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Obras, novas indústrias e privatizações em plano de retomada do ES

Obras, novas indústrias e privatizações em plano de retomada do ES

A expectativa é de que sejam investidos R$ 32,9 bilhões, entre recursos públicos e privados, o que promoveria a geração de 100 mil postos de trabalho. Especialistas dizem que projeto é trunfo para atrair investidores

Publicado em 1 de dezembro de 2020 às 05:00

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Renato Casagrande em lançamento do Plano Espírito Santo de R$ 32 bilhões
Renato Casagrande em lançamento do Plano Espírito Santo, pacote com R$ 32 bilhões em investimentos. (Ricardo Medeiros)

governo do Estado e as entidades ligadas ao setor produtivo apresentaram na quinta-feira passada, dia 26, o plano "Espírito Santo - Convivência Consciente" para a retomada econômica do Estado nos próximos anos em reposta a crise provocada pelo novo coronavírus.

A expectativa é de que sejam investidos R$ 32,9 bilhões, entre recursos públicos e privados, o que promoveria a geração de 100 mil postos de trabalho. Entre os destaque estão as grandes obras de infraestrutura viária e portuária, além da regulamentação do Fundo Soberano, um tipo de poupança do Estado formada por recursos do petróleo.

O plano foi dividido em sete pilares: geração de emprego e renda, desburocratização, monitoramento dos impactos na economia, medidas tributárias, crédito e financiamento, inovação e tecnologia e aceleração dos investimentos públicos e privados.

Dentro do escopo desses pilares, o governo apresentou o Programa Gerar, que prevê incentivos para a produção de energia renovável no Espírito Santo. Também foram incluídas medidas como a redução do ICMS do gás, a adoção de um licenciamento ambiental simplificado, a ampliação do Qualificar ES, o desenvolvimento do programa Compre do ES, que tem o intuito de estimular a aquisição e o fornecimento de bens e serviços dentro do próprio Estado, além de outras iniciativas.

Já entre as obras e os empreendimentos, muito do que foi apresentado são projetos que já estavam engatilhados e tinham sido amplamente divulgados anteriormente.

Do lado do setor privado, foi citada a vinda das empresas Cacique e Britânia, além de investimentos de companhias que já estão no Estado, como a Chocolates Garoto e a Biancogres. Também está no plano de retomada a volta da operação da Samarco e a construção da fábrica de papel da Suzano, em Cachoeiro de Itapemirim.

Em relação ao setor público, estão listadas grandes obras, principalmente de infraestrutura, como a concessão da BR 262 (que prevê a duplicação de todo o trecho capixaba), a privatização da Codesa, o transporte aquaviário na Grande Vitória, e o Aeroporto de Linhares, além de 120 obras de pavimentação em estradas do interior do Estado. (Veja lista completa das propostas no fim da matéria)

Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, o plano apresentado pelo governo é positivo. Contudo, ele serve mais de sinalização para o mercado do potencial produtivo, do bom ambiente de negócios e da organização governamental do Espírito Santo, do que uma proposta com investimentos que podem ocorrer de imediato.

"Essa articulação mais ampla ajuda muito. São todas propostas que vinham sendo discutidas e foram colocadas no papel. É uma agenda que ainda não se completou, não foi viabilizada. Ela tem efeito de chamar a atenção de que essas obras são cruciais e que se desenvolvidas e levadas a cabo podem trazer desenvolvimento mais rápido para o Espírito Santo", afirma o economista e professor Orlando Caliman.

Ele salienta que, no país, nenhum outro Estado tem uma articulação tão forte entre o setor público e privado e afirma que esse é um trunfo do Espírito Santo aos olhos dos investidores nacionais e internacionais.

"É uma narrativa que tem que ser constantemente recolocada. E acho que ter uma constância de propósitos é fundamental. Esse plano também tem sentido de comunicação para o mercado, para mostrar que o Espírito Santo esta aí, que tem plano, que tem propósito, perspectiva. É também a sinalização de uma integração institucional, entre os setores público e privado", diz.

O economista Antônio Marcos Machado concorda e acrescenta que essa integração entre os setores ajuda a dividir responsabilidades em um cenário de incertezas muito grande por conta da pandemia.

"Tudo que nós precisamos agora, com esse mundo de incerteza, é de plano. Agora é hora de planejar mesmo. Os segmentos, os empresários, as ONGS, o governo quando formulam juntos, eles dividem a responsabilidade. Todos se sentem autores e tentam  fazer o melhor possível porque sabem que tem sua assinatura. Hoje sabemos que sozinho ninguém vai longe. Não adianta tentar caminhar sem fazer essas alianças", aponta.

Ele ressaltou ainda a nota A em gestão fiscal do Estado, o Fundo Soberano e a abertura para o comércio internacional como vantagens que podem colocam o Espírito Santo a frente de outras unidades da federação na disputa por investimentos.

"O Estado é nota A, inspira confiança na capacidade de pagar, na tomada de empréstimos e captação de negócios. Tem um Fundo Soberano e vocação de comercio internacional muito grande, tem uma relação com o resto do mundo que é importante. Esses três aspectos são determinantes para a atratividade. Nossos vizinhos são outra coisa, estão em uma situação muito diferente", avalia.

O QUE ESTÁ PREVISTO NOS SETE PILARES DO PLANO DE RETOMADA DO ESPÍRITO SANTO

DESBUROCRATIZAÇÃO:

MEDIDAS TRIBUTÁRIAS:

CRÉDITO E FINANCIAMENTO:

MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA COVID NA ECONOMIA

ACELERAÇÃO DOS INVESTIMENTOS PÚBLICOS E PRIVADOS

TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

GERAÇÃO DE EMPREGO E RENDA

AS OBRAS E EMPREENDIMENTOS

Na área de aceleração dos investimentos, estão previstos projetos de infraestrutura que dependem, no âmbito público, tanto de recursos do governo federal quanto estadual. Alguns, mais do que dinheiro, dependem de articulação política e até de aprovações de órgãos de controle.

É o caso da BR 262, que teve o plano de outorga enviado ao Tribunal de Contas da União (TCU) em agosto e depende da aprovação para que seja iniciado o leilão. Não há prazo para que a Corte dê o parecer. O mesmo vale para a Codesa, cujo modelo de desestatização ainda é discutido e está atrelado à agenda de privatizações do governo federal.

Quanto aos investimentos previstos pelo setor privado, muitos também já são antigos conhecidos, como a instalação do Porto Central, no Sul do Estado, a duplicação da BR 101 e a fábrica de papel da Suzano, em Cachoeiro. Veja abaixo alguns desses projetos, com o valores estimados de investimento e geração de empregos.

ESTADO QUER AMPLIAR PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADAS

O governo do Estado pretende incluir no plano de retomada econômica a ampliação da presença das parcerias público-privadas (PPPs) na economia capixaba. Além do saneamento - em outubro, a Aegea venceu o leilão de saneamento de Cariacica - o Estado quer parcerias também no setor de resíduos sólidos (coleta de lixo), serviços de alimentação prisional, nos terminais de ônibus, entre outros.

Já entre as intervenções de infraestrutura estão a construção da ciclovia e ampliação das faixas da Terceira Ponte, o aquaviário, o aeroporto de Linhares, as obras do Portal do Príncipe (Vitória) e do Trevo de Carapina (Serra), além da barragem dos Imigrantes, no Rio Jucu.

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