estadual envolvendo o setor de petróleo e gás devem impulsionar a economia capixaba e colocar o Estado em maior vantagem competitiva, com atração de novas empresas, criação de emprego e renda. A expectativa do setor produtivo é de que sejam destravados US$ 10 bilhões em investimentos, aproximadamente R$ 50 bilhões, e sejam criados pelo menos 16,5 mil novos postos de trabalho nos próximos 10 anos.

O número de vagas é estimado pela Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace), segundo a qual, as oportunidades devem ser criadas em toda a cadeia produtiva, conforme forem surgindo investimentos.

Para sair do papel, os projetos dependem da nova lei do gás natural (PL 6407/13),  aprovada na noite desta terça-feira (1º) na Câmara dos Deputados. O texto agora segue para o Senado.

Uma das mudanças previstas na proposta é a exploração de gasodutos por meio de autorização, sistema mais simplificado que o atual. Além disso, o texto acaba com a exclusividade dos Estados na atividade de distribuição de gás natural, seja diretamente ou por concessão, permitindo ainda sua exploração pelas concessionárias privadas de energia elétrica.

No entanto, o Estado também criou projetos de lei próprios enquanto o assunto é discutido em Brasília para se antecipar e colocar as novas normas em vigor assim que o Congresso aprovar e a presidência da República sancionar as novas legislações.

O novo marco regulatório discutido pelos parlamentares deve reduzir em cerca de 40% o valor da molécula de gás, graças ao estímulo à concorrência no setor.

Uma queda no preço viabilizaria projetos privados estratégicos que dependem do insumo, como uma fábrica de HBI (Hot Briquetted Iron, um produto à base de minério de ferro com maior valor) da Vale em Anchieta, novas plantas siderúrgicas e do setor de cerâmica, termelétricas, projetos em portos, entre outros.

"É uma mudança e tanto para o país. É importante que a gente avance na legislação para que tenhamos mais segurança jurídica para os investidores. Sem segurança, o investidor não vem, a competição não acontece, e o gás não barateia. Isso é inconcebível num país com tanta disponibilidade do produto", frisou o executivo do Fórum Capixaba de Petróleo e Gás da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Luis Claudio Montenegro.

A nova regra deve beneficiar diversas regiões que trabalham na área de petróleo e gás. Mas, o Espírito Santo, terceiro maior produtor do Brasil, também tem projetos próprios, que podem fazer o Estado sair na frente no novo mercado.

Há poucas semanas, o governo do Estado assinou o contrato de concessão da ES Gás, que já abrange as novidades do marco regulatório, como o agente livre de mercado: o autoimportador, o autoprodutor, o consumidor livre, além da possibilidade de chamadas públicas.

PROJETOS DE LEI DO ESTADO PARA IMPULSIONAR NEGÓCIOS

A concessão da ES Gás é apenas uma das medidas que podem alavancar a economia do Espírito Santo. Na segunda quinzena de agosto, o governador Renato Casagrande encaminhou à Assembleia Legislativa (Ales) três projetos de lei que devem impulsionar o crescimento do setor de petróleo e gás, bem como a cadeia produtiva.

O primeiro deles cria a nova Lei Estadual do Mercado Livre do Gás, de modo que o Estado já esteja preparado para colocar as novas normas em vigor assim que o Congresso Nacional aprovar e o presidente Jair Bolsonaro sancionar a legislação federal que vai criar o novo marco regulatório do segmento de gás.

"Todas essas medidas contribuem para uma redução no preço do gás, que permitirá que as indústrias que utilizam o insumo tornem seus preços mais competitivos. Isso não apenas atrai investimentos diretos, como a cadeia de fornecedores também é beneficiada", observou o diretor-executivo do Ideies e economista-chefe da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Marcelo Saintive.

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A cadeia de negócios de petróleo e gás é muito extensa, exige equipamentos, tecnologias sofisticadas. Quando beneficiada, ela cria melhores empregos, que exigem qualificação, mas também pagam mais que outras áreas

Marcelo Saintive
Diretor-executivo do Ideies e economista-chefe da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes
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O segundo projeto de lei encaminhado pelo governo do Estado à Assembleia prevê a redução alíquota de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre combustível de navio de 17% para 12%, de modo a aumentar a atividade portuária no Espírito Santo. Se aprovado, o óleo bunker vendido no Estado será o mais barato do país.

Conforme destacou o consultor Durval Vieira de Freitas, da DVF Consultoria, a redução do tributo sobre o óleo marítimo é extremamente benéfica para o Estado, ao passo que cria uma nova rota de navegação. "A alíquota atual do ICMS nos desfavorece. Com essa redução, os navios que estiverem passando por aqui terão um incentivo a mais para abastecer em nossos portos, e não em outros Estados. Isso aumenta a arrecadação, e também pode atrair mais empresas."

Uma terceira proposta cria o Repetro Industrialização, que amplia a abertura do mercado para que os insumos utilizados por empresas que atuam na produção de petróleo e gás no Estado sejam adquiridos, no mercado interno, com a mesma alíquota de 3% de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) aplicada na aquisição de peças importadas. 

Hoje, os produtos que vêm do exterior pagam um percentual menor de ICMS do que é aplicado para as fábricas brasileiras. A alteração planejada pelo governo estadual tem a intenção de corrigir uma distorção, que deixava as companhias locais em desavantagem competitiva com o mercado externo.

Os projetos ainda aguardam análise da Assembleia Legislativa, mas foram comemorados pelos especialistas e também pelo secretário de Desenvolvimento do Estado, Marcos Kneip Navarro, que destacou o potencial de crescimento para Espírito Santo caso as propostas sejam aprovadas.

"O Estado é o terceiro maior produtor de petróleo e gás do país, e faz todo sentido o desenvolvimento do setor. Para o setor industrial, o barateamento de custos é fundamental, e toda medida nesse sentido destrava uma série de investimentos importantíssimos."

PRODUÇÃO EM TERRA PODE SE TORNAR REFERÊNCIA

Um mercado promissor, que deve atrair investimentos milionários para o Espírito Santo e criar 25 mil empregos nos próximos dez anos. Esse é o segmento de exploração e produção de petróleo e gás onshore, ou seja, em terra, no qual o Estado pode tornar-se referência nos próximos anos.

O secretário de Desenvolvimento do Estado, Marcos Kneip Navarro, explica que a previsão é que o setor dobre a produção nos próximos anos, com a vinda de novas empresas. "Esse tipo de exploração começa a amadurecer e a gerar emprego e renda para a Região Norte. Inclusive, na quinta-feira, vamos assinar o contrato de Cricaré com uma nova empresa que está chegando ao Estado. Temos com boas expectativas para o setor de onshore", afirmou.

Para o consultor Durval Vieira de Freitas, da DVF Consultoria, a vinda de novas empresas concretiza expectativas antigas, que colocam o Espírito Santo em situação bastante favorável.

"Há alguns anos temos falado sobre as perspectivas de novos investimentos no setor, e esses planos vêm se concretizando. Vê-se, por exemplo, a venda do Polo de Cricaré, além da aceleração da venda da Fazenda Alegre, que é a galinha dos ovos de ouro do Estado.  Isso tudo deve alavancar a produção do Estado, e a expectativa é que a Região Norte se torne referência em produção onshore no País", destacou.

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